segunda-feira, maio 28, 2007

LA LA LA LAND


Estava aqui a pensar...

Há algum tempo que não jogo um bom RPG (a.k.a Role Playing Game) e parecendo que não, tenho saudades de o fazer. Para aqueles que sabem o que é, não é preciso dar grandes explicações sobre o que são estes jogos. Para aqueles que não sabem o que é, também não há uma maneira muito resumida de dizer o que são estes jogos mas, imaginem o seguinte; São uma espécie de "teatro" onde os jogadores encarnam personagens que interagem numa história contada por um narrador que nunca sabe onde é que a sua história vai descambar.

É claro que a parte do nunca se sabe onde é que a história vai descambar é que é giro. Jogo desde 1993 e a partir de 1995 comecei a jogar via internet (que é uma maneira de jogar um pouco diferente do que se estivermos frente a frente com os outros jogadores). Todavia, e por muito engraçado que seja jogar através da internet, jogar frente a frente com os outros jogadores é sempre muito mais engraçado dando azo a uma enorme quantidade de situações, a maior parte delas hilariantes.

Dos vários jogos que joguei, sem ser pela internet, há dois que nunca mais me esquecerei. O primeiro é o Warhammer Fantasy Roleplay e o segundo é o Vampire Masquerade.
Relativamente ao Warhammer Fantasy Roleplay, tal como o nome indica, é um jogo que se passa num mundo fantástico onde abundam uma enorme quantidade de criaturas que vão desde os elfos aos anões, passando por orcs, skavens e dark elves, não faltando - obviamente - os humanos e quando não há, no bestiário, nenhuma criatura má o suficiente, não faz mal, inventa-se uma.

No que respeita ao Masquerade, tal como o nome indica, é sobre vampiros. Ao contrário do primeiro, é bastante gótico eu diria. O nível de conflito entre os diversos clãs existentes costuma ser bastante elevado, o que significa que logo na introdução as personagens têm tendência para entrar á chapada. É um bocado violento mas, tem a sua graça.

Ser o tipo que compõe a história, o mestre de jogo, é uma tarefa lixada. Por muitos cenários que seja capaz de prevêr, daquele conjuntinho de cabeças que formam as personagens, vai sair sempre alguma ideia - bestialmente idiota - que dá cabo do fio condutor e logo a história descamba para algo completamente diferente. É sempre assim e parece que é uma regra universal pois acontece mesmo quando os jogadores são estrangeiros.

Ser personagem é muito engraçado porque podemos construi-la da maneira que nos der na cabeça. No entanto, há sempre aqueles que seguem determinados estereotipos, principalmente, o dos heróis. Todos querem ser o Herói, o que do ponto de vista de uma personagem mais fraquinha em termos físicos é bastante bom, significa que vão ser os primeiros a levar "tabefes" dando às restantes personagens a possibilidade de, por exemplo, fugir. Outra vantagem de ser personagem, é a possibilidade de pregar partidas aos outros personagens (só é chato quando se é apanhado). Por exemplo, num jogo de Warhammer Fantasy, um dia - a minha personagem e a personagem de outro amigo meu - metemos um Paladino em maus lençóis só por piada. Estão a ver, os Paladinos têm um sentido de bondade e de justiça muito apurados. Não se desviam daquele caminho nem que a vaca tussa. Ora, eu e o meu amigo - cujas personagens eram outlaws mas fazíamos parte do mesmo grupo - estávamos sempre a levar com os sermões do Paladino e cada vez que faltava alguma coisa todos os olhares se viravam para nós, mesmo quando não tínhamos feito nada. Um dia foi dia. Depois de ajudarmos a defender uma cidadezinha, eu e o outro aproveitámos para adquirir alguns bens e aumentar, por essa via, a nossa fortuna. Era uma espécie de pagamento pelos bons serviços prestados, afinal fartámo-nos de levar pancada e não íamos sair dali de mãos a abanar só porque o outro tinha a mania da justiça e da bondade. Bom, como fomos apanhados com a boca, mais ou menos, na botija achámos que a melhor solução foi dizer que o Paladino é que era o chefe e por isso deviam ir falar com ele, porque nós só fazíamos o que nos mandavam. Eles foram e nós fugimos. E à medida que fugíamos ainda tivemos oportunidade de lhe acenar com um largo sorriso. Como podem imaginar, o Paladino ficou um pouco indisposto e nós descobrimos que para quem se definia como tão puro e tão casto, o tipo praguejava como o caraças. Foi engraçado.
Enfim, estes jogos são giros à brava.

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