terça-feira, abril 11, 2006

O PESO DAS PERCENTAGENS

Agora dei para converter números em percentagens (estão a ver porque é que é mau andar a ler livros de economia, certo?) e então cheguei a conclusões estranhissímas, senão vejamos:

Diz o Crack, no Crackdown, que "2 em cada 3 protugueses nunca usaram a internet". Visto desta maneira, uma pessoa pode até nem ligar muito. Mas, se considerarmos que Portugal tem 11 milhões de habitantes, 2 em cada 3, significa que 66.6% da população nunca usou a internet.

Diz o Dr. Pinho Cardão, no Quarta República, " (...) Teatro Nacional de D. Maria II publicados no Expresso, o teatro teve 35.759 espectadores em 2005. Se a este número subtrairmos 14.107 convidados e 12.214 espectadores de duas peças infantis, restam 9.438 espectadores adultos pagantes." Assim de repente, 9.438 espectadores adultos pagantes até parece uma grande coisa, «bué da gente»! Mas na realidade 9.438 pessoas, coresponde a apenas 26,39% do número total de espectadores que foram ao Teatro D. Maria II e pagaram. Por outro lado, ficamos também a saber que 39,45% dos espectadores viram teatro à borla e 31,15% foram espectadores de duas peças infantis (não dizendo se pagaram ou não para assistir às peças). Não desfazendo na, certamente, brilhante gestão do teatro, até a criatura menos articulada podia perceber que, não é possível 26,39 % sustentarem financeiramente 70,6%. Isto significa que o dinheiro tem de vir de algum lado e que 26,39% dos espectadores contribuem para o teatro 2 vezes.

No meu comentário de resposta ao Crack, sobre "Os manuais escolares", disse que no outro dia tinha visto no telejornal a actualização do número de mortos num cenário de eventual pandemia da gripe das aves. De acordo com as fontes citadas na notícia, o número de baixas previstas no cenário é agora de 15 mil. Quandon ouvi aquilo pensei cá para os meus botões "Puxa, 15.000 é muita gente.". Mas como eu tenho a mania de ver as coisas pelo seu aspecto positivo, fui ver a que percentagem isso correspondia face ao número de desempregados em Portugal. Assim, 15.000 baixas hipotéticas correspondem a apenas 3,75% do número total de desempregados e a apenas 0,13% da população portuguesa e 0,13%, em termos políticos, é um número aceitável.

E agora, cada um entenda como quiser.

2 comentários:

crack disse...

Amigo Anthrax, pressinto por aí uma percentagenite aguda, a necessitar de atenção profissional do Dr. Massano Cardoso.:)
Um pouco mais a sério, sempre lhe digo que o crescimento do número de previsíveis vítimas da gripe das aves em Portugal me deixou relativamente indiferente, porque me parece muito abaixo do que será razoável, logo, o cenário é, como já nos habituaram, o que é agora mais conforme aos objectivos da propaganda do governo, neste caso em low profile, que há que acalmar a malta. Até hoje, dos casos que são conhecidos pela OMS, a mortalidade está um pouco acima dos 50%, pelo que nada faz prever que, em situação de pandemia, a percentagem venha a ser tão substancialmente reduzida, apesar da influência que a medicação/vacinação, entretanto disponibilizada, não deixará de ter na taxa de mortalidade. Portanto, meu amigo, esqueça a gripe aviária, as percentagens baseadas(?) em estudos americanos, que pouco têm a ver com a nossa negra realidade, deixe a tristeza bafienta que é o nosso teatro, feito para as pandilhas de amigos snobs, e dedique-se a estudos mais entusiasmantes aqui para o nosso metrito quadrado do globo , como a percentagem de dias de sol face a dias de chuva, a percentagem de proprietários urbanos face ao número dos sem abrigo, a percentagem de telélés por tuga territorializado, sei lá...

Anthrax disse...

Caro Pinho Cardão,

Tenho de confessar que, na verdade, isto até tem o seu encanto. Parece-se um bocado com aquela ideia de dizer que não se gosta de queijo sem nunca ter experimentado.

Caro Crack,

Jamais brincaria com a gripe dos "frangos", mas a natureza tem muitas formas de procurar o equilibrio e esta é apenas uma delas, tal como o foram outras doenças noutros tempos. E não sei porquê, cada vez que me falam em medicamentos e vacinação, começo a lembrar-me do filme "O fiel jardineiro".

O nosso teatro bafiento, de facto, não merece qualquer comentário à excepção do "Mas porque diabos é que eu tenho de pagar para aquilo?".

Agora, gostei das restantes ideias :)