Portugal é um país de mistérios, esta é uma característica que nos persegue desde a nossa fundação e não há como escapar a ela. Nós bem tentamos dar a volta e disfarçar coisa, mas não há meio... Dizem as más línguas que o maior mistério de Portugal é o de não saber como é que isto ainda não estoirou tudo e digo-vos que, tentativas para estoirar com o nosso país é coisa que não falta.
Portugal é uma antítese de tudo aquilo que é normal. Por um lado, existe a noção de liberdade (que anda sempre na boca de toda a gente), por outro não existe a noção de responsabilidade (seja ela individual ou institucional). Ou seja todos somos livres, mas ninguém é responsável. Assim quando partimos desta premissa, tudo se torna absolutamente possível seja em que esfera for.
Por exemplo, uma coisa simples. No jornal Expresso desta semana vinha uma notícia com a qual eu quase que chorei a rir. A notícia era sobre um aluno da (ou de uma), Universidade do Porto que foi expulso de uma universidade Finlandesa por ter copiado num exame e para além disso, como ele era um estudante Erasmus, o protocolo de intercâmbio com a universidade portuguesa foi suspendido pela universidade finlandesa.
Aposto que a maior parte de vocês acham que isto é um exagero. Coitado do rapaz, não fez nada de mal. Toda a gente faz isso. Mas é assim... toda a gente faz isso, aqui. Porque a ideia que aqui prevalece é que nós não vamos para a universidade para estudar. Nós vamos para a universidade para tirar um curso, não interessa qual, nem se gostamos, nem se temos apetência para, interessa tirar o curso porque ouvimos alguém dizer que esta era a nossa ferramenta de trabalho. Porque ouvimos alguém dizer que ser Dr. é porreiro para arranjar um emprego onde se ganha bem. Porque ouvimos alguém dizer que é uma questão de condição social. Ou seja, é uma questão de status. Quer dizer, podemos não saber nada do que é que andámos a fazer durante 4 anos da nossa vida (exceptuando a parte das borgas), podemos ser desempregados e não ter onde cair mortos, podemos ser burros que nem uma porta, mas somos Dr’s. E para alcançar este objectivo, não interessa o que é que nós sabemos. Interessa sim, se passamos a todas as cadeiras no final do ano e se para isso tivermos de copiar. Paciência. Não é um crime e se formos apanhados o máximo que pode acontecer é ficarmos com o teste anulado. É de facto um aborrecimento muito grande, até porque normalmente estraga as férias de verão a um tipo.
E de quem é a responsabilidade? Mistério...
Não é por acaso que os finlandeses são os melhores do mundo a nível da educação. O estudante português foi expulso e foi muito bem expulso.
Dir-me-ão, mas foi só um caso. Não se pode generalizar. Pois foi. Foi só um caso. Mas um caso destes mais depressa destroi a nossa imagem junto dos outros, do que dez bons exemplos contribuem para uma boa imagem junto dos outros. É só essa a diferença.
Já leram alguma coisa sobre o perfil do empresário português? Se tiverem oportunidade leiam. Mas leiam de dia, ou então se for à noite leiam com as luzes todas acesas. É que aquilo é um verdadeiro filme de terror. Como é que eles sobrevivem? Mais um mistério...
Infelizmente, ainda não vi nada desse género escrito sobre o perfil dos políticos portugueses mas, deve andar muito na onda do dos empresários (empresários... quer dizer, patrões ou assim, porque aquilo lá não são empresários mas nem que vistam um fato Armani. Aliás, como eu tanto gosto de dizer: A monkey in an Armani suit, is still a monkey). No caso dos políticos é a mesma coisa, por isso é que hoje é dia 7 de Fevereiro e eu continuo sem saber em quem é que vou votar. É que votar à esquerda (ou naqueles que se identificam enquanto tal), é impensável. Não me considero uma pessoa de esquerda. Votar à direita (ou naqueles que quando dá jeito se identificam como tal, exceptuando o PP), está completamente fora de questão embora me considere uma pessoa de direita.
No entanto, confesso que já ponderei a hipótese de votar no CDS/PP. Contudo, existem aqui alguns aspectos negativos que, para mim são difíceis de ultrapassar sendo que o pior deles todos é a doutrina social da igreja agarrada à economia e ás finanças públicas. É assim que os pobrezinhos sejam pobrezinhos, enfim, toda a gente tem os seus problemas. Agora perder os meus benefícios, para aumentar os benefícios dos pobrezinhos, vão mas é pastar!! Vão nivelar pela pobreza lá para casa deles. Se quiserem fazer caridade, façam... adoptem um ou dois, levem lá casa deles e sustentem-nos. Não façam é caridade à pala dos outros. E este é um dos principais motivos pelo qual eu não voto no PP. Porque de resto, mesmo em termos de governo souberam gerir a sua participação muito bem.
É... mais um mistério, tentar descobrir em que partido vou votar.
Mas que dia mais estúpido para se estar a trabalhar!
1 comentário:
Hmmm!!!...Não podemos tentar mandar o Alberto João Jardim para a Finlândia?!...Talvez eles o expulsem do planeta...
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