in Revista ÚNICA, Jornal Expresso, 26 de Agosto 2006
" A minha posição é muito simples: apoio Israel, aja mal ou aja bem e haja lá o que houver. Suponho que isto faça de mim, segundo a óptica da época, um fundamentalista, tão mau como os terroristas: não me importo. Cada um é livre de pensar o que quer. E é aqui que começa (e não acaba) o problema.
Se eu quiser interrogar a minha simplicidade, basta-me ler a imprensa israelita. Aí são expostas e ardentemente defendidas todas as posições possíveis. Se quiser ultrapassar à esquerda ou à fanática os mais ferozes anti-sionistas europeus e americanos (os portugueses, felizmente, são sempre desinteressantes) lá estão todos os extremismosque eu possa pretender.
Os israelitas têm, em comparação com aqueles com que guerreiam, algumas grandes vantagens. Não querem a destruição completa do povo a que pertence o exército adversário. Gostam da liberdade de expressão; da democracia liberal; dos direitos humanos. Pensam no que fazem; têm problemas de consciência; dúvidas que exprimem publicamente e debatem sem pudor. Votam e deixam votar. Enfim, Israel é como Portugal, como a Europa, como os Estados Unidos, como o Japão, como a Austrália e todos os países onde o indivíduo é livre de discordar, rebelar-se e ser do contra. Ou, no meu caso, de não se rebelar - nem sequer contra os que se rebelam.
Para mim, os adversários de Israel são os nossos. Por definição. São os que querem destruir um Estado e um povo democráticos. Mais: Israel somos nós. Não nos faz lembrar nada aquele país diminuto rodeado por inimigos, com um único aliado poderoso? Faz lembrar Portugal há muitos séculos atrás, quando a ideia de Portugal ainda não era aceite. Os israelitas têm os americanos como nós tínhamos os ingleses. E os restantes europeus, como sempre, vacilam em volta, confundindo a própria confusão.
Não é em Israel nem aqui que existe unanimidade ou se procura alcançá-la. Essa é a razão do meu apoio: poder concordar. Também é uma liberdade. É onde há unanimidade - e onde se procura impô-la - que está o que se deve temer e contrariar. "
" A minha posição é muito simples: apoio Israel, aja mal ou aja bem e haja lá o que houver. Suponho que isto faça de mim, segundo a óptica da época, um fundamentalista, tão mau como os terroristas: não me importo. Cada um é livre de pensar o que quer. E é aqui que começa (e não acaba) o problema.
Se eu quiser interrogar a minha simplicidade, basta-me ler a imprensa israelita. Aí são expostas e ardentemente defendidas todas as posições possíveis. Se quiser ultrapassar à esquerda ou à fanática os mais ferozes anti-sionistas europeus e americanos (os portugueses, felizmente, são sempre desinteressantes) lá estão todos os extremismosque eu possa pretender.
Os israelitas têm, em comparação com aqueles com que guerreiam, algumas grandes vantagens. Não querem a destruição completa do povo a que pertence o exército adversário. Gostam da liberdade de expressão; da democracia liberal; dos direitos humanos. Pensam no que fazem; têm problemas de consciência; dúvidas que exprimem publicamente e debatem sem pudor. Votam e deixam votar. Enfim, Israel é como Portugal, como a Europa, como os Estados Unidos, como o Japão, como a Austrália e todos os países onde o indivíduo é livre de discordar, rebelar-se e ser do contra. Ou, no meu caso, de não se rebelar - nem sequer contra os que se rebelam.
Para mim, os adversários de Israel são os nossos. Por definição. São os que querem destruir um Estado e um povo democráticos. Mais: Israel somos nós. Não nos faz lembrar nada aquele país diminuto rodeado por inimigos, com um único aliado poderoso? Faz lembrar Portugal há muitos séculos atrás, quando a ideia de Portugal ainda não era aceite. Os israelitas têm os americanos como nós tínhamos os ingleses. E os restantes europeus, como sempre, vacilam em volta, confundindo a própria confusão.
Não é em Israel nem aqui que existe unanimidade ou se procura alcançá-la. Essa é a razão do meu apoio: poder concordar. Também é uma liberdade. É onde há unanimidade - e onde se procura impô-la - que está o que se deve temer e contrariar. "
2 comentários:
Pois é... mas muitos julgam que Israel é a fonte de todos os males apenas porque defende o direito à sua existência em liberdade e em paz com os seus vizinhos... tal como nós o fizémos no passado!
Claro que para a esquerda portuguesa, bafienta e sedenta de um comunismo no seu magnífico esplendor estalinista onde todos são iguais (?!), isso éimpensável! Liberdade e direito de escolha para quê? Quem decide são eles... eles lá sabem o que é melhor para o povão!... Viverem todos em T2, terem um Trabant e irem passar férias no parque de campismo do Inatel na Costa da Caparica! O povão não precisa de mais...
Cara Cristina,
Ora nem mais. É que é isso mesmo.
Seja bem vinda.
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