Aqui no tasco onde trabalho, é todos os anos a mesma coisa, chega a esta altura e toca de promover um jantarito de Natal para animar os indígenas. A maior parte das pessoas acha o máximo e andam com um sorrisinho idiota nos lábios enquanto dizem: "lá tem de ser", como isto se tratasse de mais um esforço que se tem de fazer para não parecer mal.
Nestes anos que tenho passado ali no Gulag, só por duas vezes participei nestes jantares. O 1º, porque foi o primeiro, nunca tinha havido nenhum antes disso. O 2º foi no ano passado porque não consegui arranjar, atempadamente, nenhuma desculpa.
Este ano, não preciso de arranjar desculpas. Tenho, de facto, outras coisas para fazer. Mas mesmo que não tivesse, decidi que nunca mais arranjaria desculpas para não participar nestas reuniõezitas hipócritas. Porquê? Esta é fácil:
1º Andam os 12 meses do ano a tratar as pessoas como débeis mentais e com 4 pedras na mão e depois ainda organizam jantares de Natal?
PQP (estas siglas não vou traduzi-las e também não vou dizer onde é que podiam enfiar o jantarito enquanto cantam o Jingle Bells).
2º Trabalho, cerca de, oito horas por dia, os 12 meses do ano (excepto quando estou de férias), onde tenho que os aturar quer queira, quer não queira, porque diabos haveria eu de querer aturá-los fora dessas horas?
Não me parece! Aturo o que tiver de aturar dentro do meu horário de trabalho e porque me pagam para isso (e até aí há limites), fora do meu horário de trabalho aturo quem eu quero.
Como podem ver, esta história dos jantares de Natal desperta o espírito natalício que há em mim.
4 comentários:
Eu acredito, sinceramente, no seu espírito natalício.
Também acredito no que sente nesses jantares. Estão a ficar demasiado institucionalizados. É um sacrifício. Uns atrás dos outros...
Eu também acredito no meu espírito natalício e é exactamente por isso que me insurjo contra este tipo de eventos neste contexto que, sendo particular, deve ser semelhante a muitos outros que andam por aí.
Tirando isso, ontem, a propósito deste tema, disse tanta asneira e abri tantas vezes o dicionário de calão que até já estava a ficar envergonhado! :)
Bom... eu tenho quatro achegas acerca deste assunto dos jantares de natal corporativos e porque é que não gosto deles:
1- Ir jantar (ou almoçar) com alguém, ainda mais por motivos festivos, é bom e agradável quando é uma opção que parte de dentro de cada um de nós de forma espontânea;
2- Cabe-me a mim pagar os jantares de natal da empresa, e isto para umas dezenas de pessoas sai muito caro, ainda mais para os obrigar a estar comigo e uns com os outros, sendo que no fim cada um acabaria por preferir estar esse tempo com os seus (se assim não fôr tenho pena dessa pessoa) ou sozinho ocupando o tempo com o que mais lhe dêr prazer.
3- Todos nós sabemos como vai acabar aquilo que jantamos, logo prefiro pegar nesse dinheiro do jantar e dar uns presentes às pessoas (em função da sua dedicação e produtividade), presentes esses que "se vejam" e duradouros, sendo que mais uma vez favoreço aqueles que melhor trabalham invés de dar tudo igual a todos quer se esforçem ou não.
4- Não tenho pachorra para estar sentado numa mesa durante 2-4 horas com dezenas de pessoas onde no fim de contas ninguém convive com ninguém porque está tudo numa postura estática, num salão (em princípio) com mais não sei quantos numa algazarra desgraçada, com cada grupo a tentar fazer mais barulho que o outro. Qual é o convívio que há nisto?
De resto a todos um bom natal...
Caro Virus,
1- concordo contigo
2- concordo contigo
3- concordo contigo
4- concordo contigo
Está tudo dito.
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