E agora vamos lá ver se vos consigo explicar isto.
Não vos querendo maçar com a biografia de Tolkien, nem com a biografia de Michael Oakeshott (sendo que a maioria das pessoas nem sequer sabe quem foi este último), aqui há uns tempos atrás eu tive a ousadia de dizer que os Hobbits do Tolkien eram os Conservadores do Michael Oakeshott.
Ora, se isto até é uma coisa engraçada para se colocar num blogue, dizer a mesma coisa no meio académico é, no mínimo, o cabo dos trabalhos e correr em defesa de tal afirmação é, acima de tudo, um acto de fé. Mas eu sou assim. Acredito no Pai Natal e no Coelhinho da Páscoa, por isso, também posso estabelecer um paralelo entre os Hobbits do Tolkien e os Conservadores do Michael Oakeshott.
Saltando, como já tinha dito, a parte em que analisamos o percurso dos dois autores, para podermos ligar os Hobbits aos Conservadores temos de conhecer o texto de Oakeshott, "On being Conservative", e as obras e as cartas de Tolkien onde ele explica o que são os Hobbits.
Então, o que são os Hobbits?
Tal como Tolkien os descreve no prólogo do “Senhor dos Anéis”, os Hobbits são um povo discreto e antigo. Amam a paz, a tranquilidade e uma boa terra lavrada. Habitam uma região campestre, bem organizada e bem cultivada. Não conseguem entender ou mesmo gostar de máquinas mais complexas do que um simples fole de forja, um moinho de água ou um tear manual, apesar de serem bastante habilidosos com ferramentas.
São um povo pequeno, a sua altura varia entre os 60 cm e 1,20 m. São um povo alegre, vestem-se de cores vivas e não usam sapatos uma vez que os seus pés são de grande dimensão e peludos. Os seus rostos são mais simpáticos do que bonitos, largos, de olhos grandes e brilhantes, bochechas vermelhas e bocas prontas para rir, comer e beber. Gostam de brincadeiras a qualquer hora, são hospitaleiros e adoram festas e presentes, que oferecem sem reservas e aceitam com todo o gosto.
Tolkien diz que os Hobbits são os parentes mais próximos dos homens. Falam a mesma língua e em grande parte gostam e não gostam das mesmas coisas que os homens. São pessoas modestas e conservadoras. Gostam de cuidar das vidas umas das outras e quase sempre, passam toda a vida na mesma aldeia. Se um dos seus se mostra excessivamente aventureiro ou enérgico é logo considerado como insdiscreto. O seu único excesso é o de se vestirem com roupas enfeitadas e fazer 6 refeições num único dia. Uma das suas excentricidades é a arte de fumar, dizem ter sido eles que inventaram a erva e o cachimbo, sendo que essa é a sua contribuição para o mundo.
Por natureza, o temperamento dos Hobbits é pacífico e gentil sendo que por sorte descobriram uma terra que era tão calma como fértil. Em comparação a outras raças que habitavam a Terra Média, os Hobbits sempre foram tidos como pouco importantes, e aqueles que, quase sempre por acidente os encontravam, nunca viam grandes vantagens quer ao nível de riqueza ou poder que os pudesse tornar num potencial alvo de ataque. Por esse motivo, sempre que as grandes raças entravam em conflito, no Shire os Hobbits prosseguiam, discretamente, com as suas vidas e com as suas colheitas.
(To be continued...)
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