Nota: O presente texto foi escrito no dia 27/2 no aeroporto de Munique
Ao cabo de ter uma espera de - aproximadamente - 7 horas no aeroporto de Munique, muni-me desesperadamente de jornais e revistas a fim de passar melhor o tempo e numa esforçada tentativa de me manter afastada das lojas do freeshop que, ainda por cima, estão em saldos.
Numa luta desigual contra estes impulsos consumistas, afundei-me nesta literatura de ocasião e acabei por deparar-me com alguns artigos interessantes dignos de reflexão.
O primeiro, publicado na revista do semanário SOL, intitula-se "Produção de menores" e lança para o debate a polémica campanha da revista Vogue cadeaux, que utilizou crianças fotografadas em poses de adultos. Esta produção de mini-me's (como gosto carinhosamente de lhes chamar), custou o emprego - e a meu ver muito bem - à responsável pela revista. Sobre este assunto, haveria muito para dizer e inúmeros actores envolvidos, mas eu vou só manifestar-me sobre um dos principais actores que é a família nuclear, na figura dos progenitores. Actualmente, os paizinhos das criancinhas, entre os 0-5 anos de idade, têm uma visão distorcida da sociedade e daquilo que é o seu papel enquanto educadores da linha da frente. Muitos acham que aquelas pequenas criaturas não são mais do que pequenas versões deles próprios e que percepcionam o mundo da mesma forma que um adulto. Por isso, também acham que podem levá-las para todo o lado e que elas não se aborrecem e cooperam bastante bem com jantaradas até tarde e coisas afins... Neswflash! As criancinhas, tal como o nome indica, são crianças não são troféus dahaaaa! E no caso português só adquirem personalidade jurídica aos 16 anos! Bom, muitos escudam-se atrás do argumento de que não têm com quem as deixar, ou não têm quem tome conta delas. Compreensível, mas quem tem criancinhas não se pode dar ao luxo de ser forreta (até porque não lhe serve de nada) e de facto há serviços que podem ser contratados para tomar conta delas. Na realidade, o que a maior parte destes progenitores não quer é assumir a responsabilidade de fazer uma opção, porque decidir custa.
O segunto artigo, "Quando o Egipto acordar", é escrito pelo José António Saraiva (Nota: que por acaso até foi meu professor na Universidade Católica, quando estava a tentar fazer o mestrado em Ciência Política e Relações Internacionais.... depois fiquei como a ONU, com falta de liquidez), e basicamente transmite-nos o mesmo cepticismo que já tive oportunidade de partilhar anteriormente relativo a estas manifestações nos países do Magrebe. E as outras duas notas que aqui gostaria de deixar, também relacionadas com este ponto são, por um lado o texto da Carla Hilário Quevedo sobre o ataque brutal a que a jornalista da CBS, Lara Logan, foi submetida e por outro lado, a publicação de uma das fotos vencedoras do World Press Photo, que retrata Bibi Aisha, uma rapariga de 18 anos, a quem cortaram o nariz e as orelhas por ter tido a audácia de fugir do seu marido violento. Ora, como devem compreender eu tenho algumas dúvidas com a aplicação do conceito de Democracia em países cujos elementos do sexo feminino são considerados e tratados como cidadãos de, vá lá, segunda.
Bom... agora vou passear... literalmente. Depois logo voltarei.
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