sexta-feira, março 17, 2006

REFORMA DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA À PORTUGUESA

Receita para 4 pessoas:

120 g de Instituições públicas
75 g de funcionários públicos
1 pitada de avaliação especial
500 g de batatas
1 Kg de carne de cachorro morto a grito
1 pitada de modernização
Sal e pimenta a gosto

Esta é uma receita que saiu hoje no DN e que está a fazer as delícias de toda a gente, não só aqui no burgo onde trabalho, como também neste edifício público (tipo Gulag) do ME.


Basicamente, a receita é fácil. Misturamos tudo e no fim temo uma grandessíssima caldeirada bem ao gosto português senão vejamos:

«75 mil funcionários públicos serão "objecto de especial avaliação"» - Que fixe! Se há coisa que este governo sabe fazer são avaliações. Principalmente, avaliações especiais. Aliás, avaliações especiais deve ser a única coisa que sabem fazer porque todas as avaliações que fazem são sempre muito especiais, quanto mais não seja pelas suas particularidades que nunca lembrariam ao careca. Felizemente, nós aqui neste grupo de missão, não somos funcionários públicos o que significa que para além de não sermos objecto de avaliação especial, somos - em primeiro lugar - absolutamente dispensáveis (rótulo que não nos incomóda grandemente visto que todo o conhecimento adquirido ao longo deste tempo, terá de ser remunerado a peso de ouro em caso de necessidade. Amiguinhos, lembrem-se sempre que o liberalismo funciona sempre para os dois lados e uma coisa que não há, é almoços grátis e os nossos honorários são, neste momento, bastante elevados. Quanto mais tempo passar, mais elevados ficam).

«desaparecem do mapa da administração pública cerca de 120 institutos e organismos.» - Cool! Toda a gente sabe que há institutos a mais. O que os moços do governo vão fazer com os organismos puramente nacionais, isso é lá com eles. O que os moços vão fazer com os organismos de natureza comunitária, aí é que a coisa pia mais fino. Por exemplo, este nosso grupo de missão é de natureza comunitária e aqui há uns dias atrás, disse-me um passarinho que um excelso deputado do PS havia confidenciado que este grupo de missão seria integrado numa estrutura ministerial existente. Pessoalmente, creio que podem integrar este grupo de missão onde bem quiserem (inclusivé no intestino grosso se assim o entenderem), no entanto devem ter em atenção um pequeno detalhe... A Comissão Europeia, não deixa e isto, não é negociável é um requisito, ou se cumpre, ou não se cumpre sendo que se não se cumprir, «num há guito»!

Amiguinhos, há que meter uma coisa na cabeça, o nosso governozinho «está matando cachorro a grito»! Têm um problema que não sabem como resolver e então a única forma que encontraram, para controlar as despesas, foi através de medidas unicamente economicistas. Isto, para além aberrante, é um erro tão grosseiro que nem consigo ter a certeza se os comunistas (com aquela visão economicista e arcaica do mundo) o fariam. Estas medidas não podem ser tomadas avulso num país cujo maior empregador é o Estado, sob pena de provocarem uma grave crise social à qual não vão conseguir dar resposta.

Vejam bem a cama que estão a fazer, pois vão ter que se deitar nela.

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