sexta-feira, fevereiro 17, 2006

MUNIQUE

Ontem fui, finalmente, ver o Munique. Inicialmente havia pensado que sairia da sala, do cinema, chocado com qualquer coisa nova. Qualquer coisa do género inovador, algum ponto de vista alternativo, alguma perspectiva menos penalizadora dos mouros ou assim. Penso que estava à espera de uma história que, no fundo, incutisse um aspecto mais moderado na maneira como vejo aqueles rapazes que passam mais tempo de rabo para o ar a rezar, do que a trabalhar para construir qualquer coisa.

Enganei-me. Não só se manteve a minha opinião, como também cheguei à conclusão que a lista, dos 11 nomes, apresentada estava um bocado incompleta e que a operação levada a cabo por aqueles senhores que, não existiam, não trabalhavam para ninguém conhecido, mas que por mera coincidência eram judeus, também não teve assim tanto sucesso quanto isso.

Tudo bem que aos 11 nomes (incompletos sublinhe-se sempre que necessário), foram subtraídos 9, mas isso só equivale a uma taxa de sucesso de 81,8% , para além de que não ficou muito claro de quanto tempo dispunham para executar a tarefa e perderam 60% da equipa.

Ora bem, estas coisas, se é para se obter algum resultado mais ou menos imediato, não podem ser geridas à la longue, nem podem ser executadas sempre pela mesma equipa. Porque se assim for, é lógico que a esperança média de vida, da equipa em geral, tende a diminuir drasticamente.

É sempre conviniente ter a noção que, na base da constituição destas equipas, estão recursos humanos altamente especializados (ou tão altamente especializados quanto o possível), e é do conhecimento geral que a mão-de-obra especializada custa muito dinheiro (excepto em Portugal onde a tendência geral é a de pensar que o pessoal curte mesmo é trabalhar para aquecer). Assim, se a esperança média de vida destes recursos diminui radicalmente, é a mesma coisa que estar a atirar dinheiro pela janela fora.

Pior, se conduzirmos estes recursos à exaustão, ainda se corre o risco de ter que se lhes pagar os tratamentos dos esgotamentos nervosos. Conclusão, esgotamos os recursos, gastamos o dinheiro e os objectivos não são cumpridos.

Isto, meus senhores, é uma má gestão de equipas (e falta de uma análise S.W.O.T), e uma fraca gestão de situações de crise. Ou seja, os principios estavam certos (consoante a óptica de cada um), a gestão foi errada (também consoante a óptica de cada um uma vez que, se calhar, foi a gestão possível).

O ideal talvez tivesse sido a utilização de 5 equipas a trabalhar em simultâneo, cada uma com dois nomes tirados à sorte. Assim poupava-se dinheiro, recursos e aumentava-se a probabilidade de alcançar os objectivos a 100%, no mais curto espaço de tempo possível.

Mas enfim, também não vamos chorar sobre o leite derramado, afinal sempre conseguiram acertar em 9 caramelos da lista e em mais alguns extras (sendo que os extras não contam porque não faziam parte dos objectivos). Ia dizer que poderia ter sido pior, porque tudo pode ser sempre muito pior haja criatividade, mas na realidade acho que perder 60% de mão-de-obra especializada é mesmo muito mau.

E foi isto que eu achei do filme, se estavam à espera que me pusesse para aqui com lamechisses, paciência, não sou muito de perder tempo com essas cenas... se bem que fiquei muito comovido com a morte do King Kong no final do filme com o mesmo nome, mas aí estamos a falar de gorilas e sempre são uma espécie protegida ... mas este não era o King Kong e os animais eram diferentes.

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