
Estive a ler esta notícia publicada no sapo a 17/06/2009, sobre o tema dos computadores para a população sénior e confesso-vos que ainda não tinha perdido grande tempo a pensar nisso. Todavia e apesar de num primeiro impulso isto parecer uma ideia, um tanto ou quanto, parva a realidade demonstra que isto não é assim tão absurdo, pois afinal temos um país que está a envelhecer a olhos vistos e fracas (ou nenhumas) políticas de incentivo à natalidade o que, por sua vez, nos deixa perante uma perspectiva de um futuro a atirar para o enrugado.
No meio disto, considerando que a ideia de computadores para séniores não é desprovida de interesse, uma das coisas que me levanta algumas reservas está relacionada com o sentido de ordem de prioridades. Assim, a pergunta que me coloco é a de tentar saber até que ponto estes portáteis (atentem no promenor de serem portáteis) são necessários ou fundamentais na vida quotidiana dos séniores portugueses.
Diz-me o bom senso que uma coisa é saber e reconhecer que há vantagens, inclusivamente de socialização, na utilização de novas tecnologias pela população sénior. Outra coisa é saber se esta é uma necessidade primária na vida destes cidadãos, se lhes proporciona uma melhoria efectiva na qualidade de vida ou se se trata apenas do proselitismo de alguns num combate cego ao fantasma da "info-exclusão", tema que, certamente, poderá fazer algum sentido a um "sénior" citadino mas que, dificilmente, fará algum sentido a um "velhote" agricultor em Trás-os-montes cujas preocupações serão outras.
Também convém não esquecer que segundo a informação veículada pela mesma notícia estes portáteis custarão cerca de 500,00 € e a verdade é que com facilidade de pagamentos ou sem, a maioria dos séniores portugueses não aufere de uma reforma de 500,00 € e aqueles que auferem, quase de certeza que, ir comprar um computador portátil a prestações não encabeça, propriamente, a sua lista de prioridades.
Outra coisa que considero bastante assombrosa é esta colagem que fazem à iniciativa do Magalhães. Bem sei que estamos a falar de computadores. Uns mais pequenos, outros maiores, mas esta colagem não deixa de me parecer inapropriada visto que, uma coisa é estarmos a falar de criancinhas vinculadas a alguns anos de escolaridade obrigatória cujo objectivo futuro é adquirirem as competências desejadas e necessárias para integrarem o mercado de trabalho, outra coisa é estarmos a falar de cidadãos séniores cuja escolaridade obrigatória é coisa do passado e a necessidade de se manterem activos adquire características opcionais. Falamos, por isso, de iniciativas diferentes, com objectivos diferentes e com públicos-alvo diferentes. Com mais polémica ou menos, ambas têm o seu mérito mas são diferentes, compará-las é um exercício absurdo.
Assim sendo e para concluir, qual é a minha posição acerca do assunto?... Boa pergunta!
De um modo geral sou favorável à iniciativa. Discordo em absoluto do timing, embora compreenda que em termos políticos o grande plano tecnológico tenha de ter prioridade quando as eleições estão a bater à porta e as últimas não correram lá grande coisa. Discordo da colagem feita ao Magalhães pois a única coisa que têm em comum é o facto do objecto ser o mesmo e ambos corresponderem a um objectivo do plano tecnológico. Por outro lado, qualquer bom estratega sabe que, por vezes, as circunstâncias alteram-se e os objectivos devem ser re-dimensionados por forma a tornarem-se adequados à nova realidade.
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