quarta-feira, agosto 17, 2005

POLÍTICA À PORTUGUESA COM BATATINHAS A MURRO

Isto há coisas que, verdadeiramente, me transtornam no panorama político Português.

A propósito das eleições autárquicas, penso que não devemos ignorar os três casos mais caricatos de candidatos às Câmaras Municipais.

A saber:

- Isaltino Morais, candidato à Câmara Municipal de Oeiras,
- Fátima Felgueiras, candidata à Câmara Municipal de Felgueiras,
- Valentim Loureiro, candidato à Câmara Municipal de Gondomar.

Em comum têm o facto de todos terem processos pendentes em tribunal, sendo que, pelo menos, um destes candidatos é um foragido com mandato de captura e mesmo em caso de prisão preventiva, pode candidatar-se a um cargo político.

Bom, independentemente do nível de gravidade de cada um dos casos, ainda não consegui perceber quem é mais imbecil. Se os munícipes que os apoiam e que dão razão à teoria de que as massas são estúpidas, ou o candidato que – por ter sofrido algum processo de lobotomização ainda desconhecido – está privado do seu bom senso. Acrescente-se que, como não há duas sem três, pode igualmente dar-se o caso das duas partes sofrerem de um elevado grau de estupidez humana para a qual, ainda não há vacina.

No primeiro caso – a estupidez das massas – não existe qualquer novidade. É mesmo assim. O comportamento do indivíduo em grupo é completamente diferente do comportamento individual em si. Por norma, quando em grupo (entenda-se grandes grupos), não se pensa. Reage-se. A intensidade da reacção é que pode variar consoante o nível de instrução do indivíduo e a sua faixa etária. Indivíduos com um grau de instrução baixo e indivíduos duma faixa etária elevada, tendem a reagir emotivamente a determinados inputs porque são incapazes de questionar as coisas para além do básico. E aqui, o básico, penso que deve ser entendido em termos de:

- sobrevivência,
- manutenção de um determinado status quo,
- medo da mudança.

O que significa que, a qualquer coisa que coloque em causa os dois primeiros pontos supramencionados e seja percepcionado como uma ameaça, aquelas pessoas irão reagir de forma bastante hostil.

Paralelamente a isso, são indivíduos extremamente vulneráveis à manipulação.

No segundo caso, o bom senso dos candidatos , é inexistente em qualquer um deles. O que é comum a todos (além das contas que têm de prestar ao tribunal), é:

- São populares,
- Possuem uma grande dose de carisma junto dos seus munícipes,
- Deixam obra feita.

Qualquer um destes três atributos é, sem dúvida, de louvar. Mas...

Por exemplo, também os Imans fundamentalistas são; populares, gozam de uma grande dose de carisma junto dos seus e deixam obra feita. Aqui tudo depende do que entendemos por ‘obra feita’. O que nos torna diferentes daqueles que actualmente designamos por ‘terroristas’, são os princípios que defendemos e o respeito que temos pelas Instituições.

Infelizmente, em qualquer um dos três candidatos, não existem princípios, nem existe respeito pelas Instituições (sejam elas as máquinas partidárias ou Tribunais). Existe uma cegueira pelo poder e existe uma vontade de vingança que remete os interesses dos respectivos munícipes para um segundo plano, sem que estes se apercebam que são um mero instrumento para alcançar um determinado fim. Por acaso, esse fim não implica explodir-se numa carruagem do metro ou do combóio, mas podia implicar.

Sei que a comparação é um bocado dura e pode parecer injusta para com estes candidatos. Mas a verdade é que há eleições autárquicas de 4 em 4 anos e se estas 3 personagens têm processos pendentes, o bom senso diz que deveriam aguardar até a situação estar resolvida . Não podendo candidatar-se agora, poderiam candidatar-se daqui a 4 anos, mas pelo menos mostravam alguma integridade e respeito. Agora, argumentar (como fez o Major Valentim Loureiro), dizendo que também houve um membro do governo, não sei quando, que também era arguido num processo e nem por isso deixou o seu posto, é estar a usar uma coisa errada para justificar outra coisa errada e como dizem os americanos:

“two wrongs don’t make one right.”

3 comentários:

Anthrax disse...

Caro Trakinas,

O que eu já não sei, é se não estará na altura de deixar cair esta República. Porque isto como está já não vai a lado nenhum.

Virus disse...

ehp...Estão-se a esquecer do Avelino Ferreira Torres de Marco de Canavezes...

Já repararam que dos 4 mais mediáticos 3 são a norte de Coimbra???...

Sabem porque é que o povo ainda é bem capaz de lhes dar a vitória???...Só por uma razão...eles fazem pouco do sistema, das leis, dos tribunais e dos partidos políticos e pelo caminho ainda continuam a encher os bolsos...aquilo que o povão quase todo gostaria de fazer, mas não tem qualquer coragem para admitir...por isso é que vão votar neles... um animal esfomeado não pergunta de onde vem a comida...simplesmente come o que lhe dão...

Anthrax disse...

Pá!
Só deram na notícia do Avelino depois de ter publicado este Post!

A única coisa que posso fazer é publicar uma Adenda.