segunda-feira, maio 18, 2009

EDUCAÇÃO ONLINE



Hoje não vos ia falar sobre isto mas sim, sobre algo mais mundano que é a perspectiva de um estrangeiro sobre Portugal. Mas isso fica para outro dia, agora vou falar-vos sobre educação online.
Há alguns anos que me dedico a pesquisar sobre Universidades que ministrem cursos online. Cursos online no sentido de licenciaturas, pós-graduações, mestrados ou doutoramentos e pesquisar não à laia de investigação académica. Isto é, pesquisar na perspectiva de potencial utilizador desses serviços. Até agora – e note-se que já ando à procura destas coisas há algum tempo – a única Universidade portuguesa que encontrei, verdadeiramente, vocacionada e estruturada para o ensino online foi, sem qualquer margem de dúvida, a Universidade Aberta. De resto, todas as outras têm uma coisinha aqui, outra coisinha ali, muito na onda da partilha de documentos e fóruns de discussão, mas nunca nada tão estruturado como no caso da Universidade em questão e muito menos encaminhadas no sentido de conferir graus académicos (no caso da Universidade Aberta, os seus cursos de licenciatura online conferem grau académico por exemplo).
De hoje em dia é simples ter as condições técnicas que permitam ministrar cursos online. Qualquer um (pessoa individual ou colectiva) que pretenda ensinar qualquer coisa através de uma plataforma de elearning pode fazê-lo sem qualquer tipo de custos adicionais bastando-lhe recorrer, para o efeito, a instrumentos de opensource como é o caso, por exemplo, da plataforma Moodle (Nota: existem outras plataformas e.g. Atutor, Dokeos, Ilias, OpenUSS, etc).
A minha escolha recaiu sobre o Moodle, não porque as outras não tenham o seu mérito, mas porque esta é a plataforma que está mais disseminada entre nós e é utilizada pela maioria das escolas portuguesas. Não tenho grande informação sobre o sucesso da utilização da mesma ao nível escolar, mas pelos poucos websites que abri (e que realmente funcionavam), deduzo que o grau de utilização não deve ser grande coisa uma vez que nem sequer a informação que constava desses websites se encontrava estruturada e sistematizada de acordo com os ciclos escolares. Nestes casos em concreto deparei-me com um tipo de informação que estava organizada de forma intermitente, por turmas e orientada para dentro da instituição como se tratasse de um trabalho que é fruto da carolice de alguém e não uma parte da estratégia de gestão da instituição escolar.
Por contrapeso, a informação constante do website da Universidade Aberta (que também assenta numa plataforma Moodle) está, claramente, organizada de uma forma consistente, por cursos, de acordo com a sua tipologia e orientada para fora. Quem ali chega, sabe que cursos a instituição pretende ensinar, que tipo de cursos é que podem escolher, como o pretendem fazer, quando começam, quanto custa, quais são os requisitos, qual é o currículo, etc.
Claro que estou a comparar diferentes níveis de ensino e que não é, propriamente, fácil ou sequer legítimo comparar uma coisa e outra uma vez que a própria tipologia institucional é diferente. Mas ainda assim a organização da informação e a forma como toda a sequência de conteúdos está estruturada denota uma grande diferença, não só, quanto à promoção da utilização destas plataformas, mas também, quanto á forma que as instituições operam e funcionam.
Um dos aspectos com que é muito comum esbarrarmo-nos quando entramos no âmbito do ensino online é com a questão da acreditação. Bom, em primeiro lugar há que notar que a questão da acreditação não é exclusiva do ensino online e em segundo lugar a aprendizagem formal não é o único tipo de aprendizagem que existe. A acreditação é, sem dúvida, um instrumento de reconhecimento de competências importante mas não deve constituir um impedimento ao saber. Bem sei que, assim de repente, isto parece uma ideia um tanto ou quanto romântica mas na realidade o essencial na aprendizagem é, antes de tudo, o querer aprender e de seguida é saber o que é que se vai fazer com o que se pretende aprender e se é, ou não, necessário a acreditação.
Neste fim-de-semana estive entretida à procura de cursos online que fossem gratuitos (de preferência sem serem daqueles sobre Excel e Word porque já não há paciência para essas cenas e há que evoluir um pedacinho), assim no Sábado descobri uns absolutamente fantásticos, a funcionar em modelo de open courseware (que não confere nenhum tipo de habilitação académica) e são disponibilizados pela Universidade de Yale.

Estive a ouvir a aula de introdução à Filosofia política leccionada pelo Professor Steven Smith e devo dizer-vos que achei brilhante (já tenho o MP3 da segunda aula no meu Iphone, mas as mesmas também existem em formato de vídeo igualmente disponível para download). É verdade que este não é um tema novo para mim e que escolhi o tópico exactamente por isso, mas não podemos ignorar que é sempre bom refrescar conhecimentos ou ir buscar outros que, no fundo, complementem aquilo que já sabemos.
No entanto, a Universidade de Yale não é a única a disponibilizar este tipo de cursos em modelo de open courseware. Também o MIT, a Universidade de Stanford ou a Universidade de Berkeley, disponibilizam o mesmo género de conteúdos para um tipo aprendizagem de carácter mais informal (nota: tenho algumas dúvidas sobre o que se aplica aqui, se será a designação de aprendizagem informal ou não-formal, mas como isto depende muito da motivação do individuo para a auto-aprendizagem e não é atribuída nenhuma certificação, vou considerá-la como informal).
Finalmente, e até porque isto já vai mais longo do que era suposto embora ainda houvesse muita coisa para dizer, uma das grandes desvantagens destes cursos em modelo de open courseware é o facto de nem toda a gente dominar a língua inglesa o suficiente para os compreender e o facto da maioria das Universidades Portuguesas não promover o mesmo tipo de iniciativas.
Nota: Aqui não digo que a questão da acreditação (ou falta dela é uma desvantagem) porque esse é um tema que dava para escrever mais não-sei-quantos artigos.

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