Ontem estive a ver a parte final do Programa Prós e Contras da RTP 1 (só apanhei a 2ª parte, não sabia que estava a dar). Sobre que tema era, não sei. Mas do painel faziam parte os excelsos Profs. Vítor Martins; António Borges, Ferreira Medeiros (ou vice-versa, nunca acerto no nome do senhor à primeira), e Helena ‘qualquer-coisa’.
É assim, posso não perceber nada de economia mas acho que ainda sei quando é que me estão a enfiar uma grandessíssima tanga. Os Profs. Vítor Martins e António Borges – duas grandes carolas da economia portuguesa – pareciam o Tico e o Teco. O primeiro acha que a solução da economia portuguesa passa pelo investimento nas grandes obras públicas (tipo TGV e OTA), o segundo acha que a solução da economia portuguesa passa pela redução das despesas públicas.
Ou seja, trocando isto por miúdos, o Dr. Vítor Martins parece aquelas famílias para quem o ideal é ultrapassar em larga escala o plafond estabelecido pelo cartão de crédito e esperando que o amanhã seja menos mau que o hoje porque mais cedo ou mais tarde alguém vai ter de pagar aquilo. O Dr. António Borges acha que o ideal é cortar nas despesas do Estado e cortar nas despesas do Estado significa, logo à partida, cortar no pessoal que por sua vez implica despedimentos. Ora, tal como o Dr. António Borges sabe, despedir pessoas que trabalham no Estado pode conduzir a duas situações: 1º lança os desempregados no fundo de desemprego; 2º faz com que pessoas mais velhas se reformem. «Portantos», isto na realidade não reduz rigorosamente despesa nenhuma, visto que se está apenas engrossar as fileiras da Segurança Social. Que eu saiba, a Segurança Social faz parte do Estado e o bolo orçamental é o mesmo.
Da mesma maneira que, quando se falou no endividamento das autarquias, não estamos a falar de uma outra coisa completamente diferente do Estado. Aqui, parece-me que o Dr. Vítor Martins meteu água ainda que salvaguardasse o seu discurso dizendo que não era a Administração Central que estava endividada. Tem razão, não é a administração Central. É a local. Mas que eu saiba continua a ser Estado e ou se olha para as coisas como um corpo único ou não. E não se olhando para as coisas como um corpo único, corre-se o risco de quando o corpo entra em colapso não se sabe qual é a parte que não está a funcionar.
No que respeita ao Prof. Medeiros Ferreira (ou vice-versa), confesso que jamais me imaginaria a concordar com alguém cujas tendências pendem mais para o lado esquerdo, contudo ele e a Dra. Helena “qualquer-coisa” foram os únicos que me pareceram razoáveis. No caso do Prof. Medeiros Ferreira (ou vice-versa), não me choca a ideia que ele defendeu de transformar Portugal num país de eventos. Concordo que é, de facto, uma saída. Inclusive também já tinha comentado isso com alguns amigos. Parecendo que não, transformar Portugal num país tipo ‘Las Vegas’ da Europa, pode ser uma ideia bastante boa. É claro que iriam aparecer para aí os moralistas todos a chiar, mas muito honestamente ninguém chia de barriga vazia.
Enfim... A verdade é que neste momento estamos «bué» lixados e sem perspectivas nenhumas de um futuro risonho.
1 comentário:
Caro Anthrax, uma pequena precisão, a SS, apesar de ser o Estado, tem um Orçamento próprio que é suposto não se socorrer do Orçamento de Estado para cobrir as suas obrigações (despesas de saúde, desemprego, subsidios de maternidade, etc. e tal).
Ou seja, apesar de pertencer ao Estado o Orçamento da SS não faz parte das discussões na AR do OE.
Aliás, inclusivé essa tem sido uma grande questão que é a de integrar o Orçamento da SS no Orçamento de Estado, o que viria reduzir o défice no curto prazo, uma vez que a SS ainda não está em ruptura económica imediata, mas iria causar o problema da transferência (mais que certa) de fundos previstos para acções sociais que o Estado garante (ou deveria garantir), para áreas do tipo TGV ou OTA (não por transferência directa, mas por via da libertação de recursos em outras áreas).
No longo prazo seria negativo para o país pois a SS dentro de alguns anos (talvez menos do que nós estimamos) estará completamente falida e deficitária, o que por sua vez só viria agravar ainda mais o OE...
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