domingo, outubro 08, 2006

A SAGA DA CAMISA NEGRA

Pois é, continuo de férias e quando se está de férias, normalmente, aproveitamos para fazer coisas que quando estamos a trabalhar não temos tanta paciência para fazer. Nesta perspectiva cheguei à conclusão que necessitava urgentemente de uma camisa, discreta, de cor preta.

Bom, após ter identificado e verificado esta necessidade que me consumia quase ao ponto da insanidade... ou melhor, que me consumia mesmo ao ponto da insanidade, encetei um périplo pelas lojas de roupa à procura da referida peça por forma a apaziguar-me o espírito. Comecei na quarta-feira passada, pelos espaços comerciais conhecidos pelos seus preços mais em conta e encontrei um modelito que se enquadrava naquilo que procurava. Por azar, era um modelito que fazia parte das fardas das criaturas mas, tudo bem, estavam disponíveis para venda e fui logo à procura do meu número. Como não havia em exposição corri atrás de uma das criaturas para que ela fosse verificar ao armazem se havia o meu número. Passado pouco tempo regressou de mãos vazias. Fiquei aborrecido e tal mas pensei; «Não há problema, no sábado vou à Guerra Junqueiro e procuro lá». Assim, refreei o meu ímpeto consumista até ontem.

Ao sábado é habitual encontrarem-me a tomar o meu cafézinho, na Pastelaria Luanda, acompanhado por um magnifico pastel de nata e depois sigo para o eu passeio higiénico. Enfim, quando cheguei à Guerra Junqueiro já esfregava as mãos de contente enquanto pensava; «É agora, é agora!». É agora, uma ova! Fiquei em broa! Diziam-me: «Respira fundo e conta até dez.» e eu, furibundo, retorquia «Até dez não chega!». Fui o resto do caminho para cima a reclamar do tempo que estava abafado e da quantidade de gente que havia na rua. Já não me podia ouvir.

Entretanto, tive um momento zen e lembrei-me que havia uma outra loja na qual eu ainda não tinha procurado. Acalmei-me logo e o dia ficou, inclusivamente, mais bonito. No regresso a casa parei na loja em questão e também encontrei o que procurava. O preço era o dobro mas, a camisa era bonita. Fui à procura do meu número e o tempo fechou completamente quando me disseram que já não havia. Estava capaz de morder a mulher independentemente do facto de ela não ter nada a ver com o assunto. Durante o resto da tarde não houve meditação, nem Ioga que me pusessem bem disposto. No entanto, à noite a coisa compôs-se.

Por fim, chegamos ao dia de hoje. Quando acordei disse de mim para comigo; «Não me vou aborrecer.», bem dito bem feito, fui ao Colombo à procura da malfadada camisa. Fui a todas as lojas onde já tinha ido ontem e mais uma da qual ainda nã me tinha lembrado, e advinhem qual foi o resultado? Não havia o meu número.

Estava capaz de arrancar os olhinhos àquela gente toda com um garfinho de cocktail e mesmo dizendo a mim mesmo que não me iria aborrecer, não me consegui convencer disso até porque sou dado a ataques de fúria e a ataques de pânico. Não existe um meio termo.

Ter este tipo de ataques é bastante mau, desde logo porque são muito intensos e mesmo que se consigam controlar há algumas manifestações físicas que escapam a esse controlo, como por exemplo o aumento do ritmo cardíaco, a transpiração, a dificuldade em respirar ou a perda da voz. Mas como há que ver as coisas pelo lado positivo, um ataque de fúria controla-se muito melhor do que um ataque de pânico. E depois, ter um ataque de fúria por causa de uma camisa é absolutamente imbecil, embora seja perfeitamente possível.

Em conclusão, não me vou chatear por causa de uma camisa e por isso, o melhor é não procurar.

6 comentários:

Anthrax disse...

Caro Dr. PC :))),

Muito obrigado pela sua amabilidade, mas eu fico, bestialmente, stressado em feiras porque há sempre muita gente.

Não gosto muito de ter de andar em locais onde andam todos coladinhos uns aos outros, é mau. Muito mau :))

crack disse...

Pois é, amigo Anthrax, usar o XXXLLL dá nisto, não arranja o seu número em lado nenhum!
:)
Como não quero que o meu amigo tenha de lidar com uma frustração tão debilitante, e atendendo a que a sugestão do amigo Pinho Cardão não lhe serve, já pensou numa abordagem mais individualizada, tipo camisa feita por encomenda? Julgo que em certos centros comerciais há umas casas que oferecem este serviço, mas prepare-se para não ter um ataque de fúria com a conta!

João Melo disse...

daqui a pouco está-se a mudar o nome de anthrax para "lello anthrax"!aiiii, lello!!

Anthrax disse...

Gozem, gozem!! :))

Mas fiquem sabendo que já ultrapassei a coisa. Disse cá para mim «Não quero mais saber da porcaria da camisa», e fui comprar um router (para ligar os computadores cá em casa).

Virus disse...

Vejam lá se ele me disse alguma coisa?!... Isso é que é ser amigo...

Anthrax disse...

Amigo Eu Sei,

Você anda a ouvir umas coisas muito esquisitas! Isso nem parece seu :))

Mano Vírus,

Você não perguntou nada!! Sabia lá eu que estava interessado em routers!