Ora aqui está mais um tema sobre o qual eu até nem ia escrever. Na realidade, ia escrever sobre o 1 ano de Presidência do Durão Barroso à frente da União Europeia e fazer daquelas críticas levianas dizendo (tal como disse a um colega espanhol da Comissão); “Estão a ver, isto é que é uma verdadeira dimensão europeia. Tínhamos um problema cá, exportámo-lo e agora é um problema de todos. Isto não há nada como partilhar experiências.”. Mas entretanto deparei-me com esta notícia, no DN, assim bem escondidinha, sobre o inicio das conversações para a entrada da Bósnia na União.
Fiquei perplexo. Fiz um refresh à página para ver se aquilo era mesmo verdade e para minha surpresa, era mesmo.
Bom, em verdade vos digo que nada tenho contra a Bósnia excepto o facto de ter passado a existir enquanto Estado. Mas enfim, o território da Bósnia juntou-se ao território da Herzegovina e constituiu-se o Estado da Bósnia-Herzegovina. De um lado temos os bósnios – anteriormente designados por albaneses que fugiram da Albânia, mas como um Estado para além de território tem de ter um povo, os albaneses tiveram de mudar de designação e passaram a bósnios – e do outro temos, certamente, os herzegovinos venham lá eles de onde vierem, não faz mal porque agora também já não interessa.
A criação da Bósnia levanta-me dúvidas quanto ao respeito pelos princípios de formação dos Estados, para além disso a criação de Estados “por decreto” costuma acabar mal e se não acreditam, olhem para o continente Africano que, foi dividido a régua e esquadro. Certamente que a questão da régua e do esquadro não se coloca no que toca aos territórios da ex-Jugoslávia, mas coloca-se sim na perspectiva inversa. Isto é, se por um lado os Estados Africanos foram criados sem se ter em conta os seus povos, por outro lado a criação do Estado da Bósnia foi criado tendo apenas em conta uma população que mudou de nome para se adaptar ao território. Sim, sim, estão a ver bem. No caso africano falei de povos e no caso dos territórios da ex-Jugoslávia falei de população. Porque um e outro são diferentes.
De qualquer forma, esta questão já foi ultrapassada e agora, situado no meio do continente europeu, ficámos com um menino nos braços que ainda por cima, nos está a bater à porta.
As razões que me levam a rejeitar a possível entrada deste Estado na U.E, são exactamente as mesma que me levam a rejeitar a entrada da Turquia. A matriz cultural é diferente. Digo isto, porque sou politicamente correcto, caso contrário diria que eles são muçulmanos e nós não. Logo cooperação tudo bem, adesão não.
A juntar a tudo isto, há ainda outra questão que tende a preocupar-me e a questão é; olhando para trás na história, podemos verificar que o Império Romano estendeu as suas fronteiras muito para além do que a sua capacidade de gestão de territórios o permitia, como consequência desmoronou-se. Temo que a U.E esteja a seguir o mesmo caminho, isto é, esteja a alargar para além daquilo que tem capacidade para gerir.
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