Ontem não tive oportunidade para ouvir ou ler notícias sobre as lides políticas deste nosso cantinho à beira mar plantado. Conclusão, pelo que já pude ver, também não perdi nada. As grandes aberturas continuam a ser feitas pela notícia da catástrofe na Ásia (isto rende bué, já vamos na segunda semana e os jornalistas continuam em full throttle com esta história), e as contendas e mesquinhices políticas continuam a ter um papel secundário no meio disto tudo (o que é fantástico, porque enquanto mantivermos o povinho ocupado com o sentimento de pena em relação à tragédia a coisa tá pacífica cá dentro, apesar de estarem todos sentados sobre um barril de pólvora, mas isso só é importante quando explodir até lá vai-se andando).
Ora, seguindo esta lógica perguntar-me-ão vocês se devíamos prestar mais atenção às contendas e mesquinhices políticas do nosso rectangulozinho? A resposta é simples. Claro que sim! Por uma razão muito simples, é que estas contendas e mesquinhices políticas têm consequências na nossa vida particular e se têm consequências na nossa vida particular, têm consequências na vida do país. Por exemplo, se repararem, um pouco mais abaixo está um pequeno reparo à falta de ‘democracia’ de que foi acometido o Diário de campanha SLIH. Se repararem também, estão lá três comentários, dos quais um deles é a explicação pela qual deixou de se poder colocar comentários nesse Diário de Campanha e ao qual eu não pude deixar de responder.
Então é assim, nesse diário de campanha coloquei um comentário a propósito das criticas que eram lançadas ao PR e se calhar, esse comentário devia ter sido particularmente dirigido ao PSD e não ao PP que, independentemente das afinidades que se tenham ou não, sempre se mostrou muito mais coeso. No entanto, enquanto coligação à frente de um governo ambos são responsáveis. Resumindo brevemente esse comentário, a ideia que lhes deixei para pensarem antes de abrir a boca foi a seguinte: «Porque é que eu devo votar nuns tipos que me chamam ‘estúpido’, não resolvem os meus problemas e consequentemente não servem para nada?»
A pergunta é, de facto, muito pouco polida mas segue uma lógica muito simples e razoável. Senão vejamos; chamam-me ‘estúpido’ porquê? Porque continuam a atribuir as culpas aos executivos anteriores (ou seja, a sacudir a água do capote), em vez de reconhecer que havia um problema e que este tinha de ser resolvido andaram a perder tempo a apontar o dedo aos outros. Mais, é que ao estarem sempre a apontar o dedo, estão também a dizer que as pessoas que votaram nos executivos anteriores são absolutamente tontinhas e não pensam, quando na realidade as pessoas fizeram-no porque consideraram que, das opções que tinham a uma determinada altura, essa seria a mais positiva. Da mesma forma, quando essa opção se demonstrou não ser tão positiva quanto isso, as pessoas decidiram por outra via.
Seguindo a mesma lógica voltemos à segunda parte da pergunta, ‘não resolvem os meus problemas e consequentemente não servem para nada’. As pessoas decidiram por outra via porque acreditaram que os seus problemas iam ser resolvidos. Estarei eu a falar de economia? Certamente que também estarei. A economia são as pessoas, se elas tiverem problemas, a economia também tem problemas e não há como fugir isso. Quando temos cerca de 200.000 desempregados a receber do fundo de desemprego em vez de contribuírem para um sistema activo, ai... aí temos um grande problema, pois temos. Eu não sou economista, nem percebo nada de economia mas sei que quando sai mais do que aquilo que entra, se já não há, então vai haver um grande problema.
É claro que a perspectiva económica é sempre aquela que sobressai mais porque o dinheiro é sempre preciso para fazer outras coisas, mas quem fala disto fala de outros aspectos. Ou seja, este executivo demonstrou-se incapaz de resolver os problemas das pessoas, o ‘a culpa é deste ou daquele’ já não interessa. O que interessa é que uma vez identificado o problema, não foram capazes de o resolver. Porquê? Porque se não se conseguiram coordenar entre eles como é que haveriam de conseguir coordenar os factores, de modo a convergirem para um único objectivo que, em última análise, seria sempre resolver os problemas das pessoas. Assim se não foram capazes de resolver os problemas e se entretiveram a apontar o dedo aos outros, então a pergunta seguinte é: Para que é que servem? Porque apontar o dedo eu também consigo e não preciso da ajuda de ninguém. Esta resposta deixo-a para vocês.
Logo, como o discurso não muda, mantenho a pergunta em toda a linha: Porque devo eu votar nuns tipos que me chamam estúpido, não me resolvem os problemas e consequentemente não servem para nada?
Esta pergunta, não é específica para o Partido A, B ou C. É para todos. Porque se esses também me insultarem e nenhum deles me apresentar uma proposta credível, então também não servem para nada. Mais vale não votar e provocar uma crise de regime e hoje vou ficar por aqui.
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