terça-feira, maio 19, 2009

INTRODUÇÃO À FILOSOFIA POLÍTICA (I)



Professor Steven Smith: Today we start with Plato, Plato's Apology of Socrates. This is the best introductory text to the study of Political Philosophy. Why? Let me give you two reasons. First, it shows Socrates, the reputed founder of our discipline, the founder of Political Science, and I will say a little bit more about that later on today, explaining himself and justifying himself, justifying his way of life before a jury of his peers. It shows Socrates speaking in a public forum, defending the utility of philosophy for political life. And, secondly, the Apology demonstrates also the vulnerability of political philosophy in its relation to the city, in its relation to political power. The Apology puts on trial not merely a particular individual, Socrates, but puts on trial the very idea of philosophy.” E assim começa a segunda aula de filosofia política na Universidade de Yale.
Hoje resolvi vir de comboio para o trabalho e ao contrário do resto das pessoas que anda na rua, com uns headphones na cabeça, a ouvir música, eu vinha, também de headphones na cabeça, a ouvir a segunda aula de filosofia política que tinha descarregado para o meu telefone.

Como já tinha referido anteriormente o tema da filosofia política não é novo para mim. Venho da área de Relações Internacionais, não só estou familiarizada com estes tópicos como também nutro uma curiosidade pessoal sobre os mesmos. Já passei pela Universidade Lusíada e pela Universidade Católica e por isso mesmo sinto-me, perfeitamente, à vontade para dizer que nunca tinha ouvido uma aula assim. Interessante, coloquial e acessível a todo o tipo de audiências. São muito raras as aulas, em Portugal, que são assim transmitidas. Na sua maioria são dadas por um mono (cuja competência técnica para o efeito é inquestionável, excepto se o for feito pelos seus pares), que se limita a estar em frente uma plateia de caneta em riste a vomitar matéria para quem a quiser apanhar.
A “Apologia de Sócrates” foi o primeiro livro de Filosofia que li, no 10º ano para a disciplina com o mesmo nome. Na altura, li, reli e li-o em voz alta a terceiros, por achar que era uma obra fruto de uma inteligência inestimável. Tinha determinadas passagens sublinhadas a lápis, que correspondiam aos argumentos de defesa de Sócrates e que eu considerava brilhantes, mas que nunca ninguém estava interessado em ouvir excepto a minha avó, que na época se encontrava doente e como tal não podia fugir.

Hoje foi a primeira vez em muitos anos que ouvi alguém a falar sobre a “Apologia de Sócrates” atribuindo-lhe o valor que penso que realmente tem. Bastante mais tarde, e depois de ler outros autores, é claro que tive de reconhecer que, definitivamente, discordo das ideias de Platão, mas isso não quer dizer que não admire a sua filosofia, ou as suas obras tais como elas são e devidamente enquadradas na sua época.
Não é de todo possível compreender os filósofos clássicos olhando apenas para as ideias que defendem. Há que olhar para o contexto sociopolítico da sua época e olhar para o percurso do homem antes do filósofo. Mas não é fazer aquilo que comummente se faz nas aulas, que é elencar as ideias principais sobre o contexto e o homem tipo currículo e siga a marinha. Não há nada menos interessante do que isso e se não tem interesse, ninguém vai querer saber.

Gostei de ouvir uma aula de Filosofia Política que, de facto, acho que foi muito bem dada. Hoje, quando chegar a casa, vou descarregar a terceira.

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