terça-feira, julho 31, 2007

O IMPACTO DA INTERNACIONALIZAÇÃO DA LICENCIATURA DE SÓCRATES NO TRATADO CONSTITUCIONAL EUROPEU

Dito desta forma até parece que daqui vai sair um grande, e altamante elaborado texto, sobre a questão apresentada em epígrafe. Sinceramente... não me parece. Não estou a fazer nenhum trabalho para a faculdade e por isso não me apetece estar com coisas muito elaboradas.

Este tema surge no seguimento de um post no Portugal Profundo, onde o Prof. António Caldeira dava conta de um artigo, do dia 23-07-2007, publicado no jornal britânico The Independent, a propósito da licenciatura do nosso PM.

Ora, tirando o facto dos ingleses serem ingleses e por isso, volta e meia, baralharem-se um bocado com os pormenores da coisa, se há uma coisa que eles não são é parvos e além de não serem parvos, defendem muito bem os seus interesses.

A reacção de uma mente mais desprevenida pode muito bem passar pelo "E que diabos têm eles a ver com a licenciatura do Sócrates? Porque não se metem na vidinha deles?" A resposta a isto é simples; se lhes interessar, a questão da licenciatura tem tudo a ver com eles e eles estão a meter-se na vidinha deles, senão vejamos:

- Qual é um dos grandes objectivos da Presidência Portuguesa da U.E?
Desbloquear a questão do Tratado Constitucional Europeu.
- Quem é que está contra o Tratado Constitucional Europeu?
A Grã-Bretanha.
- Portugal está a aproximar-se de quem?
Da França.
- Quantas vezes é que o Sarkozy já cá veio?
Pelo menos duas.
- Quem é que não gosta?
A Grã-Bretanha.
- Quem é que é que sempre foi o aliado de Portugal?
A Grã-Bretanha.
- Quem é que sempre se lixou quando a política externa Portuguesa é continental?
Nós.

Conclusão, os britânicos devem estar-se nas tintas para o facto do homem ser licenciado ou não, mas esta é mais uma boa maneira de colocar pedras na engrenagem do Tratado e boicotá-lo. Confesso... devo dizer que os acho brilhantes.

PROFESSORES TITULARES

Agora é que é!

Podem ficar os paizinhos descansados que os vossos rebentos, agora é que, vão ter bons professores.

Antes estavam todos escondidos debaixo de um pedra a ver se ninguém os via.


Adenda da tarde: e para saberem os resultados ainda pagam 0,50 cêntimos do SMS sendo que se desconhece, neste momento, outra forma de saber os resultados. LOL :))), desculpem-me os professores mas esta é linda!

OPERAÇÃO "TORNADITO"

Era para ser um Furacão mas desceu de categoria... agora é mais um bafozito de verão.

Como é que se faz?

Fácil.

Paga-se a conta e ficamos todos amigos outra vez.

sexta-feira, julho 27, 2007

SUNDAY BLOODY SUNDAY

Atenção: Este vídeo é longo (tem quase 10 m.) e contém linguagem e imagens, eventualmente, perturbadoras.

Este apanhou 36 anos de cadeia. E cá? Apanham quanto?



quinta-feira, julho 26, 2007

NO SEGUIMENTO DO POST ANTERIOR...

... cumpre-me informar que os dois senhores atropelados, na terça-feira passada, se encontram bem de saúde (dentro da medida do possível).

A senhora, ficou com um pé partido mas, já se encontra em casa. O senhor, tem um braço e uma perna partida mas, encontra-se ainda hospitalizado.

Estimo as melhoras de ambos, sendo que estarei disponível para os ajudar em alguma coisa que necessitem...

... Ó Deuses! Isto parece um bocado lamechas mas, ao contrário do que possam pensar, também tenho sentimentos de solidariedade e ajuda ao próximo... não os posso é manifestar muito frequentemente para não estragar a minha reputação.

Ok, após este breve momento sentimental voltarei ao meu estado normal.

Nota de 27/07 : Infelizmente, acabei de saber que o senhor da cadeira de rodas faleceu. Afinal as coisas não deviam estar tão bem como me haviam, inicialmente, transmitido. Triste.

terça-feira, julho 24, 2007

UM DIA DIFERENTE

Hoje, o meu dia foi igual ao de ontem. Levantei-me, arranjei-me, fui trabalhar (para o meu gulagzinho de estimação) e às 17:15 pus-me a andar (porque não me pagam horas extraórdinárias nem o suficiente para aturar gente estúpida independentemente da falta de mão-de-obra que por lá grassa). Até aqui, tudo bem.

Cheguei a casa, instalei-me no sofá, pratiquei zapping e quando me aborreci fui ler ("Os Guardiães da Noite" de Serguei Lukianenko. Um livro interssante, de estilo neo-gótico que faz parte do meu tipo de leitura. Enfim... há quem goste da Margarida não-sei-das-quantas, eu gosto mais de coisas góticas e neo-góticas). Quando voltei a pousar o livro deviam ser para aí umas 19:45, tinha acabado de me levantar quando, de repente, ouço uma travagem brusca e depois um grande "POK" (aqui nesta zona da cidade acontece muitas vezes). Como bom português que sou corri logo para a janela para ver onde é que se tinham espetado. Meti a cabecita de fora e primeiro que conseguisse fazer algum sentido daquela cena macabra que se estendia à minha frente, demorou algum tempo.

A primeira coisa que vi foi um carro preto pequeno, não sei de que marca, parado mais ou menos a meio da estrada. Depois, comecei a procurar o outro carro onde assumi que esse carro preto tinha batido mas, não encontrei nenhum. A segunda coisa que vi foi, uns metros mais à frente desse carro, uma carrinha da volvo parado mais à frente com o para-choques caído. Pela minha lógica, aquele acidente estava todo errado. O carro preto, que estava atrás, não estava danificado e o carro verde que estava à frente tinha o para-choques caído quando não havia mais nenhum carro à sua frente.

É claro que o cenário transforma-se em algo muito mais grotesco quando do lado direito, no passeio, poucos metros mais à frente da passagem de peões, vi que estava uma cadeira de rodas toda retorcida e à frente do carro verde estavam, caídas no chão, duas pessoas. A da cadeira de rodas e a que a empurrava. Aquelas duas pessoas foram atropeladas quando passavam numa passagem de peões, com o sinal verde para o peões. O impacto foi tanto pior quando me apercebi de que as pessoas que ali estavam estendidas eram meus vizinhos. Um casal de senhores já com alguma idade que todos os fins de tarde saiem para passear um pouco. O senhor, na sua cadeirinha de rodas e a sua senhora a acompanhá-lo. Muito simpáticos, já os apanhei no elevador algumas vezes e, normalmente, nunca lá podia entrar porque os elevadores não são muito grandes.

Foi horrível.

A senhora esteve insconsciente durante alguns minutos, mas acabou por se conseguir levantar com a ajuda das outras pessoas (que entretanto ali se juntaram) . Houve um outro senhor que se acercou do marido e ficou com ele até chegarem os médicos do INEM, não sei se estava consciente. O INEM demorou 5 minutos a chegar, a polícia cerca de 20 minutos e o caos no trânsito generalizou-se.

Por breves instantes, pensei em tirar uma fotografia e colocá-la no blog. Felizmente, o meu sentido de decoro falou muito mais alto (berrou mesmo) mas, o mesmo não posso dizer de outros. No meio daquela confusão toda, é claro que a polícia fechou o trânsito na avenida e não deixava os carros passar para o outro lado. Então não é que uma criaturinha imbecil ainda foi reclamar com o polícia - Pasmem! - porque este não a deixou estacionar o seu carrinho em frente ao seu prédio (que por acaso ficava mesmo em frente ao local do acidente) . Quer dizer, estava a ambulância do INEM, o carro do INEM, o carro que atropelou os senhores, os médicos e os paramédicos a tentarem estabelizar o senhor para o poderem tirar dali e aquela criaturinha alada a implicar com o bófia porque ele não a tinha deixado estacionar a sua viatura em frente a casa!

Digo-vos... naquele momento tive aquilo a que os americanos chamam "an epiphany" e que foi «Se tiveres que dar um entoxe a alguém, não te retraias. Podes não ter outra oportunidade». Para o bem e para o mal, é mesmo isso. Carpe Diem! Mesmo que isso signifique atirar uma cadeira à cabeça de alguém. Neste caso em concreto, fiquei com pena de não ter, aqui em casa, aqueles balões de água, caso contrário aquela gaja tinha tomado um valente banho. Calhando, até é uma atitude um bocado infantil. Paciência! Não estão sempre a dizer que se deve libertar a criança que há em nós? Era uma libertação e tanto.

Amanhã vou ver se consigo descobrir como estão os senhores.

O PORMENOR IRRELEVANTE DO CASTING TECNOLÓGICO

Para quem não viu, aqui fica a notícia do Casting Tecnológico:

Na RTP



e na SIC NOTÍCIAS

quinta-feira, julho 19, 2007

“UM OLHAR SOBRE AS CULTURAS JOVENS DA EUROPA “ - Um projecto da E.S. Fernão Mendes Pinto

Ok, agora vou falar a sério por um bocadinho.


Como sabem, gosto de dar visibilidade a este tipo de projectos por diversos motivos mas, principalmente, pelo impacto que têm nos miúdos que neles participam.

É certo que sabemos que coordenar estas iniciativas não é fácil. Os professores sofrem constrangimentos das variadas ordens; é um trabalho pelo qual não são pagos, não recebem créditos, não conta para qualquer tipo de progressão na carreira, onde são constantemente acusados (por colegas que, normalmente, têm problemas de visão) de irem passear, grande parte das vezes têm de pôr dinheiro do próprio bolso para poderem cumprir com as actividades do projecto (na maior parte das vezes porque devido aos esquemas da contabilidade pública assiste-se ao financiamento indirecto do Estado através de fundos que não lhe pertencem) e ninguém lhes valoriza o trabalho que têm para conseguir levar estes projectos a bom porto. Porque o fazem? Bom, essa é mesmo uma daquelas perguntas que lhes devem colocar, a eles. O meu trabalho é, unicamente, apoiá-los, tanto quanto me for possível... e dar-lhes na cabeça quando é preciso (Sim! Porque ás vezes é preciso).


Por isso, meus amigos, quando me vêm cá com histórias de que o trabalho do A, do B, ou do C não é importante e há que tratá-los com quatro pedras na mão, eu mando-os aonde?... Exactamente, é esse sítio mesmo que estão a pensar e digo-o com as letrinhas todas, que é para não haver confusões, nem mal entendidos.


Esclarecidos estes detalhes, este é um projecto, transnacional, Comenius 1 coordenado por uma escola austríaca e designado, em português, “Um Olhar sobre Culturas de Jovens na Europa “ e em alemão, "Einblick in europäische Jugendkulturen” . Seguindo o link poderão entrar na página da escola portuguesa e ver as diversas fases de desenvolvimento desta iniciativa.


Pessoalmente, deixo-vos a minha sugestão de prestarem especial atenção ao impacto destas actividades nos alunos aqui, aqui e aqui.

Isto sim, parece-me material muito mais interessante para uma publicação do que escrever livros a metro, por exemplo. Qualquer um daqueles miúdos, bem orientado e acompanhado pelos professores, tem mais competência para publicar um livro do que muitos pseudo-autores que andam por aí no nosso mercado.

quarta-feira, julho 18, 2007

O MELHOR ANÚNCIO DE RECRUTAMENTO QUE VI ATÉ HOJE


Ando à procura disto há anos! Finalmente encontrei.

LA TRIBU DE DANA - Manau

A NOSSA (IN)SEGURANÇA SOCIAL

*Foto retirada do Blog Remix TV



Os académicos estudiosos dizem:

... a Segurança Social em Portugal...

... is going down fast!


O resto da malta aqui diz:

... What else is new?


Os académicos estudiosos dizem:

... Povinho! Têm de contribuir com mais 10% do vosso ordenado para a Segurança Social e o I.V.A tem de subir para os 25%.


O Ministro das Finanças diz:

.... Olha que boa ideia! Não está nada mal pensado não senhor...


O resto da mal aqui, apanha um cagaço e, diz:
... O QUÊ?!! (não se lhes esteja a escapar qualquer coisita)


O Ministro das Finanças diz:

... bem... isto está complicado sabem, se não fizermos nada agora, no futuro não vão ter reformas. A situação é muito crítica.


O resto da malta aqui diz:

... DEVES' TAR A GOZAR COMIGO, Ó CRIATURA INFERNAL! (há outros nomes mais apropriados mas, seriam menos delicados).


O Ministro das Finanças diz:

... Os nossos especialistas estiveram aqui a estudar a situação e chegaram à conclusão que se aumentarmos os descontos para a Segurança Social só em 9,95% e o I.V.A for aumentado para 24,95%, conseguimos reverter a situação.


E a malta aqui diz:

...Uuuufff!... Estava a ver que tinha de pagar mais 10% para a Segurança Social e mais 25% de I.V.A... que alívio, afinal o gajo que temos para Ministro das Finanças até é um tipo porreiro.

THE PICTURE OF DORIAN GRAY



"What you see isn't always what you get."

O estado actual do nosso burgo é o bonequinho detrás.

terça-feira, julho 17, 2007

1.618 - O NÚMERO DA BELEZA



No início do ano de 2006, ao burgo chegou a triste notícia de que deveríamos deixar as instalações da Parque Expo e mudarmo-nos, de armas e bagagens, para a 24 de Julho. Se aqueles houve que ficaram contentes, outros houve que consideraram tal decisão como um passaporte para o inferno. Eu, fui um deles. Somente um débil mental, com um Q.I de uma amíba e o sentido estético de um cabaz de cornos, é que algum dia pode pensar que uma zona portuária é um sítio giro onde se trabalhar e está cheio de gente bonita. Quer dizer... é que até os "bófias" que estão do outro lado da ponte parecem uns estafermos que têm umas "zundapp", bom... não sei se têm, mas parece. Se calhar até são simpáticos mas, uma pessoa corre o risco de se assustar.
Tudo à volta parece que está a cair (é como o burgo, está em derrocada), é aterrador. Debaixo das arcadas há uma cantina "low-cost", com uma iluminação amarelada, que parou no tempo. Há quem a considere muito vintage. Pessoalmente, considero-a decadente, deprimente e com o cheiro a naftalina entranhado nas paredes. As pessoas, no geral, enquadram-se no contexto. Têm o típico ar de funcionários públicos. Elas, normalmente, parecem umas sopeiras e eles parecem que vieram das berças a escorregar por uma tábua... quer dizer, os mais novos pertencem mais à categoria dos "geeks" e "nerds", mas não é por isso que o cenário é menos assustador.

Felizmente, foi feito um lifting aos edificios. É um princípio, mas há mais coisas que precisam de um lifting. Não é possível produzir o que quer que seja quando todo o cenário apela à depressão e uma pessoa passa o tempo em constante sobressalto, porque não sabe o que tipo de criatura, do bestiário, vai encontrar ao virar de uma esquina num corredor.

Está provado cientificamente que as pessoas bonitas têm uma maior probabilidade de serem mais bem sucedidas do que as demais, da mesma maneira que os atletas mais bem proporcionados têm uma maior probabilidade de ganharem competições. Assim, também não me espanta que aconteça o mesmo com o meio envolvente. Sabe-se locais mal iluminados criam maior insegurança, sabe-se que janelas com vidros partidos são um mau indicador, sabe-se que os grafitis nas paredes não indiciam liberdade de expressão artística, sabe-se que entrar num hipermercado pelo lado direito não é a mesma coisa que entrar pelo lado esquerdo, sabe-se que a disposição dos artigos numa parteleira afecta o comportamento dos consumidores, enfim sabe-se muita coisa, por isso também é lógico que ambientes depressivos e feios não contribuam, em nada, para a produtividade de uma organização.

Portanto, não me venham com a história que o que conta é a beleza interior porque, até nos contos de fada, os protagonistas são sempre, fisicamente, belos e os vilões são uns camafeus de fugir. Logo, a beleza interior acumula com a beleza física.
O importante é a embalagem, o resto é o que vem lá dentro mesmo que não seja nada de especial. E convenhamos, voltando ao exemplo dos "bófias", uma coisa são os "bófias" que andam nas bicicletas, outra coisa são os "bófias" gorduchinhos e de bigode que andam nas "zundapps". Em qual deles apostavam que corre mais depressa?... sem o auxílio dos respectivos acessórios. Outro exemplo, a parada militar do 10 de Junho. O desfile da Marinha foi aterrador. Acham que alguém acredita que aqueles marinheiros anafadinhos, de farda branca, em que os botões pareciam que iam rebentar a qualquer momento, servem para mais alguma coisa para além de lastro num navio? Os fuzileiros, menos mal, têm de ter consistência. Uma pessoa compara o desfile do 14 de Julho em Paris, com o desfile do 10 de Junho em Setúbal e tem uma coisinha má. Chega-se à conclusão que nem um mini-desfile militar fazemos como deve ser. Ora, a imagem importa e isto é uma coisa que o nosso "estimado" PM sabe muito bem, caso contrário não tinha a LPM a trabalhar para eles.

É claro que a imagem, por si só, não é tudo e só vai resistir até um determinado ponto, a partir do qual é necessário haver mais qualquer coisa que dê consistência á imagem. Quando não há, é uma gaita. Isto é válido tanto para coisas grandes, como para coisas pequenas e por isso aplica-se, também, aqui no burgo. Pertencer a este burgo só é interessante e estimulante se a imagem transmitida, para dentro e para fora, for forte. Se houver um sentimento de pertença com o qual nos identifiquemos e para o qual trabalhamos no sentido de fazer sempre melhor. Quando deixa de existir, passa a ser um grupo ao qual não se quer pertencer e estamos prontos para saltar para outra. Aplica-se também à Direcção do Burgo. Algum dia alguém, com dois dedos de testa, quer ser associado a uma criatura, que além de não ter uma beleza por aí além, ainda é incompetente? Não me parece.

Nós sempre fizémos grande sucesso nas reuniões em Bruxelas, nos Seminários europeus onde participávamos e naqueles que organizavamos, porque tínhamos dois factores importantes do nosso lado. O factor 1.618 e um nível de inteligência bastante razoável. Sabíamos muito bem onde queríamos chegar mesmo quando a doutrina divergia. Agora, somos uma zona de catástrofe. Assim, a ideia é saltar para outra antes que o factor 1.618 se vá. Não me dou bem em ambientes decrépitos e com cheiro a mofo.

segunda-feira, julho 16, 2007

A GOOD ROSE, IS A DEAD ROSE



E... faltando adeptos em Lisboa, vai-se buscá-los às berças porque o importante é o apoio... mesmo que pertençam a outra autarquia... como o Alandroal, por exemplo...


Como nós costumamos, por aqui dizer, «vieram das berças, a escorregar por uma tábua e só pararam na Casal Ribeiro...», embora agora seja mais Sete-Rios.


Sim senhor, grande vitória para o «tio» António Costa (anteriormente designado, erradamente, por Alberto)... é claro que só 38% do eleitorado em Lisboa é que votou, mas o que é que isso interessa não é verdade? Ah! Sim... os outros 62% estão de férias... huh-huh... deve ser isso mesmo. Curiosamente, eu não estou de férias.


Outra coisa engraçada foi ver o CDS-PP quase que pulverizado... Sabem, costuma acontecer quando erram no público-alvo e quando não sabem muito bem se são carne, ou são peixe. É... como costumamos dizer, por aqui também, «Shit happens»! Não se atinem, não.


Tá giro isto.

sexta-feira, julho 13, 2007

MANIFESTO E TOTAL APOIO AO "INAPTO"

Tal como já devem ter percebido, apoio - incondicionalmente - o autor do "INAPTO" da mesma maneira que apoio o Prof. António Caldeira "do Portugal Profundo".


É caso para dizer: Invoco o art.º 5 da NATO!



"Article 5


The Parties agree that an armed attack against one or more of them in Europe or North America shall be considered an attack against them all and consequently they agree that, if such an armed attack occurs, each of them, in exercise of the right of individual or collective self-defence recognised by
Article 51 of the Charter of the United Nations, will assist the Party or Parties so attacked by taking forthwith, individually and in concert with the other Parties, such action as it deems necessary, including the use of armed force, to restore and maintain the security of the North Atlantic area. "


Com as devidas diferenças é claro. Mas o que conta é o principio.


Assim, de uma forma muito breve e resumida (e para não ferir susceptibilidades), um ataque a um membro da Comunidade deve ser encarado como um ataque a todos os seus membros, por isso temos o dever de prestar assistência (exercendo o direito de auto-defesa, individual ou colectiva) por forma a restaurar e manter a segurança desta nossa Comunidade.

quarta-feira, julho 11, 2007

INICIATIVA "PROCESSA-ME"

A todos os bloggers fartos dos tiques ditatoriais, das afrontas à liberdade de opinião E DAS ATITUDES PERSECUTÓRIAS levadas a cabo pelo governo, encabeçadas pelo nosso Primeiro-Ministro e suas coqueluches de estimação, podem colocar nos vossos sites e nos vossos blogues qualquer um dos banners que se seguem:




Nota: Não é preciso colocarem qualquer link a este blogue mas, se o quiserem fazer estão à vontade. Servem os presentes para expressarem um ponto de vista e manifestarem um total repúdio pelos recentes acontecimentos.

Àqueles que não gostam, azar!

PROCESSEM-ME!

A SAQUE

Pois é verdade meus caros amigos, Portugal está a saque e o Estado - encabeçado pelo actual governo - é o principal saqueador. Por outras palavras, é o vilão.

Aqui no burgo, como trabalhamos com fundos comunitários, foi-nos dada uma nova instrução.

Nos termos do Decreto-Lei nº 114/2007, de 19 de Abril, agora temos de pedir a todos os beneficiários (individuais e colectivos) que nos enviem uma certidão a declarar que não têm dívidas à Administração Fiscal, ou que nos autorizem a proceder à consulta online da respectiva situação contributiva.

Calhando, alguns de vocês acharão: «Sim senhor! Boa medida!», e eu direi: «Sim senhor! A estupidez é um direito, não uma obrigação. A não ser que já tenham nascido assim e nesse caso serão tratados como pessoas com necessidades especiais visto padecerem de algumas limitações».

Isto é escandaloso, por várias razões:

1º Estes fundos comunitários com que trabalhamos têm uma natureza operacional. Isto é, não são estruturais. Não pertencem ao orçamento geral do Estado Português, nem podem ser considerados para esse efeito.

2º Estes fundos comunitários, não estão sob a alçada da Administração Fiscal Portuguesa. Logo, não podem ser retidos por esta tendo como pretexto as dívidas do beneficiário A ou B ao Estado Português. Se houver algum problema, este é tratado directamente com a Comissão Europeia e não com a Administração Fiscal Portuguesa.

3º A Comissão Europeia (e consequentemente nós), parte do princípio da boa-fé e por isso, todos os nossos formulários de candidatura contém, na parte final, uma declaração de honra que tem de ser, obrigatoriamente, assinada pelos candidatos (caso contrário a candidatura é rejeitada). A Comissão Europeia (e consequentemente nós), assume sempre que os beneficiários são inocentes até prova em contrário e esta prova em contrário é, normalmente, fornecida por serviços de auditoria da C.E (ou por esta subcontratados) caso haja alguma suspeita de irregularidade.

4º A Administração Fiscal Portuguesa, nunca parte do princípio da boa-fé. Aliás, pessoalmente, até creio que não terão qualquer tipo de princípios. Para a Administração Fiscal Portuguesa, todos os contribuintes são culpados até prova em contrário e depois assiste-se a cenas, absolutamente, caricatas de pessoas e empresas que têm a sua situação fiscal regularizada mas, que são confrontadas com notificações das finanças a dizer que têm dívidas. Mais engraçado ainda é, esses contribuintes, serem confrontados com alegadas dívidas de há 7 anos, por exemplo, quando só é obrigatório guardar os documentos comprovativos durante 5 anos. Isto só significa uma de três coisas; ou os moços da Administração Fiscal são estúpidos, ou são incompetentes, ou são as duas coisas porque qualquer pessoa com meio palmo de testa e que seja, minimamente, profissional e sério naquilo que faz só vai incomodar terceiros depois de investigar e seguir o rasto de todos os papeis e depois do seu trabalho ser verificado por, pelo menos, mais uma pessoa para se ter a certeza de que não existem enganos (a estes procedimentos, nós chamamos mecanismos de controlo cuja implementação nos permite reduzir a margem de erro). E o incompetente-mor é o tipo que gere aquela pangaiada toda e que é directamente responsável pelas acções daqueles que lhe são hierarquicamente inferiores.

Digo-vos uma coisa, por uma questão de personalidade (e não por maldade ou desumanidade), detesto gente estúpida. Não os consigo suportar. São perigosos e os piores são aqueles que se escondem por detrás de uma fachada de arrogância bem-falante e que os seres mais incautos e pouco observadores, facilmente, confundem com firmeza e competência. A Administração Fiscal Portuguesa tem uma atitude arrogante (a tocar as raias do terrorismo) para com a totalidade dos contribuintes, que de modo algum pode ser justificada, ou determinada, pelo comportamento de uma pequena percentagem que efectivamente tem dívidas e mesmo dentro desta percentagem há que apurar os «porquês». O que se passa actualmente não é nem aceitável, nem se pode considerar como um comportamento normal. É, sim, um comportamento autista e acima de tudo desesperado. E se temos um comportamento desesperado com implicações ao nível da sobrevivência, por parte de uma instituição que não deve manifestar desespero, então vamos jogar pela lei da selva e pela lei do mais forte; «Se vocês [Administração Fiscal] constituem uma ameaça à minha sobrevivência e à dos meus, então são meus inimigos e por isso assiste-me a legitimidade e o direito de me defender e contra-atacar, usando todos os meios que estão ao meu alcance, por forma a aniquilar essa ameaça». Depois, como isto são principios básicos, rapidamente, se salta para uma situação de conflito, que poderia ser evitada com uma simples mudança de comportamento.

Adenda: Parece que, aqui no burgo, estão a equacionar a aplicar o mesmo princípio - de pedir certidões - ao pessoal contratado para efeitos de pagamento de salários. Digo-vos uma coisa, isto vai dar merda (eu sei que nunca digo asneiras no meu blogue, mas vou abrir uma excepção) porque não sou pessoa de levar nas orelhas e ficar calado. Fazem-me uma cena destas e eu além de os meter em tribunal ainda faço um press release para a comunicação social.

MAIS UM BLOG ALVO DO MP E DA PJ


http://vbeiras.blogapraai.com/index.php?itemid=196

Isto começa a ser mania... Eu não vivi (bom... pelo menos não de forma activa) nos tempos da PIDE, mas parece-me que se isto não começar a mudar vamos por um caminho bem pior...

...hmmm... será que o Tarrafal ainda estará operacional?

terça-feira, julho 10, 2007

EMPREGOS


Ora, numa altura em que o nosso PM tem uma vaia de 50.000 pessoas e a Portugália opta/optou por um despedimento colectivo (+200 gajos ao ar, num abrir e fechar de olhos), nada melhor do que falar de empregos... ou trabalhos, ainda que a diferença se reduza mais à questão da semântica do que outra coisa qualquer.

Bom, de facto, cheguei à conclusão que - por muito que goste de Portugal (e gosto, senão não me empenhava em tanta crítica) - nós somos um país muito pindérico. Aliás, somos um país de trolhas e empregadas domésticas (com todo o respeito que estas profissões merecem). A política está toda errada e é terrível chegar-se a esta conclusão.

Nunca fomos um país com um sector primário desenvolvido, nunca foi o nosso forte por muitas medidas que se tomassem ao longo da história. Mesmo assim, continuamos a apostar neste sector e agora, com esta tanga das novas oportunidades, queremos qualificar o Zé das Couves na arte de cavar a terra. Sim senhor, digo eu, tem tantos direitos como outra pessoa qualquer, mas não tem mais do que aqueles que se empenharam a estudar.

O nosso sector secundário, é conforme o vento. A maior ameaça? Chineses, Paquistaneses, Indianos e tudo o que produza com mão de obra escrava. Sinceramente, não são uma ameaça, são um facto e se pensam que é possível competir com eles nessa área, então esqueçam porque vão ser arrasados. A aposta terá de ser outra. Isto, até seria fácil de perceber se os "patrões" não fossem uns "básicozinhos" aburguesados, com um péssimo gosto para a moda e que não conseguem distinguir uma jarra de vidro de uma jarra de cristal, a menos que esta última ainda lá tenha pespegada a etiqueta. E isto, é mau? Honestamente, é. Pessoas que não vêem além do seu umbigo são efémeras e estão predestinadas ao fracasso. A ascensão e a queda são muito rápidas. Isto não quer dizer que falhar seja mau, porque não é. Isto quer dizer que este tipo de pessoas vai continuar a cometer o mesmo erro porque, de um modo geral, não conseguem aprender nada. E mais uma vez, o que fazem as políticas? Em vez de ajudar estas pessoas - mesmo que se saiba de antemão que algumas vão falhar - não, arrasa-se com elas porque não prestam.

O nosso sector terciário, que devia ser encorajado e mais desenvolvido, acontece mais ou menos a mesma coisa que acontece ao sector secundário com a diferença de que a ameaça não é chinesa, paquistanesa ou indiana mas, são as grandes superfícies comerciais.

Quando abrimos os jornais, à procura de emprego, a única coisa que encontramos é "vendedores", call centers, secretariado, gerentes de loja, informáticos, bla bla bla, bla bla bla. É, basicamente, cócó. Com ordenados de cócó. Uma pessoa com as minhas qualificações, a fazer o mesmo que eu mas, a trabalhar numa instituição da U.E em Bruxelas, ganha 4 vezes mais do que eu e paga 10% de impostos (e atenção, eu até nem sou mal pago tendo em conta o contexto nacional). Além disso, uma breve pesquisa por este site: http://www.eurobrussels.com/job_search.php e vemos que há uma variedade de oferta que ultrapassa, grandemente, a entediante conversa de "vendedores" e afins que povoam o universo laboral português, para a qual não há a menor paciência. Como eu costumo dizer: «You pay peanuts, you get monkeys».

Por este motivo, as minhas perspectivas acabaram de se expandir.

sábado, julho 07, 2007

A PRIVATIZAÇÃO DA "SEGURANÇA"

"I conclude, therefore, that no principality is secure without having its own forces; on the contrary, it is entirely dependent on good fortune, not having the valour which in adversity would defend it. And it has always been the opinion and judgment of wise men that nothing can be so uncertain or unstable as fame or power not founded on its own strength." - in capitulo XIII, O Principe, Nicolau Maquiavél

sexta-feira, julho 06, 2007

«TEARS AND RAIN»



How I wish I could surrender my soul;
Shed the clothes that become my skin;
See the liar that burns within my needing.
How I wish I'd chosen darkness from cold.
How I wish I had screamed out loud,
Instead I've found no meaning.

I guess it's time I run far, far away; find comfort in pain,
All pleasure's the same: it just keeps me from trouble.
Hides my true shape, like Dorian Gray.
I've heard what they say, but I'm not here for trouble.
It's more than just words: it's just tears and rain.

How I wish I could walk through the doors of my mind;
Hold memory close at hand,
Help me understand the years.
How I wish I could choose between Heaven and Hell.
How I wish I would save my soul.
I'm so cold from fear.

I guess it's time I run far, far away; find comfort in pain,
All pleasure's the same: it just keeps me from trouble.
Hides my true shape, like Dorian Gray.
I've heard what they say, but I'm not here for trouble.
Far, far away; find comfort in pain.
All pleasure's the same: it just keeps me from trouble.
It's more than just words: it's just tears and rain.

by James Blunt

quarta-feira, julho 04, 2007

A SEGUIR VAI A PT - NEM TEM ESPINHAS

Entre 2001 e 2006Telefónica multada em 151,8 milhões por abuso de posição dominante na banda larga
04.07.2007 - 18h08 Lusa

A Comissão Europeia multou a espanhola Telefónica em 151,875 milhões de euros devido ao abuso de posição dominante no mercado de banda larga entre os anos de 2001 e 2006.
A multa da Telefónica deve-se aos preços excessivos aplicados sobre as empresas rivais no aluguer da sua infra-estrutura de rede, deixando-lhes uma margem de lucro insuficiente para competir.


O valor da multa é a mais elevada imposta pelo executivo comunitário a uma operadora, depois de sanções de 10,35 milhões de euros à francesa Wanadoo e de 12,6 milhões de euros à alemã Deutsche Telekom.

A Comissão Europeia argumenta que as práticas comerciais da Telefónica debilitaram os seus concorrentes, dificultavam a rentabilidade dessas empresas e geravam prejuízos para quem quisesse igualar os preços da incumbente.

A ver vamos quando cai a guilhotina na PT... Nem tem espinhas... e se esta não arrepiar caminho rápidamente depois do exemplo da Telefónica ainda vai doer mais!

Entre esta e a dupla tributação sobre os automóveis isto promete!

Comissão Europeia confirma proibição de angolana TAAG de voar na Europa

04.07.2007 - 12h43 Lusa

A Comissão Europeia anunciou hoje a inclusão da transportadora aérea angolana TAAG na lista negra das companhias que estão proibidas de voar no espaço aéreo europeu por motivos de segurança.

A decisão hoje adoptada pela Comissão surge na sequência de um parecer do seu Comité de Segurança Aéreo, que na semana passada aprovou por unanimidade a quarta actualização da lista de companhias proibidas de voar nos céus da União Europeia por falta de segurança dos seus aviões.

As alterações à lista, entre as quais a inclusão da TAAG - companhia com voos regulares entre Luanda e Lisboa -, e de todas as 51 companhias aéreas certificadas na Indonésia, entrarão em vigor sexta-feira, dia da publicação no jornal oficial das comunidades europeias.

Fonte comunitária revelou à Lusa que o processo relativo à TAAG remonta a Abril de 2006, na sequência da denúncia da França, cujas autoridades detectaram "sérias deficiências" a nível de segurança na frota da transportadora angolana.

Como retaliação à decisão de Bruxelas, as autoridades angolanas já suspenderam as ligações aéreas asseguradas pela britânica British Airways e, segundo a imprensa em Luanda, a TAP já teria sido notificada verbalmente de idêntica decisão – situação que não foi confirmada ainda pela companhia portuguesa.

O porta-voz do comissário europeu dos Transportes, Jacques Barrot, disse hoje que a decisão do executivo comunitário foi tomada exclusivamente com base em razões de segurança, e "a retaliação neste caso não ajudará a resolver problemas de segurança e não terá qualquer efeito".

"O que poderá efectivamente ajudar a remover a TAAG da lista negra é única e exclusivamente melhorias na segurança" da frota da companhia aérea, afirmou Michele Cercone. (...)

Os angolanos devem pensar que lidar com este assunto com a União Europeia é o mesmo que lidar com o assunto das cartas de condução do Mantorras... "Eles não nos deixam voar para lá e nós não os deixamos voar para cá e prontos!".

Não é bem assim. Julgo que está mais que visto qual é o elo mais fraco. Agora estou curioso em ver como vai ser tratada a situação pela presidência portuguesa da UE.

Uma pequena precisão, contrariamente ao anunciado pela imprensa angolana os vôos da BA para Angola não foram suspensos por Angola, já tinham sido suspensos desde o passado fim-de-semana pela própria BA. Aqui bem vimos qual a diferença de postura entre quem já sabe o que vai acontecer (Ingleses) e o que se espera até ao fim que não aconteça (Portugueses) e depois quando acontece logo se vê o que se faz!

segunda-feira, julho 02, 2007

MEDINA CARREIRA - ENTREVISTA DE 28/6/07 NA SIC NOTICIAS (Parte 2)

Nota: Para melhor contextualização, leiam a transcrição completa disponibilizada no Insurgente.


«(...) MC: Não vi que atacasse nada. Não sei, Mas vamos esperar pelo ministro das Finanças que para a semana vai dizer. É na saúde... na educação é pessoal. Sabe quantos porcento na educação é que é gastos com pessoal? 82% do gasto com educação são com pessoal. Portanto, aí é a questão do pessoal. Ou há menos funcionários, professores ou ganham menos...


SIC: O primeiro ministro anunciou a necessidade de se acabar com o problema dos professores com horário-zero, a receber ser dar aulas.


MC: Está bem. Mas, quero dizer, tudo isso em termos de equilíbrio social é um disparate. Quero dizer, não há professores com horário-zero. Há professores que trabalham ou não há trabalho para os professores e têm que ir para outro sítio procurar vida. Isso é um aspecto. Mas do ponto de vista financeiro, nós não podemos mexer na educação em termos de dinheiros sem saber que 82% do Ministério da Educação é para pessoal. Portanto, é um problema de pessoal, não é outro. Para o resto quase não há dinheiro. Isto depois...


SIC: Em bom rigor, o que está a dizer conduz a dispensar-se professores.


MC: Provavelmente. Se eles tiverem a mais, concerteza. Mas, ouça, numa empresa onde não há trabalho as pessoas podem ser dispensadas. Porquê que no Estado as pessoas que não têm nada que fazer hão-de lá estar? Porque não vão receber subsídio de desemprego?


SIC: Já calculou quantos é que, em princípio, não terão nada que fazer? Quantos é que seriam dispensáveis?


MC: Ó Dr. Gomes Ferreira, se nós fizermos esse raciocínio a anteceder as decisões políticas, não vamos tomar nenhuma decisão que sirva o país. Os políticos têm de perceber e de optar e de esclarecer a população. Mas de esclarecer bem, não é como nas eleições que fica tudo baralhado porque são baralhados propositadamente. Temos de trabalhar pós-eleições com muito sossego e com muito rigor. E com contas, por muito que isto incomode os críticos dos números. E depois fazem-se opções. Aí depois é que entram as esquerdas, os centros e as direitas. Portanto eu não lhe digo se é nos salários, se é nas prestações. Digo que TÊM que baixar. Agora, vamos discutir em quê. Mas se a gente ainda não percebeu o essencia,. se ainda andamos a pensar que o défice é que é o problema. O défice é a temperatura do corpo. Agora, o vírus, ou o micróbio ou que seja que está dentro do corpo é que nós temos que perceber. O défice é uma febre. Nós andamos todos a olhar para o dedo a pensar que olhamos para a Lua, percebe. Este é o grande problema da nossa sociedade.


SIC: É o caso do Governo actual?


MC: Do Governo e da sociedade. O Governo com isto... eu se fosse o ministro das Finanças estaria extremamente incomodado com o futuro financeiro do Estado. Com estas medidas... por isso é que eu penso que há outras. Porque se não se mexer nas prestações sociais... não é daqui a dez anos, é JÁ. Nós não temos...
(...)

MC: Ele irá quantificar. E vai dizer-nos "daqui a três anos o Estado português é insolvente por isto, por aquilo e por aquel'outro". E é isso que eu tenho esperar para depois tomar opinião. Eu digo que não é possível com isto. Com isto, nós estamos novamente a tomar uma aspirina. Sem embargo de qualitivamente serem justas, serem defensáveis, serem tudo. Quantitativamente, aguardemos o ministro, mas acho que não vamos longe.


SIC: E os portugueses, ao ouvirem este discurso, o que é poderão pensar?


MC [sorriso]: Se os senhores não querem que eles ouçam, não transmitam!SIC: Claro que transmitiremos e claro que eles ouvirão com atenção. Mas a expectativa colectiva cai ainda mais e a economia é feita de confiança e de expectativas positivas...

MC: Ouça, a confiança só vale a pena se se fundar na verdade. A confiança de conversa é um novo lema para esta futebolização da política.


SIC: Mas, repare que o primeiro ministro disse que não cria isso do discurso da tanga novamente.


MC: Mas eu não quero saber do que o primeiro ministro diz. Eu não quero saber o que o primeiro ministro diz. Eu quero saber daquilo que eu entendo a sociedade portuguesa precisa. A sociedade portuguesa precisa de verdade. A confiança vem da verdade. Quando os portugueses perceberem, claramanente, que estão a caminho de um precipício, se disser: "se vocês não mudarem vão para o fundo", os portugueses vão por-se de pé.

(...)
SIC: Então faço-lhe a pergunta ao contrário. Se seguirmos a via que seguiram outros países, como a Finlândia, a Suécia, que reduziram, percentualmente, em muito, as despesas sociais, eles conseguiram libertar dinheiro, energias para a economia. Com este país que temos, com pouca iniciativa privada, com pouco controlo, com pouca regulação de mercados, com pouco investimento - tanto nosso no exterior como do exterior cá - é suficiente, é suficiente cortarmos só despesa?


MC: Ouça, eu quando ouço comparar Portugal com a Suécia pergunto porque não comparam Portugal com o Senegal. Quero dizer, é de um disparate tão grande comparar com a Suécia como com o Senegal. Comparar não tem interesse, nem do ponto de vista da preparação técnica dos povos, nem da força do tecido empresarial, nem pela capacidade de realização nem de organização do Estado. Portanto, não comparemos o que é incomparável. Nós somos o que somos e há certezas: nós com este Estado, com esta dimensão financeira, não temos economia que o aguente. É tão simples como isto. O Dr. Miguel Cadilhe tem feito propostas que me parecem que valem a pena a ser discutidas. Não é lá a venda do ouro que isso...
(...)


MC: Mas o presidente da república não tem de entrar em detalhes. Entendeu que era preciso um Orçamento e aprovou, tudo bem. Mas isso já está, não interessa... É mau este sistema de burla democrática que se pratica em Portugal. Mas está praticada por dois partidos que se criticam veementemente um ao outro. PS antes, PSD depois. Arrumemos essas coisas. Agora, é preciso tomar medidas muito rápidas. Aumentar o IVA e tal... tome-se! As outras, vamos discutir e vamos esclarecer. Abra-se um período de 90 dias, 100 dias, 6 meses e vamos falar destes assuntos. Mas não é toda a gente, é gente que saiba e que estude. Quero dizer, porque quem fala do Iraque e do salário mínimo garantido e do tráfego rodoviário e da OTA, não vale a pena assim porque as pessoas não sabem o que estão a dizer.


SIC: Em Portugal há muitos treinadores de bancada?


MC: Nós somos todos amadores, mais ou menos. Portanto, o meu amigo, por exemplo, acha tem alguma justificação nós fazermos o TGV e a OTA - são dois disparates - quando não resolvemos o problema do IC19 e...


SIC: E o fecho da CRIL?


MC: CRIL e a VCI. Mas acha que isto tem sentido?


SIC: Não, não acho. Tenho referido isso insistentemente.
MC: Para ganhar meia-hora daqui [Lisboa] a Elvas...


SIC: A compra de submarinos também é esse...


MC: Juros... Eu tenho aqui números. O meu amigo sabe quanto é que se gasta em coisas disparatadas neste país? A meu ver, claro. Há quem considere isto uma maravilha de decisão política. Juros bonificados, este ano sabe quanto é que são? 420 milhões de euros. Para casas da burguesia.


SIC: Sim, mas atenção que isso, felizmente a Dra. Manuela Ferreira Leite acabou com isso...


MC: Eu só olho para os números. É para ver que...
SIC: Ainda se paga isso!

MC: Ainda se paga e ela travou isto. As SCUT este ano são 520 [milhões de euros]...


SIC: Vai chegar aos 800 [milhões de euros]...


MC: Nós não podiamos ir por uma boa estrada? Tem de ser autoestrada? Nós para irmos da Maia até não sei aonde é preciso ser por autoestrada... A lei da programação militar 220 [milhões de euros]. Bom, eu não sei se estão aqui os submarinos, mas se calhar não estão. Nós gastamos em formação profissional sabe quanto? Está orçamentado na Segurança Social. 900 MILHÕES DE EUROS por ano, em média. Nos últimos três anos. Para formar quem e como? O senhor já deu por alguém que tivesse aprendido alguma coisa na formação? O senhor já viu que são 180 milhões de contos...


SIC: O que eu vejo é os empresários a dizer que precisam de operários especializados e não os têm. Apesar do alto nível de desemprego.


MC: Nós precisávamos de um ensino técnico profissional adaptado às circunstâncias modernas e andamos a fingir que fazemos formação. Porquê? Porque uma parte deste dinheiro vem da Europa. Nós não temos pejo em estragar este dinheiro que vem da Europa. Se o meu amigo me disser 10 pessoas que se formaram em alguma coisa nestes cursos eu digo que foi bem empregue. Bom, não sei! 900 milhões, tem aqui 1.100, 1.600... tem aqui 2.100 [milhões euros] de coisas mais do que discutíveis. Temos Alqueva, temos o Euro2004... agora há dois estádios que já não vão ter jogos porque o Beira-Mar acho que foi para a segunda divisão e o Farense faliu (já foi à mais tempo). Mas acha que isto é um país que tem tino? Fazemos uma obra, custa o dobro, custa o triplo. Quem são os responsáveis? Ninguém!


SIC: É o sistema, é o regime.


MC: Não, não. Isto é um regime de democracia irresponsável. (...) »
To be continued...

MEDINA CARREIRA - ENTREVISTA DE 28/6/07 NA SIC NOTICIAS (Parte 1)


Para quem não assistiu, digo-vos, foi uma entrevista excepcional. Andava à procura de um vídeo com a entrevista na integra mas, só encontrei o bocadinho a propósito da OTA.

Por sorte, encontrei a transcrição da mesma no Insurgente.
Assim, deixo-vos com alguns dos momentos mais hilariantes da mesma:
« (...) MC: Repare, o que potencia mais a fuga ao fisco é vivermos numa sociedade em que já ninguém acredita no Estado. Nem no futuro. Isso é que estimula a fuga. Nós temos de ser uma sociedade rigorosa, disciplinada, responsável para haver confiança. Se nós passarmos o tempo na conversa da classe política e da classe da comunicação social este país nunca terá confiança em nada. Nós temos é de ter rigor, arrumação e regras de vida!
SIC: Dr. Medina Carreira, a classe da comunicação social é constituída por mediadores de informação. Fazem a conta do que os decisores...
MC: Os senhores são os veículos, eu nem estou a dizer mal de uns nem de outros...
SIC: Eu compreendo.MC: É a constatação de qualquer pessoa que anda no meio da rua como eu. Há uns que produzem ideias que não servem para nada. A maior parte das vezes sem fundamento...
SIC: E outros que a veiculam. É o trabalho deles.
MC: E os outros, coitados, têm de vender a mercadoria que existe (que é esse lixo), que são os senhores. Bom, tudo bem. Mas quem tenha a veleidade de procurar ajudar a pensar um pouco o país não entra nesse jogo. Não anda todos os dias a comunicar...
SIC: Portanto, é preciso ver mais além.
MC: Mais além, mais alto e com muito mais independência. Os senhores...
SIC: Muito bem.
MC: Os senhores só ouvem os partidos políticos, quase. Que é aqueles que não interessa nada ouvir porque esses têm o lugar próprio que é o Parlamento...
SIC: Não necessariamente. Pelo menos neste grupo de comunicação ouvimos muitos técnicos e muitas pessoas que conhecem...
MC: Não...
SIC: Daí o convite para o senhor estar aqui...
MC: Os senhores até lhes chamam "a esquerda" e "a direita". Já vêm conotados, quando há gente capaz...
SIC: Não necessariamente. Temos homens competentes e conhecedores. Por isso o senhor está aqui...
MC: Escolham gente capaz e independente e larguem a esquerda e a direita. Gente que saiba...
SIC: É o que estamos a fazer ouvindo o Dr. Medina Carreira...
MC: E eu agradeço.
(...)
MC: Para mim é muito claro. Se a Europa quer continuar com o seu modelo social, de que eu gosto, sempre o defendi e defendo. Mas não é defender com palavras, é defender com ideias e com consistência. Se a Europa quer manter o modelo tem de regressar ao proteccionismo. A Europa tem de ser um espaço económico com 500 milhões de habitantes (que já é muita gente), com muito técnica muitos capitais, muita organização e muitas empresas. Pronto, e aí é possível um keynesianismo europeu. Não vamos discutir isso agora...
SIC: Tem a consciência de que está a dizer aquilo o que poderá ser considerado um retrocesso histórico?
MC: Sabe, eu nunca me preocupei porque... sabe, quando se chega a esta fase da vida em que eu já estou, eu já vi revolucionários que agora são os pais do estado-providência, os socialistas extremos que agora já são capitalistas...
SIC: Liberais...
MC: Não, capitalistas bem instalados. Portanto, nesta fase da vida, a gente não tem de se preocupar com os rótulos. Temos que nos preocupar é com o rigor e com a seriedade. Eu só me preocupo com gente séria e rigorosa. Portanto, o que pensam...
SIC: Muito bem. E, preocupado com isso, fez contas e tem números concretos para apresentar sobre aquilo que tem sido a evolução das nossas despesas e a evolução das nossas receitas.
MC: Eu não sei, nem lhe vou apresentar contas. Senão passavamos aqui a noite a tratar de contas. Não, eu podia dar-lhe dez explicações, pelo menos - mas se fosse preciso chegar às quinze também lhe dava -, para dizer que o Estado português não deveria, neste momento, com este Governo, estar confrontado com grandes surpresas nas contas públicas porque isto tudo que se está a passar... Não é que eu soubesse se era 5, se era 6, se era 7, se era 8[%]. Era, seguramente, uma coisa insustentável. E, por isso, o problema tem uma grande seriedade e decorre deste facto: nós contruímos um Estado que era viável - felizmente viável - com a economia dos anos 60 que crescia, em Portugal, 7% ou coisa que equivalha. Isso desapareceu e temos hoje uma economia que cresce 1[%]. Não é, mesmo para aqueles que não gostam de números... sabem perfeitamente que uma economia que cresce um não sustenta um Estado que cresce quatro. É uma questão de tempo. E esse tempo não chega a 2015. E a nossa economia não vai poder crescer muito mais nos tempos mais próximos. O choque tecnológico (ainda não sei bem o que é), se der resultados, é daqui a dez anos. Daqui a dez anos, Portugal não pode estar nestas condições. E, portanto, nós temos um problema de tempo e temos um problema de soluções. Simplesmente, as soluções que são necessárias, na minha óptica, são soluções que têm de encontrar uma sociedade informada, não é uma sociedade enganada como tem estado a ser enganada a nossa. Não vou dizer que o problema se resolve com receitas. Não é verdade. Nós estávamos nos 70% da média europeia dos impostos, estamos nos 90[%]. Isto significa que nós temos...
SIC: Sem ter acrescido à riqueza na proporção?
MC: Bom, porque vamos tirar à riqueza cada vez mais e, portanto, isto está quase a bater no tecto. Quando ouve falar do sigilio e da evasão e da fraude, não acredite. É uma fraude. Nós conseguimos mais um ou dois pontos do Produto por essa via. Mas com um ou dois pontos nós não fazemos coisa nenhuma para resolver o problema português. Portanto, o problema não vai resolver-se pela economia porque ela não vai crescer mais do que um, um e meio [1,5%]. Aliás, nos últimos 25 anos, se puser de parte dois períodos de grande crescimento económico (1985-1990, grosso modo [e] 1995-2000, em que a economia cresceu quatro, cinco porcento) sabe qual foi a média de todos os outros 17 anos? Faz alguma ideia?
SIC: Gostaria que dissesse.
MC: Menos de 1%. Menos de 1%. E porque é que a economia fundamentalmente cresceu muito em oitenta e tal e noventa e tal? Em oitenta e tal, por causa do petróleo; em noventa e tal, por causa dos juros. Nunca foi por virtude interna. Portanto, Portugal vale muito pouco do ponto de vista económico. Não vamos crescer, a menos que haja uma catástrofe qualquer ou que se descubra petróleo nas Berlengas, qualquer coisa do estilo. Portanto, nós vamos contar com um ou dois porcento de crescimento.
SIC: E remédio para reequilibriar o Estado?
MC: Pela economia não se reequilibra, pelos impostos não se reequilibra. Pode melhorar um pouco, pode piorar um pouco, mas não resolve o problema. Um Estado que cresce quatro não pode ter uma economia que cresce um. É tão simples como isto.
(...)
SIC: Então, baixar pensões, baixar subsídios de desemprego?
MC: Bem, a primeira coisa, Gomes Ferreira, é a sociedade perceber isto. Mas para isso é preciso que o primeiro ministro, o presidente da república, os deputados, os ministros, os comentadores, os senhores que fazem actividade de media, insistam e esclareçam e não venham com essas divagações e partes gagas da evasão fiscal e outras coisas que não são coisa nenhuma. Bom, e quando a sociedade tiver minimamente preparada, daqui a três ou seis meses, para perceber é que se tem de dizer: "meu caro, querem 5 milhões a viver à custa do Estado ou na dependência do Orçamento de Estado, nós para esses 5 milhões temos 1.000 para cada um; e isto para garantir 5 milhões daqui a um, daqui a cinco e daqui a dez [anos]; se os senhores querem 2.000 então vamos gastar 2.000 e daqui a quatro anos fechamos a porta. Não há para ninguém." E isto tem que se explicar. Ainda há dias eu lia um jornal estrangeiro em que um alto dirigente sindical alemão dizia: "eu não sei se a minha filha...", isto é na Alemanha, não é Portugal...
SIC: Certo.
MC: "...vai ter pensão, vai receber uma pensão", dizia ele.
SIC: Mas o que está a dizer é que os portugueses vão ter de receber menos pensões?
MC: Concerteza. A política é depois graduar, fazer contas, por muito que...
SIC: E menos subsídios de desemprego e de doença?
MC: Não sei. Repare, isso são pormenores, isso são trocos. Eu sei que isso é o que o pessoal [da comunicação social] quer ouvir mas eu não entro nesse tipo de conversa. Temos de saber que, para manter ao máximo como estamos agora, não há dinheiro para prolongar isto muito tempo. E, portanto, para mantermos para todos, com garantias, tem que ser num nível mais baixo.
SIC: Muito bem. Então proponho que mostremos os números que o senhor nos forneceu
[jornalista virado para a câmara]
SIC: Nos últimos dez anos a despesa pública cresceu acima dos 3 mil milhões de euros por ano; as receitas aumentaram apenas 2,5 mil milhões. Vamos ver estes indicadores mais em pormenor: entre 1995 e 2000 a cobrança de impostos aumentou 3.060 milhões de euros por ano; nos quatro anos seguintes [2000-2004] aumentou ao ritmo anual de apenas 1.850 milhões de euros. Quanto às despesas totais do Estado, entre 1995 e 2000 aumentaram 3.100 milhões de euros; de 2000 a 2004 o aumento foi quase idêntico, 3.075 milhões de euros isto é, ficou muito acima do crescimento das receitas no mesmo período. Dentro da despesa pública, os gastos com pessoal aumentaram por ano 1.260 milhões de euros entre 1995 e 2000; na média dos quatro anos seguintes [2000-2004] a subida foi de 675 milhões de euros, o que reflecte duas medidas de Manuela Ferreira Leite, o congelamento dos salários e da progressão das carreiras dos funcionários públicos. As prestações sociais aumentaram 1.100 milhões de euros entre 1995 e 2000; a partir daí, e até 2004, o aumento foi superior, 1.925 milhões de euros (a subida do desemprego foi um dos principais factores). As outras despesas do Estado cresceram 740 milhões de euros no primeiro período [1995-2000] e depois a evolução foi mais modesta, 475 milhões de euros, em resultado de outros cortes decididos pelo Governo de Durão Barroso. Mas ao todo a evolução dos gastos, como vimos, acabou por ser praticamente idêntica enquanto que as receitas cresceram a um ritmo bastante inferior. Está traçado o quadro.
MC: Isto é a realidade vista à escala de um ano, em média.
SIC: Certo. E se for visto à escala de um mês tem outros indicadores.
MC: Bom, é dividir isto por 12. As prestações sociais em 1995-2000 cresceram ao ritmo de 100 milhões de euros por mês. Entre 2000 e 2004, para surpresa das pessoas que dizem que não houve consciência social, cresceram 150 milhões de euros por mês. E estes números da coluna 2000-2004 são curiosas porque isto é que explica o inêxito orçamental dos Governos Barroso e Santana Lopes, porque a Dra. Manuela Ferreira Leite foi das poucas pessoas que passaram pelo poder recentemente e que perceberam alguma coisa do que se está a passar. Ela conteve tudo aquilo que se podia conter. O pessoal baixou, em média anual, de 1.260 milhões para 675 milhões, em média.
SIC: Baixou o crescimento, o acréscimo da despesa?
MC: O crescimento, sim. As sociais subiram de 1.100 [milhões] para 1.900 [milhões]. Aqui porquê? Bom, porque são sociais e porque não se pode impedir. São pensões de reforma, são subsídios de doença, de desemprego, etc. Outra área em que era possível conter baixou de 740 [milhões] para 475 [milhões]. Quero dizer, porque é que as contas públicas não melhoraram de 2000 a 2004? Porque os gastos sociais nunca permitiriam que melhorassem. São gastos automáticos, são gastos que crescem sem se fazer coisa nenhuma. E isto, meu caro, aumentar as despesas de pessoal e as despesas sociais em 200 milhões de euros por mês não é coisa que se mantenha por muito tempo, como é evidente. Portanto, ou há medidas que correspondam, que dêem resposta a isto ou não há. Para que haja resposta a isto tem de haver uma política de remunerações de pessoal diferente e tem de haver políticas sociais...
SIC: Diferente como?
MC: Bom, tem de acabar com as promoções automáticas, não é suspendê-las.
SIC: Já foi anunciado.
MC: Não, anunciou-se a suspensão. Eu acho que se deve acabar até termos uma vida diferente.
SIC: Certo.
MC: Nós temos de alinhar o mais depressa possível o custo do pessoal público pela média europeia. Como sabe são 11[%].
SIC: A média europeia em percentagem do PIB.
MC: Sim, nós temos 15[%]...
SIC [sorriso]: Se for em valor absoluto ainda estamos muito longe. E aí era a desgraça!
MC: Mas concerteza. Mas isso é a nossa limitação.
SIC: Claro.
MC: [Somos] um país atrasado e isso não se vence por decreto. Portanto, nós temos de ter uma outra política de gastos com pessoal e uma outra política de gastos sociais...
SIC: Mas isso levará necessariamente a despedimentos e a encerramento de serviços.
MC: Eu não sei se leva, pode não levar.
SIC: Então como, se não se pode baixar salários?
MC: Alguma coisa se vai ter de fazer! Ouça, ó Gomes Ferreira, o que é preciso nós percebermos é que daqui a 5 ou 10 anos - se continuarmos assim - não temos solução. As pessoas depois não discutem se é muito ou pouco. Não discutem nada, porque não recebem. Não tenha ilusões sobre isso. O Dr. João Ferreira do Amaral, que é insuspeito, porque é de esquerda, porque é todo anti-neoliberal, ele há dias publicou um artigo, um estudo na revista dos economistas, ele dizia que o Estado português não só é possível que entre em bancarrota como é provável.
SIC: E essa também é a sua opinião?
MC: Concerteza. Eu só não a digo porque, enfim, as pessoas não acreditam. Porque eu sou um "pessimista", como sabe. O meu pessimismo resulta de não sermos governados capazmente, não é.
SIC: Mas, em bom rigor, acha que estamos a caminho da bancarrota?
MC: Ó Gomes Ferreira, nós não estamos naquele tempo em que podiamos fazer dinheiro. Eu quando estive no Governo, a gente mandava fazer dinheiro. Agora não se faz dinheiro.
SIC: Mandava o Banco de Portugal emitir moeda.
MC: Mandava, não se mandava. Mas pedia-se! Agora não se emite dinheiro. E, portanto, se não houver, dinheiro não se paga. É preciso que os portugueses percebam isto. Nós não somos o Portugal do Dr. Salazar e do Dr. Caetano. (...) »
To be continued...