Ontem estava a ver, no canal Fox Live, aquela série chamada "Nip Tuck" e dei comigo a pensar cá para os meus botões: «Gostava de ser estupidamente fútil, seria tão mais feliz...». É claro que isto foi sol de pouca dura visto que na maior parte do tempo, penso «Como eu gostava de ter um Q.I acima de 180» (note-se, este é um desejo tão válido como outro qualquer. Se há quem desejasse ganhar o euromilhões, porque é que não poderia haver alguém que desejasse ter um Q.I elevado?)
Obviamente, não sou estupidamente fútil, nem tenho um Q.I de 140 (quanto mais um de 180) mas, a verdadeira questão é que uma pessoa nunca está contente com aquilo que tem e além disso ainda por cima é dificil saber-se o que realmente se quer, pelo que concluí que tal situação constitui sempre um obstáculo ao desenvolvimento pessoal. Posto isto, a dedução mais lógica que me ocorre é que quando andamos sem rumo é porque estamos ligeiramente perdidos.
Mas também há outra interpretação possível. A interpretação que nos diz, que isso pode ser um sinal de que estamos a precisar de mudar e que se não mudamos é porque não nos estamos a esforçar o suficiente.
É tão boa possibilidade como outra qualquer e não é coisa que já não me tenha ocorrido.
Sabem, nestas últimas férias arranjei um caderninho onde colo e escrevo várias coisas de que gosto e outras que gostava de ter (mas não tenho). Pespeguei-lhe um título, na capa, que diz: "Invest in what you love" e meia volta vou-lhe acrescentando palavras e imagens que vou recolhendo daqui e dali. Ontem, depois de ter estado a ver aquela série, fui olhar para o caderninho e cheguei à conclusão que não lhe tenho estado a prestar muita atenção, caso contrário não desperdiçaria tanta energia em andar para aqui armado em "naufrago do destino", ou qualquer coisa assim bastante piegas.
O referido caderninho é suposto funcionar como uma espécie de mapa. Um mapa que nos diz quem somos, o que queremos e o que gostamos. Não podemos tirar nada do que já lá está, mas podemos ir sempre acrescentando mais coisas e nada impede essas novas coisas de alterar outras mais antigas, mesmo assim, as antigas continuam lá. Fazem parte do caderninho. Olhar para o caderninho faz sempre bem. Relembra-nos do que somos, do que queremos e do que gostamos, muito embora nunca diga como é lá chegamos... mas também é verdade que se dissesse como é que lá chegávamos, tudo seria muito mais fácil e tudo se tornaria uma grande seca, sem qualquer valor.
Todavia, e agora que penso nisso, creio que o Caderninho padece de um outro pequeno lapso, além do "não dizer como lá chegamos". O Caderninho pode dizer-nos quem somos, o que queremos e o que gostamos mas, não valoriza o que já temos e muitas vezes aquilo que já temos tem tanto, ou mais, valor do que as nossas aspirações. Devia acrescentar-lhe este capítulo, pois se não soubermos valorizar o que já temos como é que vamos dar valor ao que desejamos?
É um Caderninho lixado, este!
No entanto, continua a ser um bom ponto de referência. Principalmente para quando andamos mais distraídos, o que me leva à consideração seguinte; muito pouca gente sabe que escrevo - para aí - desde os meus 14 anos. Aliás, tenho montes de papel escrito guardado em caixas. Montes de rascunhos, paletes de personagens com as suas próprias histórias em sitios que não existem. Estes escritos estão para mim tal como o anel está para o Gollum. "My preciousssss". Meu, meu , meu e só meu, e ninguém tasca!
Sinceramente, acho que a maior parte daqueles escritos são um cócó (ora cá está a parte da valorização), mas não importa. São só meus e é muito raro deixar alguém lê-los. Considero tal acto como uma invasão do meu espaço territorial e consequentemente sujeito a medidas violentas de retaliação. Racionalmente, confesso que isto até pode parecer um bocado parvo, principalmente quando escrevo num blogue mas, na realidade, não consigo ver a utilidade de partilhar com os outros algo que é mesmo só meu. Enfim, que coisa doida.
Assim, no meio disto tudo concluí que 2008 será o ano em que vou trabalhar este meu lado mais criativo e por isso decidi que vou fazer algo por ele [o lado criativo]. Além disso, ele merece que eu lhe dê atenção e eu mereço que lhe seja dada atenção. Só não sei ainda como é que vou lidar com a parte do "não deixar ninguém ler"... é que eu fico um bocado histérico com isto... bom, seja como for, nada melhor do que lidar com uma coisa de cada vez.
Alguém sabe onde é que se ensina a escrever argumentos? Gostava de aprender a escrever isso.
4 comentários:
O grau de futilidade é inversamente proporcional ao queficiente de inteligência?
Não poderá alguem conseguir ser fútil e estúpido em simultâneo?
Ou, fútil e inteligente?
E... quais são as características intrínsecas a um (a) fútil?
E... o que caracteriza um fútil, é o mesmo que caracteriza uma fútil?
Tinha mais duas centenas de questões para colocar acerca da futilidade, da inteligência e dos queficientes, só não as coloco porque novas questões surgem a todo o momento, portanto, antes de terminar a colocação destas duas centenas já outras duas estariam em fila de espera.
Um caderninho... interessante esse apego a um caderninho, ainda não tinha equacionado essa hipotese... um caderninho onde anote todos os meus fervilhantes pensamentos... é interessante... bahhh... não estou para isso, afinal as ideias doidjonas estão-se-meem permanente construcção. Até acaba por ser cansativo. Tb. já passei por uma fase em que escrevia que me fartava, ou... sem que me fartasse, mas depois, um dia, fui mundo e não dava jeitinho nenhum transportar resmas de folhas. É, um dia decidi que queria ser aventureiro, de mochila às costas, sem roupa para mudar e com pouco dinheiro no bolso. Fui andando, fui trabalhando e fui roubando, mas, nunca pedi. Roubei fruta das árvores, roubei roupa do estendal. Um dia, farto de comer fruta, fanei uma camisa e um par de calças do estendal de uma vivenda em Sesimbra, fui à praia tomei banho de mar e troquei de roupa, escondi a mochila dentro de um barco que estava voltado de fundo para o ar e fui jantar a um restaurante. O cabelo para trás, um bronze de fazer inveja, uma barba à poeta... não devia estar mal. Jantei principescamente e no final esperei uma altura em que os empregados não estavam na sala e.... zuca, lá fui eu porta fora, preparadinho para dar corda aos sapatos. Não foi preciso, voltei na 1ª à direita, na primeira à esquerda e num ápice estava afastado dali. Andei 4 anos pelo mundo a viver do nada, deslocava-me de boleia, sobretudo de camionistas, trabalhei uma semana num estaleiro a pintar barcos de pesca, dormia dentro de um barco, passei 2 meses de inverno num anexo de um casal para quem rachei lenha e que me achou muita piada. Almoçava e jantava com eles, passava a manhã na cama porque estava um frio danado e de tarde ajudava na propriedade. Quando precisavam de comprar alguma coisa, pediam-me para conduzir a carrinha e leva-los à vila. A meio de Fevereiro receberam a visita de uma sobrinha que estáva a estudar num colégio interno. Uma pitinha de 20 aninhos muito rosadinha e mimosa com um arzinho de anjo, enternecedor. O anjinho era o ai-jesus dos titios e quando estava por perto lançava uns sorrisos ao Bartô com propriedades hipnóticas. À mesa a menina demonstrava muito interesse por conhecer promenores da vida do Bartô que era tão secreta quanto o conteúdo das tuas folhas de apontamentos e desse livrinho de pensamentos. A menina voltava no dia seguinte para o colégio, mas não quis ir, sem visitar às escondidas, no anexo, o misterioso Bartô como ela lhe chamava.
Não se tratou somente de uma visita, mas sobretudo de uma generosa demonstração de paixão a que o Bartô correspondeu na íntegra, apesar de espantadíssimo com todo o voluntarimo da mocinha, que, depois de regressar ao seu quarto, deixou o coração e a cabeça do Bartô num alvoroço.
Na manhã seguinte não se proporcionou a possibilidade de estarem a sós e foi com lágrimas nos olhos, fazendo coro com os tios, que se despediram na paragem da camionete.
Três noites de insónia se seguiram e então num jantar, conduzindo uma conversa informal, o apaixonado Bartolomeu, conseguiu saber que a menina estudava num colégio interno em Braga. No dia seguinte o Bartolomeu despediu-se dos generosos tios, com o pretexto de ir voltar para casa, recebeu dos simpáticos senhores uma merenda e uma nota de 5 contos, que foram suficientes para o bom vadio ir até Braga, em busca da sua amada que nunca conseguiu encontrar.
Afinal tens razão, esse caderninho tem a faculdade de nos fazer recordar... quem diria, hein?
Bart, dear, I'm not speaking to you anymore.
É indecente!
Hoje em dia, já não se pode fazer nada disso. Os putos são telemóvelodependentes e já nascem com os dedinhos curvados, de forma a escreverem mensagens à velocidade da luz.
A verdadeira aventura é descobrir quais são todas as funções de 1 tm sem recorrer às instruções.
Ainda não percebi muito bem o que é que estamos a criar, mas presumo que todas as gerações passadas terão colocado a mesma questão e as futuras também não estão livres de a colocarem.
É sem dúvida indecente, mais indecente não terem aparecido no mundo outros com capacidade para sonhar e para transformar os sonhos, como este que me influenciou,
http://www.youtube.com/watch?v=3AXiis2lcgw
Ah... coloca o som a meia potência, para tirares mais partido da música.
;))
Boas notícias!!!
Fique feliz! Tenho um QI de 186 e lhe digo que é uma merda... acho todo mundo idiota e não tenho com quem conversar. Ninguém se identifica comigo, ninguém tem prazer em me fazer favores, ninguém é meu "irmãozinho" e quer me ter ao seu lado nos bons lugares. Falo com os outros como um adulto que tenta estabelecer contato com uma criança de 5 anos. Tenho que estar permanentemente representando. E fico com a fama de falso. Vc já viu como as pessoas do Orkut amam e são amadas? Duvido que ali tenha alguém com QI acima de 120. Aposto que a grande maioria está abaixo de 100.
Se vc tem um QI menor que 140 com certeza há muita gente que partilha dos seus interesses e visões de mundo.
Dê graças aos céus!
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