quinta-feira, junho 28, 2007

FLEXIBILIDADE E SEGURANÇA NO TRABALHO?

Devo dizer-vos que acho que as propostas de alteração ao Código do Trabalho são um espectáculo.

Não estou a brincar.

Querem reduzir o número de férias de 25 para 22? Qual é que é o problema? 22 é o que está escrito no C.T, é o que é aplicado no sector privado. Eu só comecei a ter mais dias de férias quando comecei a trabalhar para o Estado e assim como assim, não sei o que é que vou fazer a tantos dias de férias. Os dias extra, de férias, só são bons se os pudermos converter em dinheiro (o que não acontece quando se trabalha para um organismo público, porque os tipos só pagam se os ameaçarmos levar a tribunal).

Querem acabar com os limites de horas de trabalho por dia? Força! Desde que paguem todas as horas que uma pessoa faz por dia, não vejo problema nenhum e além disso, se mantiverem um limite semanal trata-se apenas de gerir o tempo de uma forma diferente. Senão, pensem bem: Imaginem que o limite semanal passa para as 40 horas. Agora imaginem um tipo que goste «bué» de trabalhar, trabalha 20 horas num dia, mais 20 horas no outro e está 5 dias (3 dias úteis + 2 do fds) em casa. Além disso, ao longo dessas 20 horas que trabalha de seguida, a remuneração por hora não se mantém no mesmo valor porque haverá sempre uma parte que é considerada trabalho nocturno e tem de ser paga como tal. Se isso não chegar, ainda temos os outros 5 dias que sobram que podem ser utilizados para arranjar um hobby que dê mais uns trocos (tipo vender cenas no eBay e cobrar através do Paypal, bem feitas as coisas é um rendimento extra que não está sujeito às regras da Administração Fiscal portuguesa).

Querem flexibilizar os despedimentos? Acho que sim. Ninguém é obrigado a ter que gramar um empregado que não serve para o serviço. Isso é perder dinheiro. Da mesma maneira, acho que deviam flexibilizar o "I quit!" por parte dos empregados. Não há cá aquela história de dar um mês à casa, nem sequer 15 dias. É mesmo na onda do "now you see me, now you don't" (era mesmo giro fazer isto aqui no tasco, ia tudo de cangalhas!).

Querem pagar menos subsídios? 'Bora aí! Não querem pagar subsídio de férias nem de natal, não é preciso. Distribuam esse dinheiro ao longo dos 12 meses mas, não passem as pessoas para um escalão superior do IRS.

Onde é que está a segurança?

Não sei. Mas é «bué» flexível. Tanto para um lado, como para o outro. Há é que largar da as doutrinas de esquerda que advogam que o Estado tem de tomar conta de toda a gente, como se fosse o nosso paizinho. Já vimos que se formos por aí estamos bem lixados, porque o Estado não consegue tomar conta dele quanto mais dos outros. Como diria alguém «Olho por olho, dente por dente», nunca oferecer a outra face e a retribuição é sempre um dever.

3 comentários:

Miguel Pinto disse...

Caro Anthrax
Não importa se tem ou não razões para desconfiar do Estado (ou pelo menos daquele Estado que decide… sim, porque o Estado é muito mais do que um conjunto de iluminados que transitoriamente o governam ). Eu presumo que não lhe faltarão motivos para desconfiar, tanto mais que trabalha num sector muito dado a atropelos. Mas, adiante… Desconfiando dos tipos que nos governam não acha que deve desconfiar também da parte do acordo que lhes cabe cumprir? É que quem não é sério para umas coisas não será para outras, digo eu… que ;)
Disse muitas coisas que até parece que têm lógica, como por exemplo: “Querem pagar menos subsídios? 'Bora aí! Não querem pagar subsídio de férias nem de natal, não é preciso. Distribuam esse dinheiro ao longo dos 12 meses mas, não passem as pessoas para um escalão superior do IRS.” Ora, como não querem pagar o subsídio de férias e natal porque carga de água é que cumpririam a outra parte: a parte em que têm de distribuir esse dinheiro ao longo dos 12 meses … (é uma questão de fé?)… e que não passem as pessoas para um escalão superior do IRS…
Nenhum desconfiado da boa-fé do Estado acredita nisto ;)

Anthrax disse...

Meu caro Miguel,

Não é possível confiar num Estado Republicano cuja implantação foi acidental, mas considerando que é possível ultrapassar um ligeiro ressentimento que já dura há 97 anos, no dia em que a minha vida depender de qualquer instituição pública do Estado Português, eu prefiro atirar-me de uma ponte (caso não os possa atirar a eles).

Quanto à corja que se governa governando-nos, pois não confio numa única palavra que saia daquelas boquitas. Nada do que possam dizer ou fazer é de boa-fé. É desse principio que se deve partir.

Já estou como o Vírus, os empresários deviam era entender-se com os trabalhadores porque o único inimigo que têm em comum é o Estado, representado pelo governo.

Virus disse...

Ora vamos a precisar umas coisitas:

- A ideia das férias é passar para 23 dias, independentemente da questão da assiduidade;-> Tou de acordo, porque assiduidade não é sinónimo de produtividade e para o patrão interessa mais a segunda que a primeira.

- mesmo que haja o aumento do escalão do IRS no rendimento mensal, a manterem-se os escalões a correcção acontece aquando a declaração anual, pelo que o que fôr levado a mais pelo Estado teoricamente será devolvido mais tarde (não contem lá muito com isso, logo inventam umas coimas e umas infracções fiscais para vos reter o reembolso);

- O horário semanal no privado é já de 40 horas caro Anthrax, pelo que aí não há alterações, só na duração diária de trabalho. Aí estamos de acordo.

- O despedimento devia ser totalmente liberalizado, isto tanto beneficia o empregado que não tem que gramar um patrão sacana como o patrão que não tem que gramar um empregado sorna; Por outro lado se o patrão não quiser perder os bons então tem de tratá-los bem;

- Há também a possibilidade de se acabarem com os acréscimos de pagamento por trabalho aos domingos e feriados (mantém-se o dia extra de descanso) -> Completamente de acordo.

Agora deveria toda a gente ter em atenção ainda o seguinte é que qualquer empresário com empresas contribui para a riqueza própria, e por conseguinte do país e daqueles que para ele trabalham!

Não se esqueçam duma coisa se não houvessem empresários neste país (não confundir com os chamados patrões) a maioria das pessoas deste país ou trabalhava para o Estado (perspectiva aterradora, mas se calhar que muitos gostariam) ou não tinham emprego e viviam de pastar cabras ou do seu quintalzinho onde plantavam os seus tomates e batatas... e depois eu queria ver como é que faziam para ter dinheiro para ir aos jogos de futebol, e para pagar a Sport TV, e para comprar o seu carrito e para comprar o seu televisorzito LCD a prestações, etc. e tal...

Ou então (como muitos já fazem) viviam de sugar o Estado de subsidios que não tem nada que pagar!

Aliás o grande problema deste país (além dos políticos que temos) é que os empregados em vez de se unirem aos patrões e darem um chuto no Estado e no Sector Financeiro andam ás cabeçadas uns com os outros... e enquanto continuarem nesse caminho o Estado faz o que quer (vide a possível alteração à Lei do Trabalho) porque sabe que quando quiser decidir sozinho só tem que meter empregados e patrões ao barulho.

Enquanto o patrão vir um empregado como um tipo que só está ali para "mamar" o dele sem fazer nenhum, e o empregado vir o patrão como um explorador e um ladrão que se aproveita dele este país nunca se há-de endireitar... o "inimigo" meus caros é comum o ESTADO!

O Estado tem de garantir 4 funções essenciais, tudo o resto é deitar dinheiro à rua e deveria ser feito por privados, a saber:
- Segurança (interna e externa)
- Educação
- Saúde
- Regulador dos Mercados/Economia

Toda e qualquer outra intervenção do Estado é absurda, desnecessária e consumidora de recursos de quem trabalha para viver.