Dei um passo na escala evolucionária. Agora, já tenho em casa aqueles canais da tv cabo funtastic live (ou lá que diabos eles chamam àquilo). Por consequência, agora tenho muitos mais canais para praticar o zapping.
Assim, no outro dia, andava eu alegremente a zappar pelos novos canais quando eis, senão, que... paro num canal chamado Zone Reality onde transmitiam um programa sobre a vida nocturna em Los Angeles.
Como senti curiosidade fiquei ali a ver até onde ia o disparate.
O programa era feito sob duas perspectivas. A primeira, era a perspectiva de um polícia. A segunda, era perspectiva de uma moça normal (ou tão normal quanto é possível ser-se naquela cidade). Apesar de serem duas pessoas com duas vivências completamente diferentes, havia algo que tinham em comum. O grande objectivo de ambos era serem famosos.
Após esta constatação fiquei siderado. Mas porque diabos havia alguém de querer ser famoso? Bom, continuei a ver aquilo mas sempre com esta pergunta a matraquear-me o juízo.
Presumo que a fama é algo importante. É algo que eleva os indíviduos ao estatuto de Herói. Mas ao contrário do Aquíles, do Heitor, do Hercules ou do Ulísses (a.k.a Odisseu), não é por grandes e valorosos feitos heróicos, mas sim pelo tempo de exposição e cobertura mediática sem qualquer feito extraórdinário. E isto, meus amigos, chamem-lhe o que quiserem mas não é fama. Isto é apenas querer ser-se célebre. Querer ser protagonista de qualquer coisa. Não tem a ver com inteligência, não tem a ver capacidades intelectuais, tem simplesmente a ver com a necessidade de ser o centro das atenções, tem a ver com a necessidade de ser o sol que ilumina o mundo e viver em função disso.
Ora, quem sou eu para criticar aqueles que optam por um estilo de vida como este, mas a verdade é que é um estilo de vida um bocado triste. Pergunto-vos, há alguma coisa melhor do que ser um anónimo?
Há alguma coisa melhor do que poder ir tomar um cafézinho numa esplanada qualquer, sem ter que ter uma data de mirones a olhar para nós e a avaliar-nos constantemente?
Há alguma coisa melhor do que poder sair à noite, apanhar uma grande bebedeira, sem que isso saia na primeira página dos jornais no dia a seguir?
Há alguma coisa melhor do que poder escolher o que se quer e o que não se quer fazer?
É bom ser-se anónimo.
Ser-se uma celebridade é abdicar da nossa privacidade e daquilo que nos torna livres. É viver a nossa vida em função daquilo que os outros querem e nunca em função daquilo que queremos. É como governar por sondagens. Não resulta lá grande coisa porque a opinião pública é, por norma, volátil.
Para se ser uma celebridade tem, obrigatoriamente, de existir um complexo de Prima Donna. Este complexo traduz-se em comportamentos aberrantes e desproporcionados, bem como em achaques frequentes com coisas acessórias, triviais e fúteis que não lembram ao careca. Mas como se trata de celebridades, as pessoas tendem a minimizar a coisa e chamam-lhe excentricidade. Em abono da verdade, não se trata de nenhum comportamento excêntrico. Trata-se apenas da velha estupidez pura e dura, para a qual ainda não foi encontrada uma vacina eficaz.
Agora, o que eu não consigo perceber é porque é que há tanta gente que se sente atraída por um estilo de vida tão efémero e, na minha óptica, perfeitamente idiota e cretino. É que os actores e os cantores, ainda têm alguma utilidade. Afinal servem para entreter o pessoal e sempre se poupam um trocos nas idas ao jardim zoológico e ao oceanário (a.k.a. "peixanário"). Mas e os outros? Os outros servem exactamente para quê?
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