segunda-feira, abril 09, 2007

ORA E EU QUE COMEÇAVA A PENSAR QUE A POLÉMICA DO “300”…

… ainda cá não tinha chegado. Enganei-me.

Ontem, enquanto folheava a revista – Actual – do jornal Expresso deste fim-de-semana, deparei-me com um mini-artigo sobre o filme, escrito pelo sr. Vasco Baptista Marques.

O título é sugestivo; “Filme Protofascista – um argumento eugenista faz com que o cinema de Riefenstahl pareça inócuo”. Comecei logo a rir-me, ou melhor comecei logo a sorrir porque com um título pseudo-intelectual como este é dificil pensar que se está a falar a sério. Por sorte (ou azar, consoante a perspectiva), o pequeno artigo era pouco mais é do que uma nota de rodapé mas, ainda assim, era grande o suficiente para se perceber que a criatura não «vê um boi» do que é que está para ali a falar.

Para começar, o filme é, efectivamente, um decalque da BD. Tal como o é o Sin City, o X-Men, o Homem-Aranha, o Super Homem, o Demolidor, a Elektra, o Quarteto Fantástico, o Hulk, o Spawn etc. Qual é o problema? É Banda Desenhada e daí? Para fazer um filme, parece-me um assunto tão bom como outro qualquer. Além disso, o filme, a fotografia e os cenários estão bastante fiéis ao livro, sendo que se esta criaturinha não consegue compreender o que é o universo da BD então o melhor é não abrir a boca porque assim evita dizer asneiras.

Mas a coisa não ficou por aqui. Não contente com as considerações de ordem estética do filme, o nosso intrépido autor, avança para considerações de natureza política designando-o por “Protofascista” (termo curioso que demonstra – entre várias coisas - estarmos perante mais uma criatura que tem alguma dificuldade em digerir a vitória do tio Oliveira), de “argumento eugenista”. Pessoalmente, acho fantástico como é que se pode tirar tantos ensinamentos de um filme de BD, eu fui vê-lo e achei aquelas sequências de pancadaria, simplesmente, fabulosas agora ensinamentos do âmbito da ciência política não tirei nenhum nem sabia que era suposto tirarmos algum. Mas e daí, o modelo de organização da sociedade de Esparta, na Antiguidade Clássica, não constitui nenhum factor de surpresa, apenas é passível de surpreender aqueles que não conhecem a História.

Do mesmo modo, posso garantir que Esparta tinha tanto de “Protofascista” como tinha de “Protocomunista” , sendo que se o «amigo Vasco» tivesse lido a República de Platão talvez encontrasse algumas semelhanças entre uma coisa e outra, e se quisesse – de facto – fazer um brilharete, dizendo qualquer coisa de inteligente, ainda lia o livro “The Open Society and its enemies” de Karl Popper. Aí sim, estaria em condições de criticar o modelo politico de Esparta sem incorrer em adjectivações inapropriadas, desadequadas e acima de tudo erradas.

1 comentário:

Pinho Cardão disse...

Ora isso é que é falar, caro Anthrax1...