sexta-feira, dezembro 30, 2005

A “MONARQUIZAÇÃO” DA REPÚBLICA (IV)

Na sequência dos textos anteriores vou, finalmente, concluir esta história da “monarquizacção” da República. Utilizando as palavras do amigo Tonibler a propósito do PR: “É um monarca eleito? É. Mas não é inútil, tem uma importância fulcral na nação, embora no estado seja um zero.” E isto, meus caros, é a “monarquização” da República.

Nós achamos estas coisas giras. Gostamos de ter uma figura de ar paternal a quem possamos dizer que os outros meninos são maus. Gostamos de ter alguém a quem nos possamos lamentar e possamos pedir uma casita. Gostamos de ter alguém que nos olhe com pena e nos passe a mão pela cabeça, dizendo que vai correr tudo bem mesmo sabendo, de antemão, que vai ser uma catástrofe.
Se representa bem, ou mal, o estado Português, isso não interessa nada, o importante é que esfregue o ego a cada um de nós porque, sozinhos não o conseguimos fazer.
O PR é, de facto, um monarca eleito e não é inútil. Mas a partir do momento em que se admite isto, estamos a admitir, de igual modo, duas outras coisas que se seguem:

1º Um PR ou um Monarca, ambos são úteis (cada um dentro do seu regime, é claro);

2º Que a única diferença entre uma Monarquia e uma República “monarquizada”, são as eleições para o cargo de “monarca”.

4 comentários:

Tonibler disse...

Logo vi que isto ia dar para a realeza, tenho que mndar uns amigos meus fanáticos da história e, vá-se lá entender porquê, monárquicos, lá às Folhas...

Um monarca é realmente (bom advérbio...) inútil numa democracia porque tem que ser. Porque não tem legitimidade democrática, ninguém pode dizer com rigor se é a vontade do povo que seja ele, porque nunca ninguém pôs outra hipótese nem a põe de forma periódica. Essa única diferença faz toda a diferença do mundo, a diferença entre a utilidade passiva do monarca e a utilidade de emergência do PR. Um monarca é útil como factor de unidade, quando temos várias nações no mesmo estado (como a futura grande espanha), mas nunca como o garante da constituição, por exemplo.

Anthrax disse...

Falando em Folhas, já lá foi?

Tonibler disse...

Ainda não. Ouvi dizer que o dono é um furra e fecha ao domingo...;)
Ao sábado, está aberto?

Virus disse...

Deixem que vos diga, eu cá não sou nada monárquico, e o Anthrax bem o sabe, mas cada dia que passa sinto cada vez mais que a Democracia é uma inutilidade absurda que para nada mais serve do que dar a "sensação" ao povo que está a participar activamente de alguma coisa, e que está a fazer alguma diferença...

Nada poderia estar mais longe da verdade... e no fim chega-se à conclusão que na verdade entre Monarquia e Democracia a diferença, em termos práticos, não é assim tão grande!