sexta-feira, outubro 28, 2005

A FUGA DOS CÉREBROS (1)

Por acaso, não era sobre isto que eu ia falar. Primeiro tinha pensado em falar sobre o aeroporto da OTA e o TGV... outra vez, depois tinha pensado em falar sobre o problema do não crescimento demográfico em Portugal... que era uma novidade. Agora vi esta notícia sobre a fuga de cérebros para o estrangeiro e pensei; «É que é isto mesmo que está a acontecer ao pessoal! Os cérebros estão todos a fugir para o estrangeiro e os que não conseguiram, estão escondidos em parte incerta, ou, quiçá, de férias."

Conclusão, a verdade é que se pensarmos bem, todos os problemas do país prendem-se com este fenómeno da fuga dos cérebros em qualquer que seja a sua acepção. Bom, o relatório do banco mundial refere que 20% dos licenciados Portugueses fogem para outro sítio onde tenham melhores condições para desenvolver as suas actividades. Pessoalmente, fazem eles muito bem que isto aqui não vai a lado nenhum e se aqui continuassem, como não arranjariam emprego por falta de 5 anos de experiência, teriam de continuar a estudar. Continuando a estudar, depois não arranjariam emprego por excesso de qualificações. É claro que haveria sempre a hipótese de omitir algumas habilitações em excesso só para ver se arranjavam um empregozito, mas depois tinham outro problema. É que omitir habilitações académicas é crime e para efeitos de promoção no local de trabalho, as licenciaturas ou os Mestrados não aparecem de um dia para o outro. Ou seja, aqui está uma pescadinha de rabo na boca.

Outra coisa bestialmente interessante, aqui em Portugal, é ver pessoas licenciadas nas mais diversas áreas a desempenharem funções para as quais não adquiriram qualquer tipo de competências base. Por exemplo, colocar uma psicóloga a desempenhar funções de gestão é anedótico, só para não dizer que é totalmente idiota, imbecil e cretino. Como diria o Vírus, os porcos não dão leite, as vacas não dão ovos e as galinhas não dão presunto. Da mesma maneira que os psicólogos não são gestores, os advogados não são psicólogos e os gestores não são advogados... a não ser que tenham mais de 1 licenciatura (por acaso já pensei em fazer isso). É claro que isto já tem a ver com a fuga de outro tipo de cérebro para parte incerta.

Ora bolas, tenho de me ir embora porque tenho de ceder lugar, mas... Ainda não terminei o meu raciocinio que, ficará para mais tarde.

8 comentários:

bloggrez disse...
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crack disse...

Meu amigo Anthrax, felizmente o seu cérebro não emigrou, nem hibernou, porque não deixou de tocar, e muito bem, na questão da "fuga" de cérebros para a parte incerta das competências universais, portuguese style, ou necessidade de sobrevivência. Claro que hoje os cérebros precisam de ser todos em banda larga, isto é, estarem suficientemente oleados para terem uma performance excelente, qualquer que seja a actividade que lhes calha nas voltas da vida, mas esquecemo-nos frequentemente que ter um psicólogo a fazer de gestor PODE ser uma fuga tão grande como ver o dito psicólogo atravessar a fronteira!
Claro que isto leva-nos longe, porque escrito assim, desta forma grosseira e simplista, a uns parece verdade, para outros é completa mentira, mas que importa pararmos para pensar, isso importa. Fez bem ter abordado a questão, havemos de voltar a pegar nela.

Miguel Pinto disse...

Depois desta debandada de cérebros, anda por aqui uma dúvida com vontade de corroer o meu: Há uma fuga dos cérebros da actividade política ou é a actividade política que bloqueia a entrada de cérebros?

Tonibler disse...

Caro anthrax,

Por acaso não concordo nada com essa visão do Virus dos porcos e das vacas. Aguns dos poucos ovos que temos foram de vacas.
Quanto à 'fuga' dos licenciados, é um movimento natural na UE e, mais natural ainda, num país em que se aposta no betão e no sol. E para se ser trolha e empregado de mesa não vale a pena ser-se licenciado.
A notícia até é boa e devia ser 'ainda só 20%...'

Suzana Toscano disse...

Concordo com Anthrax, o nosso problema não é a falta de cérebros mas a total desvalorização que temos o mau hábito de fazer das pessoas que se apresentam como "ambiciosas" ou como uma ameaça à mediocridade. Isto é verdade na política,caro Miguel Pinto, como é verdade na generalidade dos sectores. Talvez na política se sinta mais a falta, não sei, ou é mais pública... mas o mal é bastante generalizado.

Virus disse...

Aqui está o Virus a dizer das suas... Parabéns cara suzana Toscano atingiu exactamente o ponto que eu quero fazer passar quando falo dos porcos, das vacas e das galinhas...

Caro Tonibler..."do the bees bee?", ou na sua terra nem por isso?

Anthrax disse...

Bem... Andava isto tão movimentado e eu sem o saber!! É no que dá, passar o fim-de-semana em depressão assombrado pela ideia de voltar ao trabalho! E ainda por cima quando chego, a prioridade máxima é fazer um relatório (sobre a minha reunião em Bruxelas), para ser enviado para o Secretário de Estado e o meu computador estava todo virado de pantanas! Isto não é justo! Eu devia era fazer greve!... Ou então deixar o meu cérebro fugir também.

Bom, creio que o Miguel Pinto coloca uma questão muito interessante para a qual a única resposta que encontro, no momento, é a de que uma coisa não exclui a outra. Muito pelo contrário, ambas se complementam.

Já no que respeita ao Tonibler, isto é um blog democrático. Pode discordar à vontade que é muito bem-vindo na mesma. De facto, a movimentação dentro da U.E é suposto não só ser normal, como também deve ser promovida. Mas neste aspecto a questão que se levanta já é outra. É que isto não pode ser só sair, também tem que entrar qualquer coisa e a verdade é que não está a entrar nada. Ou melhor, os que entram não são em número suficiente para colmatar os que saiem. E aqui sim, é papel do Estado criar as condições necessárias para que este fosso não seja tão grande. Porque uma coisa é mobilidade e intercâmbio dentro das fronteiras da U.E, outra coisa é «os gajos bazarem» daqui para fora como se tivessem visto uma assombração!

No entanto, também é verdade que para se ser trolha ou empregado de mesa não é preciso ser-se licenciado. Mas aqui levanta-se mais outra questão (embora não ao nível dos trolhas). É que, actualmente, um empregado de mesa tem de ter alguma formação e quem diz um empregado de mesa, diz outro empregado qualquer cuja função seja lidar com o público, porque eles, simplesmente, não sabem. Por exemplo, nesta livaria que vai abrir hoje, aquilo é um tema específico. Se não estiver lá alguém que perceba daquilo, espanta os clientes todos e é a morte do artista! Portanto, as coisas não são tão simples assim.

Já no que toca ao comentário da Suzana, estou completamente de acordo com ela. E no que respeita ao Vírus pois, realmente, "The bees, bee.".

Tonibler disse...

Caro Anthrax,

Quantos licenciados na Universidade da Beira Interior ficam lá pela Covilhã? 5%,10%?
A Beira Interior representa o quê, 2% do PIB?
Pois nós somos a Covilhã da UE e ainda cá ficam 80%? Boas notícias! Pela lógica devíamos estar muito pior...

Caro Virus,

Os nossos eternos candidatos ao Nobel da Literatura são médicos, mandámos um Eng Electrotécnico para tratar dos refugiados, a SONAE e o BCP foram criadas por engenheiros,... uma licenciatura são apenas mais 5 anos de educação.