ESPANTOSO!!!

Ontem à noite, depois de jantar, fui tomar café e aproveitei para passar pelo multibanco para pagar umas contas - sim, porque eu posso não ter ordenado mas, tenho contas - tudo corria bem quando, eis-senão-que, olho para um cartaz publicitário com um opel corsa que, anunciava o financiamento para compra de automóveis.

Até aqui tudo bem também, cada um vende aquilo que pode mas, o que me atraiu mesmo foi o "desde 86,00 €". Vá, confessem, 86,00 € p/mês nos tempos que correm é uma pechincha e então o vosso «yours truly» aqui, começou a ler o texto desde o início.

Bom, o texto começava por descrever as características do automóvel e tal, e a meio passava para as condições de finaciamento. Aí, ficávamos a saber que os 86,00 € p/mês só era válido para o 1º ano. A partir daí, a mensalidade seria - sensivelmente - 180,00 € durante os anos seguintes. Ora, até aqui tudo bem também. Achei que era bastante razoável por comparação à mensalidade que tinha pago pelo meu carro e que rondava (no final) os 176,00 € mensais.

Juro-vos que pensei que a proposta que ali anunciavam era mesmo razoável e que, como por magia, a minha fé nas instituições bancárias ia ser restaurada. Esta sensação durou, aproximadamente, 3 segundos, que foi o tempo que me demorou a parte do texto que referia os 84 meses. Quando vi os 84 meses, desatei a rir à gargalhada.

Perguntei-me quem era o imbecil que comprava um carro a 84 meses, quando os carros desvalorizam logo que saiem do stand. Para mim 36 meses já foi um suplício, quanto mais 84! Depois achei que esta teoria ia no mesmo sentido da teoria subjacente aos empréstimos para a compra de casa que, a continuar assim, um dias destes começam a fazer empréstimos a 200 e 300 anos (o que considero igualmente hilariante). É nestas alturas que adoro da minha condição de mero inquilino e rio-me à brava de quem não é. Rio-me, mas atenção, rio-me com todo o respeito porque esta condição é apenas um outro estilo de vida, não quer dizer que sirva a toda a gente.

A condição de inquilino é fantástica porque temos uma casa na mesma e não temos o resto das chatices que vêm com a aquisição de imóveis e respectiva gestão de condomínio. Além disso, confere-nos uma liberdade e uma mobilidade brutal porque tanto podemos estar aqui hoje, como noutro sitio qualquer amanhã. Parecendo que não, isto reflecte-se também ao nível do trabalho e da mobilidade que é necessário ter para não se estar preso a um único lugar.

Por isso também, é que quando me perguntam se não tenho medo de ser despedido, respondo normalmente que não. É claro que é sempre uma experiência desagradável mas, como não estou ancorado a um determinado sitio, nem agarrado a prestações (e quando estou são de curta duração), não perco grande tempo a pensar no que não posso fazer (já perdi, em tempos), mas sim no que posso fazer.

Enfim, é apenas mais uma maneira de estar. Hoje é assim, amanhã posso mudar de ideias. A questão é só ter, ou não, liberdade suficiente para as poder mudar.