A propósito das eleições Presidenciais, tenho andado para aqui a pensar sobre estas coisas da República e da Monarquia. Isto tudo, porque antes do anúncio dos candidatos, tinha-me convertido à causa Real e prometido, a mim mesmo, que não mais votaria nas eleições Presidenciais. Depois veio o anúncio da candidatura do Prof. Cavaco e eu lá abri uma excepção.
Entretanto, lá tenho estado a pensar sobre esta coisa da “Monarquização” da República que, mais não é do que, uma República com pretensões de Monarquia.
É do conhecimento geral que a instauração da República em Portugal foi um mero acidente. Um pequeno mal-entendido que deu origem a uma verdadeira catástrofe política. Mas pronto já está, já está e não se vai ficar a chorar sobre o leite derramado senão, nunca mais saímos da cepa torta (que é o costume confesse-se). Assim, em 1910 ficámos com a República pensando que era melhor que a Monarquia, mas 12 meses e 64 governos volvidos, certamente teremos começado a achar que esta era pior que a outra, mas como já estava tudo acomodado (condição natural do povo português que vigora lado a lado com a tendência natural para o exibicionismo), então era melhor esperar que ela (República), morresse de morte natural mesmo que isso demorasse algum tempo (e assim surge o Fado e a Saudade, duas coisas das quais ainda ninguém conseguiu recuperar porque a República ainda não morreu).
Bom, mas enquanto se aguardava pelo falecimento da mesma, havia que fazer qualquer coisa. Deixar a Republica nas mãos dos Republicanos era juntar a fome à vontade de comer (como aliás se pode ver actualmente), e deixar a República nas mãos de um Presidente era a mesma coisa que ter deixado o poder nas mãos de um Rei, se era para continuar como dantes então porque demónios se havia mudado o Regime?
Após uns anitos atribulados na segunda metade do século XX, arranjou-se uma espécie de consenso. A designação oficial era “República”, mas o modelo aplicado seria – grosso modo - o da Monarquia Constitucional do século XIX, na sua vertente do rotativismo político e os partidos políticos outrora identificados com Regeneradores e Progressistas, transformam-se nos actuais PS e PSD, sendo que o resto são figurantes. A única figura que não sofreria qualquer alteração em termos de poderes seria o Rei/Presidente (cortava fitas no século XIX, continuaria a cortar fitas ao longo do século XX e perspectiva-se que continue a cortar fitas ao longo do século XXI se ninguém os parar).
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