"Whenever a theory appears to you as the only possible one, take this as a sign that you have neither understood the theory nor the problem which it was intended to solve". - Karl Popper
segunda-feira, janeiro 14, 2008
CONSIDERAÇÕES SOBRE...
... os sacos de plástico nos supermercados.
Sabem, pareceu-me tão bom tópico como outro qualquer. Adiante.
Quando alguns supermercados começaram com esta coisa de se pagar os sacos de plástico alegando que era uma atitude ecológica visto que um saco de plástico demora 1500 anos a decompor-se e mesmo assim não há garantias (estou a exagerar, mas é assim uma coisa deste género), pensei cá para os meus botões «interessante». Não achei bem, não achei mal. Na realidade não achei nada, deixei o assunto para considerações posteriores. A única coisa que sabia era que as minhas viagens ao supermercado passaram a ficar 0,04 a 0,06 cts mais caras, consoante o número de sacos de plástico que precise. Seja como for, nunca considerei o assunto suficientemente pertinente para me debruçar sobre ele até agora.
Entretanto, num momento raro de criatividade inteligente e sem andar à procura de uma resposta, eis que concluí que esta história de pagar os sacos de plástico nos supermercados é de uma hipócrisia sem tamanho. Eu diria mesmo que é absolutamente parvo.
A ecologia é, acima de tudo e além de uma moda, um negócio altamente rentável (para quem o souber gerir). Pensar verde é bonito e politicamente correcto uma vez que, em maior ou menor escala, todos nos preocupamos com o ambiente em que vivemos e nesta perspectiva somos um target group muito apetecível e altamente susceptível ao endoutrinamento da atitude verde. Agarramos nuns putos, com umas carinhas larocas, e espetamos com eles nos anúncios aos ecopontos. A mensagem é, teoricamente, reciclar é bom e estamos a contribuir para o futuro dos nossos pimpolhos.
Nada contra.
No entanto, a realidade é;
Estamos a fornecer, gratuitamente, matéria-prima a empresas que ganham rios de dinheiro com o que deitamos fora. O lixo é um negócio muito rentável e então se o pudermos transformar é uma fonte inesgotável de rendimento. Mas, o que é que nós ganhamos, efectivamente, com isso? Uma ideia. Única e simplesmente a ideia de que temos uma atitude verde e que estamos a contribuir para melhorar o meio ambiente. No entanto, quem ganha o dinheiro e quem tem os benefícios fiscais são os outros.
E nós? Com o que ficamos?
Com a ideia.
Com a história dos sacos de plástico a coisa ainda é tanto mais cretina porque nós, efectivamente, pagamos pela ideia. Mas aqui há uma outra perspectiva que não deve ser ignorada. É que nós além de pagarmos pela ideia (de que estamos a ter uma atitude verde), estamos a pagar pela ideia errada.
Explicando melhor.
Quando pagamos pelos sacos de plástico nos supermercados, não estamos a pagar por uma atitude verde. Estamos a pagar pelo direito de poluir. Ou seja, é tudo uma questão de dinheiro, se pagarmos podemos poluir. É um princípio que não é tão estranho assim, afinal está subjacente ao tão famoso Protocolo de Kyoto no qual os Estados pagam pelo direito de poderem poluir mais, ou menos, consoante as emissões de carbono.
Conclusão, quem tem dinheiro pode poluir. Quem não tem dinheiro, azar. É tal e qual como nos supermercados que vendem os saquitos. Quem tem dinheiro, compra sacos e o respectivo direito de poluir. Quem não tem, pois paciência. Agora, apostar em sacos de fibra de milho é que está quieto. Isso não é um investimento, é um custo. Sai mais barato vender às pessoas o direito de poluir.
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