Simples, por isto: "Mais Montesquieu, menos Rousseau".
Não sou muito entendido em Montesquieu. Sei somente duas coisas:
1º que escreveu a obra L'Esprit des Lois (o que já não é mau, muita gente nem sabe quem é o homem, quanto mais o que é que ele escreveu);
2º é o percusor da divisão de poderes.
Ok, também sabia que tinha sido "inspirado" por Locke mas acho que essa parte não conta embora, seja um detalhe bastante relevante para compreender o autor.
Já com Rousseau, a coisa pia mais fino.
Não sou grande entendido em Rousseau, simplesmente, porque não quero, nem gosto. Porque acho que o homem só disse asneiras e porque o tema da Revolução Francesa é francamente irritante.
Então quando ele se põe a dizer que o homem é bom e igual aos outros por natureza, começo logo a sentir uma azia... que me dá vontade de comentar: "Deve ser por isso que não há pessoas que nascem deficientes."
Pior mesmo, só o cunho platónico da Alegoria da Caverna quando fala da questão da educação. E catastrófico, é sua implementação actual.
A sombra do totalitarismo encontra-se, de facto, por detrás dos ideais de Rousseau tal como já se encontrava por detrás dos ideais de Platão.
5 comentários:
«PORQUE SOU FAN DO COMBUSTÕES?
Simples, por isto: "Mais Montesquieu, menos Rosseau".»
E chega, caro Anthrax? beeem... eu sei que há gente que é fan da coca-cola porque gosta muito do filme publicitário... agora o Anthrax deixar-se embarcar por duas ou três afirmações do Rousseau e por via disso dizer que gosta de ser queimado [ooppss.. que gosta do combustões]... sinceramente...
E como sou solidário, bem… vou afinar pelo seu diapasão: gosto muito do Rousseau porque me disseram que ele disse que o objectivo pedagógico é sobretudo a formação integral do indivíduo. Espero não ser queimado nesse seu… combustões ;))
Gaita!
Esqueci-me do "u" no "Rou"! Vou já corrigir esta infâmia.
Detesto Rousseau. Cada vez que oiço falar do homem, começa-me logo a tremer o olhinho e não é pelas afirmações de Miguel Castelo-Branco no Combustões.
Aquilo que ele diz, já eu sabia há algum tempo. Aliás faz parte do conteúdo programático de algumas cadeiras da Universidade (quer ao nível da licenciatura, quer a um nível mais avançado) como; "história das ideias políticas" ou "Teoria política Contemporânea".
Por isso amigo Miguel, não é uma questão de "embarque", é algo bem mais profundo e muito mais fundamentado do que isso que, passa - inclusive - por questões filosóficas (que dão muito trabalho e por isso só me refiro a elas quando tem mesmo de ser).
Por norma, quando concordo ou discordo de alguma coisa, sei muito bem porquê. E quando se trata da "bebedeira" continental que foi a Revolução Francesa, até podia saber melhor, só que não quero.
Quanto à formação integral do indíviduo é tudo muito bonito, não passasse ela, não por uma aprendizagem mas, por um processo de "recordação". Amiguinho, ninguém pode "recordar" o que não sabe.
«Ai vocêzes»! Eu a querer puxar as coisas mais para o lado generalista e tal, e «vocêzes» a puxar para o detalhe!
Eu disse que Locke era a parte do detalhe. :-)
Ok, agora a sério, compreender Locke é bastante importante para compreender a génese das Revoluções Inglesa e Americana. E até aí tudo bem.
O problema só aparece quando essas ideias atravessam o Canal da Mancha, aterram em solo Francês e se inicia a Revolução Francesa.
Pessoalmente, tenho algumas dúvidas que os franceses - algum dia - tivessem compreendido Locke mas, jamais me atreveria a sustentar uma posição destas em termos académicos.
O que vale, é que isto é um blogue :-)
Anthtrax, acho que é oportuno citar Charles de Gaulle:
"Nós, franceses , quando queremos mudar alguma coisa FAZEMOS UMA REVOLUÇÃO" ... ele disse-o a propósito do maio68, pelo que não estava a elogiar os seus compatriotas.
Concordo consigo: Rousseau está por demais valorizado. A verdadeira aprendizagem da liberdade fez-se na Inglaterra... basta ver a CARTA SOBRE A TOLERÂNCIA, por ex., de Locke.
Se pensa isso, deveria gostar de um livro de Isaiah Berlin chamado ROUSSEAU E OUTROS CINCO INIMIGOS DA LIBERDADE. Se calhar já o conhece. Li-o há pouco tempo e achei esplêndido. :)
"A verdadeira aprendizagem da liberdade fez-se na Inglaterra"
Muito longe disso: não tivessem os Montagnards ganho o poder em plena Revolução e a França teria ganho um avanço notável sobre a Inglaterra nesse capítulo.
Recorde-se que a Albion teve duas guerras civis e também decapitou um rei, além de ter posto um puritano como ditador.
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