Ontem tinha ficado na parte dos média promoverem a imagem do povo português enquanto burros chucros. Bom, se bem que isto é verdade, também não é mentira que, por vezes, se tentam redimir apresentando reportagens sobre investigadores ou produtos que são desenvolvidos em Portugal para depois serem utilizados lá fora. No entanto, isto não chega para equilibrar os pratos da balança. Porquê? Um dia li uma noção fantástica do que é a qualidade. Dizia o autor, cujo nome não me recordo, que a qualidade é como um espelho; difícil de polir e fácil de embaciar. Com a imagem que se passa para terceiros é a mesma coisa. Demora 3 segundos para uma pessoa formar as suas primeiras impressões. Demora muito mais tempo do que isso corrigi-las. O maior problema desta gente, é o problema de todos os restantes, vivem no momento sem pensar nas consequências que os seus actos têm num futuro próximo. A minha grande dúvida é saber se eles pensam de todo.
No entanto, não acredito que a responsabilidade seja destes jovens jornalistas, não é. A maior parte deles sujeita-se a ter de sobreviver num meio um bocado dramático cujas condições não são, propriamente, um passeio no parque.
E isto leva-nos aonde? Leva-nos a subir mais um degrau na escada hierárquica e a dizer que quem gere, gere mal ou não gere de todo.
Eu estava, agorinha mesmo, tentado a afirmar que em Portugal os gestores são como os merceeiros. Mas não o vou fazer porque penso que os merceeiros, com os seus poucos conhecimentos, conseguem gerir melhor as suas mercearias do que os gestores as suas empresas. Logo, estaria a ser muito injusto para com a classe dos merceeiros.
Até podem pensar que estou a ser mau para a classe dos gestores e eu tenho de vos dizer que, estou mesmo. Se quiserem ver as coisas de uma forma positiva, eu sou mau para praticamente todas as classes. É claro que, de acordo com a minha perspectiva, apenas sigo os princípios constitucionais da não discriminação e da igualdade de oportunidades. Mas voltemos aos gestores.
O termo ‘Gestor’ é muito lato e pode ser aplicado a todo um universo de licenciados em gestão, mais aqueles que não sendo licenciados em gestão gerem qualquer coisa (desde já note-se que a usurpação do termo pelos não licenciados em gestão é tão aberrante como chamar médico a um não licenciado em medicina.). Para além desta universalidade no uso do termo, ainda temos o Sector Público e o Sector Privado.
Confesso que, mais uma vez, estava tentado a dizer que existem diferenças entre estes dois sectores, mas não sei porquê parece-me um vil engano.
Suponho que em termos teóricos essas diferenças existem. Na prática, são capazes de existir mais semelhanças do que diferenças, pelo menos no caso português (no entanto não posso sustentar esta afirmação porque nunca li nada sobre o assunto, apenas falo sobre o que observo). Para resumir, vou colocar gestores privados e públicos dentro do mesmo saco porque o padrão cultural de falta de competência para gerir pessoas é o mesmo quando falamos sobre organizações públicas ou privadas. Seja qual for a volta que dêem e seja qual for a sustentação teórica que arranjem, o problema da falta de produtividade deste país, para o qual nenhum dos génios ainda arranjou solução, prende-se com a falta de competência dos gestores para gerir os colaboradores que têm.
Aqui, ninguém coloca em causa as competências técnicas adquiridas por via da formação académica. As coisas valem o que valem e os números também. Mas o facto de se saber somar e subtrair não faz com que um gestor saiba colocar os seus funcionários/colaboradores/empregados (escolham vocês o termo porque a mim tanto me faz, é apenas uma questão de semântica), a trabalhar. E este “trabalhar” não deve ser entendido no sentido tradicional que a maior parte desses géniozinhos iluminados entende e que se reduz ao, simples facto de, executar uma tarefazita. Este “trabalhar” deve ser entendido no sentido conduzir cada um dos seus colaboradores a fazer melhor.
Vou dar-vos um exemplozito para me explicar melhor. Trabalho numa instituição pública (mas não me confundam porque não sou funcionário público, nem tenho pretensões de o ser), gerida de uma forma privada e onde toda a gente se queixa. Na maior parte das vezes, o ambiente é de cortar à faca e sendo que não ganhamos nada mal, a maioria de nós só está à espera de uma oportunidade para nos pôr a andar daqui para fora (eu inclusive).
A estrutura é simples. 1 Director (neste caso Directora), 3 Coordenadores ( 1 dos quais para a área financeira), 3 equipas subordinada a 1 dos outros coordenadores (pode ser o A), 1 equipa única subordinada ao outro (que pode ser o B).
Nas 3 equipas subordinadas ao coordenador A, uma das equipas é composta por 3 pessoas; a outra é composta por 8 e a última é composta por 5.
A equipa subordinada ao Coordenador B é composta por 7 pessoas.
Como é óbvio, os maiores problemas encontram-se sob a alçada do Coordenador A porque tem de gerir 16 pessoas, enquanto que o B só tem de gerir 7. E dentro da área de coordenação daquele que tem de gerir 16 pessoas, os maiores berbicachos aparecem na equipa composta pelas 8 pessoas (designada pela Directora, como a ‘Equipa Problema desta casa’. Digo-vos, ainda bem que a senhora é Psicóloga pois ela sabe, de facto, lidar com pessoas).
Bom, eu mudei para esta equipa há cerca de 6 meses (mas não queria pois a reputação deles precede-os... ou será, persegue-os?), porque – de acordo com a Directora – não sabia trabalhar em equipa (note-se que, anteriormente, estava na equipa das, agora, 3 pessoas designada pela Directora como a ‘Equipa Maravilha’... Digo-vos, a mulher é mesmo boa no que faz, percebe disto à brava). Mas adiante, excluindo os detalhes desta transição, acabei por ser despromovido visto que passei da “Equipa Maravilha” para a “Equipa Problema”.
Porém, nestes últimos 6 meses pude observar coisas, as quais nunca me teria apercebido se não fizesse parte desta equipa, começando pelo facto de que os meus colegas trabalham muitíssimo bem face às condições que lhes dão. Esta equipa de 8 pessoas, tem um volume de trabalho, pelo menos cinco vezes, superior ao volume de trabalho de cada uma das restantes equipas. Por isso, é claro que de vez em quando, aparecem reclamações de algum ‘cliente’ mais exaltado. No entanto, aparentemente, a Sra. Directora é incapaz de realizar um simples exercício de lógica que é, a mera compreensão de que 2 em 500 não significa a mesma coisa que 2 em 100... mas ei! Ela é psicóloga percebe ‘bué’ do comportamento dos indivíduos e dos seus perfis psicológicos, mas puseram-na a gerir uma instituição. É assim, eu também curto ‘bué’, filmes de ficção científica mas nem por isso me chamaram para dirigir a NASA.
Por outro lado, o Coordenador A também não coordena. É apenas um tipo porreiro que baralha e dá outra vez, por isso esta equipa de 8 pessoas funciona lindamente quando a direcção está ausente. Porquê? Por uma razão muito simples, porque perante uma situação de caos os grupos tendem naturalmente para a auto-organização e a escolha de quem faz o quê tende para aquilo que se sabe fazer melhor. Mas ei!... Eu não sou psicólogo e segundo consta, também não sei trabalhar em equipa... Mas sou ‘lixado’ à brava! Como diriam os meus amigos ‘amaricanos’ sou um ‘Smart Ass’.
Ora, se o problema não se encontra na esfera de competências destes 8 gatos pingados e a estrutura não é assim tão grande, então só se poderá encontrar noutros dois pontos ao longo da mesma. É realmente uma pena que não se possa fazer a avaliação de baixo para cima.
Bom, isto já está muito grande e eu tenho de ficar por aqui. Mas amanhã continuo.
No entanto, não acredito que a responsabilidade seja destes jovens jornalistas, não é. A maior parte deles sujeita-se a ter de sobreviver num meio um bocado dramático cujas condições não são, propriamente, um passeio no parque.
E isto leva-nos aonde? Leva-nos a subir mais um degrau na escada hierárquica e a dizer que quem gere, gere mal ou não gere de todo.
Eu estava, agorinha mesmo, tentado a afirmar que em Portugal os gestores são como os merceeiros. Mas não o vou fazer porque penso que os merceeiros, com os seus poucos conhecimentos, conseguem gerir melhor as suas mercearias do que os gestores as suas empresas. Logo, estaria a ser muito injusto para com a classe dos merceeiros.
Até podem pensar que estou a ser mau para a classe dos gestores e eu tenho de vos dizer que, estou mesmo. Se quiserem ver as coisas de uma forma positiva, eu sou mau para praticamente todas as classes. É claro que, de acordo com a minha perspectiva, apenas sigo os princípios constitucionais da não discriminação e da igualdade de oportunidades. Mas voltemos aos gestores.
O termo ‘Gestor’ é muito lato e pode ser aplicado a todo um universo de licenciados em gestão, mais aqueles que não sendo licenciados em gestão gerem qualquer coisa (desde já note-se que a usurpação do termo pelos não licenciados em gestão é tão aberrante como chamar médico a um não licenciado em medicina.). Para além desta universalidade no uso do termo, ainda temos o Sector Público e o Sector Privado.
Confesso que, mais uma vez, estava tentado a dizer que existem diferenças entre estes dois sectores, mas não sei porquê parece-me um vil engano.
Suponho que em termos teóricos essas diferenças existem. Na prática, são capazes de existir mais semelhanças do que diferenças, pelo menos no caso português (no entanto não posso sustentar esta afirmação porque nunca li nada sobre o assunto, apenas falo sobre o que observo). Para resumir, vou colocar gestores privados e públicos dentro do mesmo saco porque o padrão cultural de falta de competência para gerir pessoas é o mesmo quando falamos sobre organizações públicas ou privadas. Seja qual for a volta que dêem e seja qual for a sustentação teórica que arranjem, o problema da falta de produtividade deste país, para o qual nenhum dos génios ainda arranjou solução, prende-se com a falta de competência dos gestores para gerir os colaboradores que têm.
Aqui, ninguém coloca em causa as competências técnicas adquiridas por via da formação académica. As coisas valem o que valem e os números também. Mas o facto de se saber somar e subtrair não faz com que um gestor saiba colocar os seus funcionários/colaboradores/empregados (escolham vocês o termo porque a mim tanto me faz, é apenas uma questão de semântica), a trabalhar. E este “trabalhar” não deve ser entendido no sentido tradicional que a maior parte desses géniozinhos iluminados entende e que se reduz ao, simples facto de, executar uma tarefazita. Este “trabalhar” deve ser entendido no sentido conduzir cada um dos seus colaboradores a fazer melhor.
Vou dar-vos um exemplozito para me explicar melhor. Trabalho numa instituição pública (mas não me confundam porque não sou funcionário público, nem tenho pretensões de o ser), gerida de uma forma privada e onde toda a gente se queixa. Na maior parte das vezes, o ambiente é de cortar à faca e sendo que não ganhamos nada mal, a maioria de nós só está à espera de uma oportunidade para nos pôr a andar daqui para fora (eu inclusive).
A estrutura é simples. 1 Director (neste caso Directora), 3 Coordenadores ( 1 dos quais para a área financeira), 3 equipas subordinada a 1 dos outros coordenadores (pode ser o A), 1 equipa única subordinada ao outro (que pode ser o B).
Nas 3 equipas subordinadas ao coordenador A, uma das equipas é composta por 3 pessoas; a outra é composta por 8 e a última é composta por 5.
A equipa subordinada ao Coordenador B é composta por 7 pessoas.
Como é óbvio, os maiores problemas encontram-se sob a alçada do Coordenador A porque tem de gerir 16 pessoas, enquanto que o B só tem de gerir 7. E dentro da área de coordenação daquele que tem de gerir 16 pessoas, os maiores berbicachos aparecem na equipa composta pelas 8 pessoas (designada pela Directora, como a ‘Equipa Problema desta casa’. Digo-vos, ainda bem que a senhora é Psicóloga pois ela sabe, de facto, lidar com pessoas).
Bom, eu mudei para esta equipa há cerca de 6 meses (mas não queria pois a reputação deles precede-os... ou será, persegue-os?), porque – de acordo com a Directora – não sabia trabalhar em equipa (note-se que, anteriormente, estava na equipa das, agora, 3 pessoas designada pela Directora como a ‘Equipa Maravilha’... Digo-vos, a mulher é mesmo boa no que faz, percebe disto à brava). Mas adiante, excluindo os detalhes desta transição, acabei por ser despromovido visto que passei da “Equipa Maravilha” para a “Equipa Problema”.
Porém, nestes últimos 6 meses pude observar coisas, as quais nunca me teria apercebido se não fizesse parte desta equipa, começando pelo facto de que os meus colegas trabalham muitíssimo bem face às condições que lhes dão. Esta equipa de 8 pessoas, tem um volume de trabalho, pelo menos cinco vezes, superior ao volume de trabalho de cada uma das restantes equipas. Por isso, é claro que de vez em quando, aparecem reclamações de algum ‘cliente’ mais exaltado. No entanto, aparentemente, a Sra. Directora é incapaz de realizar um simples exercício de lógica que é, a mera compreensão de que 2 em 500 não significa a mesma coisa que 2 em 100... mas ei! Ela é psicóloga percebe ‘bué’ do comportamento dos indivíduos e dos seus perfis psicológicos, mas puseram-na a gerir uma instituição. É assim, eu também curto ‘bué’, filmes de ficção científica mas nem por isso me chamaram para dirigir a NASA.
Por outro lado, o Coordenador A também não coordena. É apenas um tipo porreiro que baralha e dá outra vez, por isso esta equipa de 8 pessoas funciona lindamente quando a direcção está ausente. Porquê? Por uma razão muito simples, porque perante uma situação de caos os grupos tendem naturalmente para a auto-organização e a escolha de quem faz o quê tende para aquilo que se sabe fazer melhor. Mas ei!... Eu não sou psicólogo e segundo consta, também não sei trabalhar em equipa... Mas sou ‘lixado’ à brava! Como diriam os meus amigos ‘amaricanos’ sou um ‘Smart Ass’.
Ora, se o problema não se encontra na esfera de competências destes 8 gatos pingados e a estrutura não é assim tão grande, então só se poderá encontrar noutros dois pontos ao longo da mesma. É realmente uma pena que não se possa fazer a avaliação de baixo para cima.
Bom, isto já está muito grande e eu tenho de ficar por aqui. Mas amanhã continuo.
2 comentários:
Experimentem a fazer o seguinte no mundo animal:
- UMA VACA A PÔR OVOS
- UMA GALINHA A DAR PRESUNTO
- UM PORCO A DAR LEITE
NÃO VOS PARECE QUE ESTÁ ALGO ERRADO NESTA IMAGEM?
Meu caro Anthrax É QUE NESTE SACANA DESTE PAÍS AINDA NINGUÉM PERCEBEU QUE:
- Os Advogados devem "advogar"
- Os Médicos devem "medicinar"
- Os Engenheiros devem "Engenhar"
- Os Psicólogos devem "psicologar"
- Os Contabilistas devem "contabilizar" (esta não precisa de aspas)
- OS GESTORES DEVEM GERIR!...
Agora vejam lá quantos gestores neste país é que estão a gerir as empresas/instituições e vejam quantos "não"-gestores estão a fazê-lo!
É a mesma coisa que pôr um advogado a dar consultas de otorrino, um engenheiro a dar apoio jurídico, um psicólogo a contabilizar, um contabilista a dar consultas de apoio psicológico, e um gestor a construir pontes...
O QUE É QUE ACHAM QUE ACONTECIA?????...NÃO VOS PARECE QUE ESTÁ TUDO AO AVESSO????...SERÁ POR ISSO QUE ESTE PAÍS NÃO ANDA P´RÁ FRENTE???...
Não...sou só eu e o meu mau feitio...
Ah! Ah! Ah! Ah! Ah!
Uma vaca a pôr ovos! LOL :))
Aqui o que há mais é vacas a pôr ovos e e galinhas a dar presunto.
Esta está muita gira!
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