Segunda-feira: Vi o tempo de antena na televisão. Chorei de tanto rir e confirmei que estamos todos mesmo tramados.
O partido Humanista, não se sabe muito bem o que é que é mas ao menos dizem que não são políticos (o que aliás se nota muito bem, não havendo necessidade de tal afirmação). Ideias, ideias... enfim, continuem a mandar postais.
O partido nacional renovador, eu sei o que é que é (são os amigos de Olivença em formato undercover), mas duvido que mais alguém saiba. São uns épicos, adeptos do Portugal tradicional do século XVIII conservado a bolas de naftalina. É até uma perspectiva romântica não fora o facto de estarem um pouco desactualizados. Se para começar, se inscrevessem numa pós-graduação de Ciência Política até poderiam conseguir alguma expressividade no futuro.
O Partido na Nova Democracia; Ai o tio Manuel Monteiro!.... Perdeu-se o homem. Defendem umas ideias curiosas, das quais eu jamais esquecerei a moça que perguntava aos eleitores: “Numa altura em que se discute o aborto, quem é que defende os direitos das mulheres que querem dedicar a sua vida a ter filhos?”. E eu dei comigo a pensar... Esta «gaija» deve estar a brincar certamente! A vir para a classe média com esta conversa, deve achar que o pessoal ganha ‘muita’ bem para andar p’rá aí a largar rebentos a torto e a direito. Para além disso, no entretanto as mulheres emanciparam-se e as suas prioridades mudaram, ainda que continue a haver pressão social por parte do núcleo familiar para que a mulher assuma o seu papel tradicional. E é por causa destas e outras que, continua a existir discriminação entre homens e mulheres no mercado de trabalho. Uma coisa é incentivar a constituição de famílias, outra coisa é aparecer uma tipa na televisão a manifestar uma ideia absurda daquelas.
A CDU; o 25 do A já foi há tanto tempo e eles continuam a funcionar na mesma frequência. Há coisas que nunca mudam... isto é, assim mudar mudar, não mudam, mas quando se assiste a um Partido Comunista a apelar aos católicos não deixa de ser interessante (lá se vai a ideia de que a religião é o opium do povo), o tio Marx deve andar ás voltas na tumba... Se bem que ele já deve andar com azia desde a revolução bolchevique, coitado...
O BE; Têm uns spots fabulosos. Mas depois abrem a boca e estragam tudo. Paciência, ninguém é perfeito.
O PS; Têm uns bons assessores de imagem e de marketing político, mas o barco tem uns valentes rombos no casco. São um bocado como o Titanic, são todos muito giros e muito frescos, mas quando começam a meter água já só acabam quando afundarem completamente. Dizem que não mandam mais homens para o Iraque, pois não... O nosso compromisso nessa área já terminou, porque é que haveriam de mandar mais homens? Para além disso, estes senhores são uns mestres na arte da fuga (sim, apesar de não haver alternativa na escolha, o pessoal não tem a memória curta), e devem ter dado formação profissional a alguns elementos do PSD. Um programa de intercâmbios, talvez.
O PSD; é um partido que foi tomado de assalto por um bandinho de gente mal-amada e frustrada. Eles bem querem passar a ideia de que são competentes, mas competentes são aqueles que desempenham o seu trabalho com um profissionalismo irrepreensível. Têm um sentido e uma postura de Estado e as suas fotografias não aparecem escarrapachadas na primeira página dos cadernos do ‘New York Times’ da semana passada, com o título de “Como chegaram a isto”. Competentes, são aqueles que aceitam os erros cometidos e cuidam para que não voltem a comete-los. Não se vitimam constantemente, nem choram sobre o leite derramado porque isso não resolve porcaria nenhuma. Por isso, quando optam por uma música de campanha que apela ao sentimento do coitadinho e da auto-comiseração na onda do «eu também sou muito frágil, pobre de mim», eu só digo uma coisa: “Ide pastar!”. Se não aguentam o tranco, não se metam nele, ou como diriam os nossos amigos ‘amaricanos’; «If you can’t stand the heat, stay out of the kitchen».
Mais, os portugueses olham para o Estado como este se tratasse de uma figura paternal. Um pai é, por norma, a figura masculina que representa a autoridade e o respeito, e um pai que não se dá ao respeito, nunca ou muito dificilmente ganha o respeito dos seus filhos (para além de que a história da autoridade é a primeira a ir com os porcos). Um pai que não protege os seus filhos, também não serve para nada, porque se os seus filhos têm de se dotar de mecanismos de defesa próprios então, não há necessidade de haver um pai. O que acontece nestes casos, é que depois quando o pai precisa dos seus filhos o mais certo é que irá acabar, a definhar, num lar escolhido pelos seus meninos. Daí que a lei de Murphy advirta os leitores para a máxima: «Cuidado com a forma como trata os seus filhos, pois serão eles a escolher o seu lar».
O CDS/PP; têm uma estratégia eleitoral bastante inteligente. Têm uma boa postura de Estado e têm a grande vantagem de não terem sido os responsáveis pela queda do governo. Na primeira fase tiveram azar com a ministra da Justiça (aqui meteram água), e na segunda fase tiveram azar com o ministro das finanças (lamento mas não consigo engolir a doutrina social da igreja mas nem á lei da bala), apesar de continuar a achar que o senhor tentou controlar as coisas da melhor forma possível. No que respeita à política de defesa, em termos gerais não tenho nada a apontar. Na minha óptica tio Portas fez um bom trabalho, houve alguns deslizes – tudo bem – mas não foram assim tão graves.
É claro que há (e haverão), sempre aquelas criaturas que acham que o dinheiro que se gasta em Defesa é sempre mal gasto porque o país tem outras prioridades. A estas a única coisa que lhes posso dizer é: “Leiam Aristóteles”, não há nada melhor do que começar pelos clássicos e depois de reflectirem um pouco sobre a temática, poderão sempre passar para obras mais avançadas e um pouco mais complexas. Existem duas áreas sobre as quais as pessoas comuns se devem abster de falar quando não sabem; a primeira é a Defesa, a segunda são as Relações Externas. Em ambas se defende algo que está muito acima das paixões que movem o comum mortal na sua vida do dia a dia.
Para concluir, há no entanto uma coisa comum a todos eles. Ninguém discute os verdadeiros problemas do país. E eu continuo sem saber em quem votar... Lindo.
2 comentários:
Anthrax, Anthrax, depois de tão bem ter radiografado o circo, não sabe ainda em que palhaçada deve apostar (que quer, esta da aposta ficou-me)? Olhe, já que de aposta se trata, que tal uma roleta russa?
Amigo Crack, amigo crack... a roleta russa parece-me uma má ideia. Vai que a coisa calha em cima do PSL? Nãããã, é muito arriscado...
Veja bem, estou a ver as coisas de tal forma agrestes que hoje quando fui almoçar com o 'Virus' e com a minha excelentíssima progenitora, os rapazes saudáveis e afoitos que se sentavam na mesa ao nosso lado (e que eram de certeza umas laranjitas de fraca auto-estima), pensaram que nós eramos Rosas! Rosas, vejam bem! Aquelas que a Rainha Isabel - posteriormente promovida a Santa - levava no seu regaço.
Pois que me ri... aliás rimo-nos, porque de facto aquelas laranjitas mirraditas jamais poderiam saber que nós eramos Laranjas encartadas e certificadas pelo Instituto de Qualidade. E diga-se que é exactamente por isso que, não nos misturamos com outras espécies de qualidade inferior.
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