quarta-feira, novembro 03, 2010

REGRA N.º 1 – NUNCA SUBESTIMAR O NÚMERO DE INDÍVIDUOS ESTUPIDOS EM CIRCULAÇÃO

Aqui há uns tempos atrás transpus para este blogue as regras da estupidez humana do Carlo M. Cipolla. Bem sei que se trata de um texto de difícil leitura desde logo porque se encontra em inglês (o que, por si só, levanta a questão da barreira linguística dado que nem todos dominam os meandros de uma língua estrangeira assim tão bem).

De qualquer forma, a dificuldade da leitura do texto não assenta somente no domínio da língua, mas também, na quase obrigatoriedade de olharmos para nós próprios com um espírito crítico. Será que o conseguimos fazer?

Na minha humilde opinião somos muitas coisas por natureza, inclusive, estúpidos mas depois existem aqueles que são capazes de dosear a estupidez com conta, peso e medida. O meu professor de gestão de inovação costumava dizer que “a estupidez é um direito, não uma obrigação” e de facto tem razão. O exercício da estupidez é uma escolha individual, ninguém é obrigado a tal se assim o entender.

Por exemplo, ao abrigo de não ferir susceptibilidades fazemos muitas coisas estúpidas e criamos situações perfeitamente ridículas. Por outras palavras, fazemos figura de parvos. Acontece-me a mim, acontece ao A ao B ao C e por aí adiante. Às vezes estamos conscientes disso, outras vezes nem por isso e quando a situação tem origem num acto que é inconsciente tende a ser desculpável embora, por natureza, continue a ser estúpido. Por outro lado, quando a situação é deliberadamente estúpida, podemos efectivamente estar perante o exercício de um direito se, pelo menos, formos honestos connosco e com terceiros. No entanto, quando nos escudamos atrás de um argumento oco e vazio para incorrermos numa determinada situação - caracterizada de estúpida - além de estúpidos, estamos a ser hipócritas e irresponsáveis.

Estúpidos; porque deliberadamente transformamos um direito numa obrigação.

Hipócritas; porque não vivemos de acordo com os princípios que defendemos.

Irresponsáveis; porque não somos capazes de assumir as consequências dos nossos actos.

Estes três itens têm, normalmente, origem no medo irracional que se tem de se ser julgado pelas regras de convivência social. Ou pelo menos, naquilo que alguns acreditam ser as regras de convivência social. É quase como se estivéssemos de volta ao recreio da escolinha secundária em que é imperativo pertencermos ao mesmo grupinho de meninas e meninos populares. Ora, qual é o problema disto? Em primeiro lugar, a fase da escolinha secundária já passou há algum tempo e em segundo lugar há pessoas que entretanto cresceram e se estão, literalmente, a cagar para a existência grupinhos popularuchos que não acrescentam qualquer tipo de mais-valia ou benefícios para os mesmos ou para a sociedade em geral.

Chocante? Talvez. Mas infelizmente a sociedade portuguesa está pejada de indivíduos infantilizados.

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