quinta-feira, fevereiro 24, 2011

DO BOLSO ESQUERDO PARA O DIREITO

Ontem, enquanto esperava para ser atendida na Segurança Social da loja do cidadão das laranjeiras, fartei-me de tirar notas para construir um post decente e de preferência, inteligentemente, insultuoso, demonstrando-o através de cálculos matemáticos.

De facto, com base nas variáveis que tinha disponíveis foi possível construir, rapidamente, um modelito teórico que me permitiu gerir de forma objectiva o tempo que estimava ter de esperar e retirado o elemento da incerteza do tempo de espera da equação, o maior obstáculo que se me apresentava pela frente era a gestão de emoções.

Ora a minha forma de fazer esta gestão de emoções é tirar notas do que vou observando e depois, as respectivas conclusões. Escusando-me de vos aborrecer com demonstrações matemáticas (até porque na recta final tive de ter alguma ajuda visto que não sou da área dos números), as minhas conclusões foram as seguintes:

1. A secção da Segurança Social da loja do cidadão das laranjeiras faz uma má gestão de recursos e quando há uma má gestão de recursos, existem custos que lhes estão associados. Por opção de gestão e com recurso à engenharia financeira, estes custos podem ser transferidos do ponto A para o ponto B, mas não são eliminados e produzem consequências.

2. Quando o tempo médio de espera, para um indivíduo ser atendido na segurança social, são 5 horas a produtividade diminui. Aqui entra a famosa máxima: “Tempo é dinheiro”. A má gestão de recursos na segurança social, que tem por base uma contenção de custos para a própria, leva a que os indivíduos que estão à espera não estejam a produzir nos seus locais de trabalho. No entanto, embora estes não estejam a produzir, o trabalho é pago – bastando que para isso se entregue uma justificação passada pelos serviços no local de trabalho – e isto significa que a entidade empregadora perde dinheiro e perde produtividade.

3. Quem são as entidades empregadoras? O curioso é que estas entidades empregadoras não são, necessariamente, entidades privadas. Estas entidades empregadoras são, em muitos casos, o próprio Estado e isto significa que aquilo que começa por ser uma contenção de custos por parte da segurança social é, na realidade, uma transferência de custos para outros sectores, igualmente, públicos. Ou seja, o Estado tira do bolso esquerdo para colocar no bolso direito.

Tudo o que acabei de enunciar atrás pode ser demonstrado matematicamente e pode ser feito a uma escala micro (como eu fiz) e pode ser feito a uma escala macro. Agora digo-vos uma coisa, se os números a uma escala micro são maus, os números a uma escala macro são absolutamente aterradores. E isto permite-me concluir que quem pratica este tipo de gestão além de imbecil é irresponsável. Ainda ponderei a hipótese de usar a designação de incompetente, mas achei que não era adequada porque quem pratica esta gestão sabe muito bem o que está a fazer e fá-lo por opção.

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