Antes de começar deixem-me dizer-vos que não vale a pena andarem à procura da parte 1, porque a Parte 1 é o artigo que foi publicado na edição do expresso online de hoje.
Bom, então começa assim o artigo:
“Roberto Carneiro abriu hoje, em Lisboa, o seminário e-Educação lembrando que o desafio para as Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) passa por saber se estas são capazes de revolucionar a educação e estimular a aprendizagem dos adultos. “
A e-Educação é um tema interessante que deve ser debatido. Há no entanto, algumas falhas neste discurso (que podem ser falha do relator e não do orador), que me deixam louco.
O tema da e-Educação é um assunto muito abrangente onde se pode incluir praticamente tudo o que se desenvolve na área das TIC na Educação. No entanto as TIC na Educação de Adultos, já não é assim tão abrangente e em Portugal, já estão disponíveis uma série de dados que permitem avaliar se as TIC estão ou não, a ter algum impacto na Educação de Adultos. Se me perguntarem então porque é que não os analisam, eu respondo-vos «Porque estamos em Portugal». De qualquer forma, iniciativas não faltam senão vejam bem, temos:
- Nónio;
- Internet na escola;
- Programa e-Learning;
- e-Twinning (é uma acção dentro do Programa e-Learning);
- Minerva (é uma acção dentro do Programa Sócrates)
- Grundtvig (é outra acção dentro do Programa Sócrates que diz respeito à educação de adultos);
Estes programas existem há bastante tempo e por esta altura já dispõe de dados suficientes para analisar o seu impacto junto do sector da educação, mas como nunca há ninguém de direito que se disponha a analisar estes resultados, o ministério da educação e seus congéneres dedicam a maior parte do tempo a reinventar a roda e a tentar dirimir guerrinhas tutelares porque é giro.
Mas adelante rocinante porque há mais. Continua o artigo:
«O antigo ministro da Educação de Cavaco Silva, que presidia à abertura da conferência «e-Educação - O que tem o sector a ganhar com o desenvolvimento da Sociedade da Informação», questionou se «as novas TIC serão capazes de revolucionar a educação», sublinhando que «a Internet tem um enorme potencial para operar essa revolução».
A internet tem potencial para revolucionar muita coisa, isso é um facto que já se conhece há anos, não é algo que tenha surgido de um dia para o outro. O que parece ter surgido de um dia para o outro é, o interesse que o tema tem suscitado em alguns políticos.
O problema de ter computadores nas escolas, não é colocá-los lá. O maior problema dos computadores nas escolas é a sua manutenção e o facto da maior parte das pessoas não os saber utilizar.
«Roberto Carneiro frisou ainda que o desafio está ainda em saber se as «TIC são suficientemente estimulantes para mobilizar os adultos» naquilo a que chamou a «aprendizagem para toda a vida».
APRENDIZAGEM AO LONGO DA VIDA!! É APRENDIZAGEM AO LONGO DA VIDA, que se diz – Odeio quando não designam as coisas pelo seu nome até existe um memorando sobre isso!
Bom aqui, em primeiro lugar há que definir o que é que entendem por “adulto”, porque no contexto em que está a ser aqui utilizado, não o podemos entender enquanto um jovem de 18 anos que esteja a estudar numa universidade.
Paralelamente a isto e para além das TIC na educação de adultos, o nosso ensino recorrente depara-se com obstáculos brutais só para poder desempenhar razoavelmente o seu papel. E os maiores obstáculos que esta área da educação enfrenta, não são tanto as políticas desenvolvidas pelo Ministério da Educação, mas sim os aspectos sociais e todas as políticas desenvolvidas em torno destes. O mais gritante em relação a este aspecto, é chegar à conclusão que independentemente da boa vontade e do esforço desenvolvido pelo aprendente adulto, na maior parte das vezes as coisas caem por terra porque há um atrasado mental de um «Patrão» que promove a precaridade do trabalho.
Neste sentido, o professor universitário referiu também a importância dos conteúdos como «novo impulso para a inovação empresarial».
O único novo impulso para a inovação empresarial que, estou a ver é mandar todos esses pseudo-empresários, que na realidade não passam de uns pequenos burgueses de gosto altamente questionável (já para não dizer brega), para a reciclagem que, no caso destes senhores (e senhoras, afinal hoje é o dia internacional da mulher), deveria corresponder à utilização de um composto químico utilizado para lavagens cerebrais. Em último recurso, caso estas criaturas fossem muito resistentes, poderíamos optar pelos campos de re-educação bem ao estilo alemão da segunda guerra Mundial ou então, sempre há as lobotomias. O perfil do pequeno e médio empresário português é assustador e devia ser lido por toda a gente.
Dias Coelho, responsável da Associação para a Promoção e o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (APDSI), salientou a importância da solidificação do uso das TIC como forma de estimular a competitividade produtiva das empresas.
O que não deixa de ser interessante face ao que expus no parágrafo anterior.
«O difícil é a inclusão dos computadores na prática. Esse é um desafio que não se resolve num ano. Requer, no mínimo, dez anos» e o envolvimento de todos, defendeu Dias Coelho, lembrando a rapidez com que se implementou o programa que levou os computadores às escolas portuguesas.
O seminário, a decorrer durante dois dias na Fundação Calouste Gulbenkian, é organizado pela APDSI e propõe-se debater o desenvolvimento das TIC no processo educacional.
É, realmente como conclusão era só o que faltava. A falta de competitividade das empresas é porque as escolas não têm computadores. É, de facto tem tudo a ver. Já agora, quem é nasceu primeiro? Terá sido o ovo ou terá sido a galinha?
2 comentários:
Grande post.
Na educação têm imperado as modas, as teorias, os interesses, a cópia do que se faz lá fora,o experimentalismo dos académicos, a «solenidade» bacoca de profissionais que o são pouco e o entusiamo ignorante daqueles que querem muito sê-lo, tudo muito bem acolitado e permitido pelas idiossincrasias dos ministros, a irresponsabilidade dos partidos que governam, a apatia dos parceiros e a passividade daqueles a quem a educação se destina (todos nós, se bem pensarmos).
Falta de computadores nas escolas? Ah,Ah, gostariam alguns serviços do Ministério da Educação de estar tão bem equipados! Não, meu amigo,como bem diz, não é esse o problema.
O e-learning é essencial, a aprendizagem das novas tecnologias nas escolas também, mas nesse domínio a escola está bem (equipada)e recomenda-se. Para além de tudo o que já vinha sendo feito em termos de equipamento de escolas, fosse pelos serviços, fosse por meios próprios das escolas e autarquias, no último ano lectivo equiparam-se 1000 salas TIC e, apesar de alguns sobressaltos com a formação dos professores, a realidade do seu funcionamento corresponde a expectativas optimistas.
Já falou de dois grandes problemas - a manutenção dos equipamentos informáticos e a «resistência» de muitos professores, que não os dessa área. Mas estes problemas têm solução garantida, porque o processo (pode ler-se progresso, apesar de a expressão estar em desuso)é imparável, as soluções técnicas expeditas arranjam-se e os «resistentes», ou se reformam, ou embarcam, sob pena de submergirem!
Esta questão da internet na educação está votada ao sucesso, por muito que seja ainda preciso caminhar.
Fale-se com professores universitários, e eles dizem como notam diferenças nos alunos que lhes chegam do secundário com um crescente domínio das novas tecnologias,comparativamente a três/quatro anos atrás (não há aqui qualquer aproveitamento político nesta observação!).
Contacte-se com especialistas em educação de outros países europeus, que nos visitam ao abrigo dos programas comunitários para a educação, e espantamo-nos com o espanto deles, a propósito da forma como estão as nossas escolas bem equipadas.
Visitem-se escolas por essa EU e perceba-se em que ponto estamos, mas, sobretudo, o percurso que se fez, em relativamente pouco tempo.
O importante é continuar, bem.
E quanto aos adultos, olhe, ficamos por aqui mesmo,que já «serviu o prato principal»!
Grande comentário Crack! Um enorme bem haja.
Tenho pena de não ter conhecimento desta Conferência (ou lá o que era), em tempo útil, pois teria sido muito mais útil ouvir in loco, o que os senhores oradores tinham para dizer do que, propriamente, ler no expresso online o artigo (que ao fim ao cabo, acaba sempre por perder a contextualidade). Mas avaliando pelo relato, não me parece que esses senhores soubessem do que falavam, mas pior do que isso é o relato colocar na idade da Pedra tudo o que tem sido feito e no fundo constituir um insulto a todos aqueles que trabalham e se esforçam nesta área, sejam eles instituições, especialistas, técnicos, professores e alunos que desenvolvem o seu trabalho (na maior parte das vezes por carolice e porque acreditam que é possível fazer melhor), e depois é este o tipo de reconhecimento que têm. Ainda por cima por parte de gente que não sabe o que diz porque não se dá ao trabalho de procurar a informação.
Enviar um comentário